Tenho passado uns dias das férias em casa e, como já é de costume, há sempre coisas a se resolver: uma pintura, uma organização, uma limpeza. Não adianta, é coisa minha, que se intensifica mais por conta do tempo disponível de poder me dedicar à casa.
Pintei as portas - a gerência de pinturas é minha, sempre - tenho aguardado o tempo ficar um pouco mais simpático, sem tanto sol nem tanto vento para poder pintar as grades das varandas, coisa que está pendente desde que nos mudamos.
Nesta semana, comecei a colocar o Davi no ritmo de acordar menos tarde e levá-lo à escola, já que na última semana ficamos à disposição de passeios e visitas a amigos. Então, tenho feito uma rotina bem comum às donas de casa que não trabalham fora: pela manhã, levo o guri para a escola, volto para a casa e para os afazeres domésticos. No fim do dia, busco o moleque, dou-lhe banho e lanche e passo um tempinho com ele até a hora do sono.
Tenho gostado dessa vidinha, principalmente pelo fato de saber que se as finanças apertarem, ao retornar ao trabalho iremos - eu e marido, claro - resolver as contas, como fazemos todos os meses. Não sei, nunca vivi esse tipo de rotina na minha vida, só nesses momentos de férias, mas imagino que dia a dia da mulher dona de casa não seja esse arco-íris todo. O trabalho doméstico, como se sabe, só aparece quando é deixado de ser feito, e nunca acaba. Tenho muito respeito àquelas mulheres que administram suas casas e famílias, muitas vezes com o orçamento apertado, com filhos problemáticos, com maridos-dor-de-cabeça.
Tenho invejinha, sim, daquelas outras que podem, - p-o-d-e-m abrir mão de sua profissão e se dedicar exclusivamente ao lar. Digo p-o-d-e-m porque na minha cabeça não funciona muito bem deixar de trabalhar por puro capricho e viver contando os centavos e dependendo do companheiro para comprar pão. Mas isso é na minha cabeça. Conheço mulheres que têm encontrado dificuldades em se recolocar no mercado de trabalho, porém, ajudam em casa fazendo artesanato, costura, comida, enfim, colaboram de alguma forma não somente para folgar as contas mas também para preencherem o tempo.
Em outras épocas, como se sabe, a mulher era criada para ser a rainha do lar e, para isso, se dedicava a aprender todas as tarefas domésticas, além dos dotes artesanais passados pelas mães, tias e avós, como crochê, tricô, patchwork. Era quase uma sina, um destino sem muita escolha ou escapatória. Cuidar dos filhos, da casa, do cachorro, do marido e também manter-se impecável era a tarefa de muitas mocinhas de outrora. Nem todas gostavam, mas aceitavam com resignação esse papel, que muitas vezes era pura crueldade.
Os tempos mudaram, a mulher queimou o soutiã e abraçou o mundo e, com isso, mais uma vez, teve que administrar o tempo, dividido entre o trabalho, a casa, a família e a vida. Deixou para trás muitos dos antigos dotes domésticos, compra comida pronta, tem vários utensílios que lhes facilitam a vida, é mais independente, mais confiante e ligada nas tecnologias, porém, eu creio que, num cantinho do coração de muitas delas, ainda bate o anseio de ser, mesmo que seja durante as férias, um pouco rainhas do lar.
Tenho feito algumas costurices e assim que estiverem prontas, irei postá-las. Ah, como é bom fazer artesanato.....