31 janeiro 2012

Da Culpa


No dia em que estava fazendo minhas "artes", a avó do Davi me vira e diz o seguinte: "você vive reclamando que não passa muito tempo com ele, e agora está gastando um tempão com "isso aí". "Isso aí" era a caixinha de xícaras que eu estava fazendo naquele momento, para enfeitar um pouco a minha cozinha e desanuviar minha mente das tensões do dia a dia.

O que acontece imediatamente após você ouvir tal coisa? Culpa. Porque, se você reclama que vive na correria porque trabalha o dia inteiro e passa menos de 3 horas diárias com seu filho, gastar tempo com qualquer outra coisa que não seja com ele quando surge qualquer folguinha é praticamente uma heresia. 

E a partir do sentimento de culpa, saímos a cometer os erros que muitas vezes transformam nossas doces crianças em monstrinhos insaciáveis e profissionais na arte da chantagem emocional, que geralmente descamba em alguma concessão, seja  comercial ou de autoridade.  O raciocínio geralmente é assim: já que não consigo ficar muito tempo com minhas crianças, então, tudo bem, elas têm o direito de fazer o que querem e eu, o dever de atendê-las em todas as suas necessidades. Mesmo que essas necessidades não passem de simples caprichos.

Eu não sou muito diferente de tantas mães que padecem com a culpa.  Apesar de não sofrer com o fato de trabalhar fora, me acho na obrigação de dar total atenção ao meu filho quando me sobra um pouquinho de tempo. Em certos momentos, eu realmente me sinto culpada por gastar muito tempo nos afazeres domésticos - a cozinha é meu maior algoz - quando eu DEVERIA estar dispensando esse tempo com Davi. Ainda não cheguei ao ponto de ser massacrada com o mantra "compra" "compra" recitado dentro dos shoppings, mas eu sei que esse dia vai chegar e tenho me preparado para resistir bravamente.

Se a gente sabe que o mais importante não é a quantidade, mas a qualidade do tempo que passamos com as nossas crianças, o desafio é transformar esse tempo curto em algo satisfatório, sem se esquecer de si mesma.  Como gastar um tempinho só com você, com aquilo que é interessante só para você, de forma a não parecer egoísmo ou falta de atenção para com sua casa, sua família, seus filhos? E sem culpa ou, pelo menos, com um nível bem baixo de culpa?  Os homens fazem isso com tanta facilidade...

Ainda não alcancei o nível evolutivo de sair de férias ou viajar sem a ilustre e tumultuada presença de Davi. Mas de vez em quando eu sinto falta de fazer alguma coisa só para mim, eu-comigo-mesma, e não é apenas ir correndo ao salão de beleza ou à sapataria.  É algo que eu goste e que distraia a minha cabeça.  Daí as aulas de artesanato e o momento de fazer "artes" (ou "craftices", como aprendi outro dia) em casa.

Meu ritmo diário não dá margens para eu ter muito tempo para mim. Como mãe e dona de casa e que trabalha fora, tenho que cuidar do cabelo, da unha, da casa, do filho, do marido. Claro que não posso querer que a minha rotina seja semelhante a que eu tinha quando era solteira e sem filhos.  Não tenho empregada, nem babá, muito menos motorista particular para me levar para todos os lugares. Tenho afazeres e responsabilidades de quem tem uma família para cuidar e não me arrependo dessa minha escolha. Mas não posso me esquecer totalmente de mim.

A culpa continua marcando presença, mas acredito que não posso abrir mão desses meus interesses, porque eu sei que, ao final, isso vai me fazer bem, até porque não é tanta coisa assim que demande um tempo enorme do meu dia (ok, algumas vezes as coisas demoram mais do que deveriam, mas se for fazer as contas, no final o tempo ainda é pouco.)

E é por isso que eu quero incentivar você, que insiste em ler essa bagaça aqui: dispense um tempinho para você mesma. Talvez seja muito difícil no momento, ou até que você não saiba exatamente o que quer fazer, mas faça alguma coisa que só você pode fazer por e para você.

Mesmo que a culpa insista em te acompanhar, não abra mão de você mesma. Entre a culpa e o arrependimento de não ter feito, fique com a primeira, porque ela um dia vai passar, já o arrependimento.....


30 janeiro 2012

Sob Pressão - Livro


"Se você já pensou em fazer seu filho recém-nascido ouvir Mozart para que ele começasse melhor a vida, comprar a última novidade tecnológica para uma criança de dez anos organizar todos os seus afazeres e cursos ou que seu filho adolescente deveria ser monitorado por um GPS, então você deve ler este livro."

Na minha opinião, esse livro é um achado, muito atual e leitura necessária para quem tem a responsabilidade de criar futuros adultos emocionalmente equilibrados.

O livro trata da pressão competitiva - e obsessiva - que os pais desta geração sofrem e acabam exercendo sobre seus filho em relação aos apelos comerciais e sociais, no intuito de "produzirem" crianças perfeitas, tudo dentro da cultura do merecimento e do sucesso a qualquer preço.

Sinopse:
As crianças de hoje não podem vacilar: estão sob constante pressão dos pais, da escola e de si mesmas. A preocupação excessiva com o desempenho infantil em um mundo cada vez mais competitivo faz com que nossos filhos tenham uma agenda que deixaria um executivo bem-sucedido cansado. Carl Honoré analisa essa conduta e reflete sobre as consequências negativas ao adotarmos um comportamento obsessivo com relação à educação infantil.

Carl Honoré publicou o livro Devagar em 2004. Ex-viciado em velocidade e rapidez, o autor escreve e dedica-se a divulgar a filosofia do Slow movement.


Cheguei a esse livro a partir do documentário chamado "Pais Neuróticos, Filhos Mimados", que passou no canal GNT.

Se quiser assistir uma breve amostra do documentário, vá aqui.

Se quiser saber um pouco mais sobre o livro e o autor, vá aqui.


Ficha Técnica:

Editora: Record
Autor: CARL HONORE
ISBN: 9788501082510
Origem: Nacional
Ano: 2009
Edição: 1
Número de páginas: 368
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

26 janeiro 2012

Aquele Famoso Filminho

Em quase todas, ou em todas as tragédias os relatos mais surpreendentes são dados pelos seus sobreviventes.  Pessoas que depois de várias horas, dias ou mesmo semanas, conseguiram sobreviver por conta de uma fresta no meio dos escombros, ou por um fio de água que jorrava de algum lugar no meio da escuridão, ou porque conseguiram se comunicar pelo celular.  Enfim, as histórias são provas de que cada um tem "sua hora", como se diz por aí.

E quando acontece alguma coisa que toma uma proporção trágica há também o relato daqueles que "quase" foram vítimas do acontecimento. Aquela pessoa que não entrou ou saiu do prédio, a outra que perdeu o vôo, uma que passou alguns minutos antes da explosão ou do tiroteio, e quem esteve no local até bem antes do acontecido e imagina se estaria viva ou morta caso a tal tragédia acontecesse naquele exato momento.  Ou seja, passa sempre aquele "filminho" na cabeça de cada um. E comigo não foi muito diferente.  

Essa foto aí de cima mostra em cores vivas os prédios que desabaram ontem à noite aqui no Rio de Janeiro.  Ainda não se sabe o motivo, mas o que se tem é que 3 prédios vieram abaixo, juntamente, até agora, com 20 pessoas.  Apesar de a tragédia ter acontecido bem após o horário de expediente, que geralmente se encerra às 17 ou 18 horas, havia muita gente nos prédios, por motivos dos mais variados, além das outras que transitavam na calçada e nos arredores. Mesmo assim, ainda que fosse só uma vida perdida, ainda é muita coisa.

Estive em uma loja que ficava no prédio azul da foto, em torno das 13 horas da tarde, horário do almoço que, claro, enche as ruas de pessoas à procura de seus interesses e de algum lugar para comer, como o restaurante que fica no prédio grande da esquina, de onde se vê o toldo verde.  Já almocei algumas vezes ali também, pois trabalho a uns 2 quarteirões de distância. Apesar de não ter demorado muito, também não estava com muita pressa e gastei em torno de uns 10 minutos dentro da loja, olhando seus produtos - era uma loja de produtos naturais.  Além dela, havia também uma sapataria e uma agência bancária.  Tudo, claro, virou pó.

Quando as primeiras notícias começaram a pipocar na TV, a primeira coisa que me veio à mente foi o tal filminho porque, como eu estive naquele local, imaginei que os prédios poderiam ter caído naquele momento, afinal, daquela  hora até à tragédia, nada aconteceu de diferente, como um escapamento ou explosão causada por gás, por exemplo. O que aconteceu tinha que acontecer depois das 20 horas, não em torno das 13, mas bem que poderia.

Além de me entristecer bastante com as vidas perdidas, perdas que se refletiram em várias famílias, a única pessoa que veio à minha mente foi Davi, claro, porque me imaginei também como vítima fatal e meu filho sem mãe. De alguma forma, essa tragédia também me atingiu.  Agradeci a Deus pelo livramento, por não ter chegado ainda a "minha hora", mas nem por isso estou mais aliviada.  Pode ser dramalhão da minha parte, mas as mães são dramalhonas.  E não deveriam, NUNCA, morrer antes dos filhos enquanto eles ainda não soubessem se virar sozinhos. E, claro, os filhos deveriam ser proibidos de morrer antes de seus pais, contrariando a ordem natural das coisas.

Por outro lado, a vida expõe a gente a tudo isso, porque as tragédias e fatalidades estão aí, mostrando sua cara e chegando na vida das pessoas, na "hora delas", às vezes injustamente. Há coisas evitáveis e inevitáveis, e lidar com essas últimas sem ficar neurótica ou psicótica é um desafio muito grande, porque na minha experiência como mãe, eu acho que tenho que ter controle sobre quase tudo, de forma a garantir uma vida longa e plena para Davi, longe de tragédias e fatalidades. É um desejo muito bonito, mas que incute também um certo egoísmo, porque no fundo o que eu não quero é perder meu filho, nem deixá-lo, ainda pequeno, sem mãe.

Mas não é assim. Nem sempre é assim, e quando uma tragédia respinga um pouquinho que seja em nós, a gente vê como a vida é frágil, sutil, efêmera.  O ser humano não foi criado para morrer e sim para viver, muito, sempre (mas aí já é outra história, claro).  E quando a gente vira mãe, quando a gente acha que a nossa vida fica menor quando o filho chega, nessas horas é que a gente sente o quanto quer e precisa dela, bem longa, para que no fim vejamos nossos filhos crescidos, se virando sozinhos para que um dia possamos nos despedir deles - da vida e dos filhos -, de forma plena e realizada, com aquela velha e gostosa sensação de dever cumprido.

Mas até lá, talvez alguns filminhos ainda passarão nas nossas cabeças...


24 janeiro 2012

Casa Arrumada




Encontrei essa pérola de Drummond, que me remeteu ao post anterior, e quero compartilhá-la aqui.




Casa arrumada é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.

Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.

Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...

Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...

Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.

Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.

Sofá sem mancha?

Tapete sem fio puxado?

Mesa sem marca de copo?

Tá na cara que é casa sem festa.

E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.

Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.

Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...

Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...

E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.


Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias...

Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...

E reconhecer nela o seu lugar.


Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)



E casa com vida também tem que ter cheiro de açúcar saindo da cozinha e barulho de criança.  Fica tudo tão gostoso assim...

23 janeiro 2012

Bagunça, Caos e um pouco de Tinta

Eu tenho uma certa mania de arrumação e organização.  Aliás, eu até já procurei cursos sobre o assunto, mas aqui nessa terra maravilhosa, cheia de praia, carnaval e mulher pelada, esse tipo de curso não existe.

Não chego a ser uma neurótica com bagunça-arrumação, a ponto de catalogar os itens dos cômodos da casa. Não vejo necessidade de colocar a palavra "feijão" num pote de mantimento com.... feijão! Também não sou daquele tipo de pessoa que separa as roupas do armário por cores e tamanhos.  Na verdade, eu organizo de forma "democrática", sem rigor militar e, com o tempo, quando a bagunça começa a tomar forma,  me dá um surto de arrumação e lá vou eu de novo, colocando as coisas no seu lugar e me desfazendo daquilo que não é mais útil.

Até que um dia a gente coloca um filho no mundo.  E vem aquela coisinha gostosa de pegar e apertar e beijar e enche a nossa vida e a nossa casa de alegria, de gritinho e de choros.  E essa coisinha fofa e gostosa vai crescendo, e na medida que isso acontece, a decoração da casa vai mudando também.  No começo, afastamos as coisas que podem causar algum ferimento, tapamos as tomadas e colocamos os badulaques para o alto dos móveis - como eu comentei aqui.  E um dia nos damos conta de que aquela casinha arrumadinha virou de cabeça para baixo, porque para quem tem mania de arrumação, olhar para a estante e só encontrar brinquedos é ter a casa de cabeça para baixo.  Sentar no sofá, todo estrupiado e sempre com um brinquedo no meio das almofadas é o caos, sim.

E assim, aquela nossa vidinha arrumadinha dá lugar a um levanta-e-agacha, pega uma coisa aqui, colhe outra ali, isso na casa toda. Brinquedos, sandália, roupas, fraldas - sim, quando aquela criança fofinha aprende a tirar toda a roupa do corpo e resolve andar pelada em casa, ela vai jogando tudo em qualquer lugar.  Uma mamadeira embaixo da cama, um copo de suco virado no tapete, farelos espalhados pelo chão e no sofá.

Eu sei que essa fase vai passar, mas, ó, cansa, e quem está passando ou já passou sabe muito bem do que eu estou falando. O projeto de trocar de sofá terá que esperar, porque não adianta nada ter sofá novo, mesmo com uma capa, se a tal criança fofinha sobe e derrama leite ou suco ou comida. Passar uma tinta nova na parede também não vai surtir muito efeito, e os brinquedos na estante, mesmo que exista uma caixa só para eles, ainda serão encontrados por lá.  E por todos os lugares também.

Não, minha casa não virou um chiqueiro, até porque eu insisto na minha mania de arrumação - daí o cansaço. Mas quem está passando por esse momento, eu digo: tenha paciência, isso vai passar. Só não me pergunte quando, porque eu ainda estou no meio do vendaval. Quer mudar o carpete ou o tapete ou o sofá? Esqueça. Não vale a pena.  O vidro que estava limpinho e brilhante está com marcas de mãozinhas? Deixe prá lá.  O que não pode - eu acho, né - é deixar de limpar.  No mais, relaxe.

Cada um tem uma forma de desestressar: ler um livro, caminhar, ver um filme, cozinhar ou mesmo arrumar.  E por incrível que pareça, outro dia me deu um outro surto: o de artesanato.  Não que eu seja artesã, muito longe disso, mas consigo me distrair fazendo algumas coisinhas para enfeitar um pouco a minha casinha que o tal do Davi vive bagunçando. Claro que, no meu caso, o que poderia levar 1 dia é feito em várias prestações, porque assim que eu chego em casa o guri não desgruda, e geralmente tenho um pouquinho de folga nos fins de semana, porque o pai está por perto também.

E abrindo mais um espaço fashion nesse blog - sem fugir do objetivo principal do mesmo - vou estrear minhas  "artes", que são coisinhas que se pode fazer para enfeitar a casa.  Como eu já disse, não sou artesã, não sei desenhar, nem costurar com máquina.  Mas quem sabe você também acaba descobrindo que sabe fazer alguma coisa "cute", como se diz por aí: uma bijouteria, uma pintura, um crochê.  Alguma coisa para tirar um pouco a sua atenção da casa virada de cabeça para baixo - se você for como eu, claro, que insiste em arrumação.

Porque essa fase vai passar, mas colocar a casa no lugar vai demorar um pouco, tá?

Olha como ficou minha caixinha de xícaras para a cozinha?  Não tá "cute"? (Eu tô ficando tão internética...)


Ah, sim, a próxima cirurgia do Davi está marcada para mês que vem, talvez dia 14. Até lá, vou tentar fazer outras coisinhas "cute", porque senão eu piro na batatinha!


18 janeiro 2012

Criando Meninos - Livro


Apesar de algumas situações  serem tipicamente culturais - como a participação da comunidade na criação dos meninos, gostei muito desse livro.  Um dos enfoques principais é a relação pai-filho, que mostra a importância da figura masculina e paterna na formação do caráter do menino, principalmente na pré-adolescência. É uma leitura rápida e clara, com exemplos do nosso dia a dia, sem muita complicação.

Sinopse:
Quem tem meninos, hoje, está preocupado. Toda hora eles enfrentam problemas. Os pais gostariam muito de entendê-los e de ajudá-los a serem amáveis, competentes e felizes. Criando Meninos faz um enorme sucesso em todas as línguas. O livro discute de forma clara, leve e emocionante as questões mais importantes sobre o desenvolvimento de um homem, do nascimento à fase adulta. Steve Biddulph escreve com humor, honestidade e muita experiência. Um texto apaixonante, repleto de orientações práticas, essencial na nobre tarefa de criar um menino. Para mães e pais de verdade.

Para quem tem meninas existe também o Criando Meninas, que eu ainda não li, mas tenho interesse e assim que o fizer, irei trazê-lo para cá também.


Ficha Técnica:

Editora: Fundamento
Autor: STEVE BIDDULPH
ISBN: 9788576764984
Origem: Nacional
Ano: 2008
Edição: 2
Número de páginas: 166
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

17 janeiro 2012

A Vida do Bebê - Livro

Este blog super estiloso tem orgulho de estrear esse novo espaço para comentários e/ou sugestões de leituras.  Espero que ajude e que gostem.


 



A Vida do Bebê é considerado a "bíblia" principalmente para iniciantes no mundo da maternidade. Escrito pelo pediatra Dr. Rinaldo De Lamare, o livro já vendeu mais de 6 milhões de exemplares desde sua primeira edição (1941)  e é referência em puericultura.

Sinopse:
A Vida do Bebê está dividido em duas partes: Puericultura, que trata dos cuidados com o bebê, de zero a dois anos, e Patologia, onde a mamãe encontra explicações para várias doenças contraídas por crianças, item que se constitui numa das principais novidades contidas no livro, uma vez que o autor não só aponta o diagnóstico, como também o tratamento a ser ministrado na criança. Ainda citando as inovações em A Vida do Bebê, no capítulo concernente à Vacinação foram introduzidos novos enfoques, em fase das tranformações que os setores tem sofrido nos últimos anos.

Comecei a ler esse livro um pouco depois do nascimento do Davi e confesso que esperava mais.  É claro que muita coisa mudou desde 1941 e que essas mudanças se refletiram no livro, mas achei as orientações muito básicas e bastante desatualizadas.


Apesar do estrondoso sucesso de vendas, não me arrependo de não ter comprado esse livro, mas essa foi a minha leitura, pode ser que ainda seja uma boa fonte de informações.  Portanto, não custa nada dar uma olhada para tirar sua própria conclusão mas, repito, é básico demais!

Ficha Técnica:

Editora: Ediouro
Autor: RINALDO DE LAMARE
ISBN: 9788522008643
Origem: Nacional
Ano: 2008
Edição: 41
Número de páginas: 800
Acabamento: Brochura
Formato: Médio


12 janeiro 2012

Mães que Trabalham são Mais Felizes

Segue matéria da Istoé desta semana.

Pesquisas indicam que conciliar maternidade e vida profissional traz benefícios tanto para as mulheres quanto para os seus filhos

Paula Rocha e Rachel Costa

EQUILIBRISTA
Flávia se dedica ao trabalho como turismóloga sem deixar
de lado os bons momentos com a filha Luiza, 11 anos

Desde que as mulheres ingressaram em massa no mercado de trabalho, na primeira metade do século XX, conciliar a vida profissional com as demandas da maternidade sempre foi motivo para um oceano de culpas. O receio de não dar atenção suficiente aos filhos ou de não conseguir corresponder às exigências profissionais ainda hoje atormenta muitas mães modernas. Duas recentes pesquisas, entretanto, indicam que equilibrar carreira e família pode trazer benefícios tanto para as progenitoras quanto para as crianças. Um estudo da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, apontou que mães que trabalham fora são mais felizes e saudáveis do que aquelas que ficam em casa. A conclusão foi tomada após pesquisadores acompanharem 1.364 mães durante os dez primeiros anos de vida de seus filhos. Aqui no Brasil, uma pesquisa realizada pela psicóloga Cecília Russo Troiano com 500 crianças e jovens – metade filhos de mães que trabalham e metade de mães que não trabalham – indicou que os filhos de profissionais são ligeiramente mais felizes e demonstram ter mais orgulho das mães do que dos pais.
"Trabalhar ou não trabalhar deve ser uma escolha da mulher,
sem esperar reconhecimento do marido ou dos filhos"

Cynthia Boscovich, psicóloga

Apesar dos resultados positivos, o conflito entre casa e trabalho ainda é latente para muitas mulheres. “Não tem como não viver uma certa crise”, diz a turismóloga Flávia Vianna, 29 anos. Ela cresceu morrendo de orgulho de ter uma mãe que trabalhava fora, mas, quando chegou a sua vez, vieram as dúvidas. “Você fica o tempo todo se perguntando se está sendo uma boa mãe ao deixar o filho para ir trabalhar.” Grávida aos 18, Flávia teve de equilibrar trabalho, maternidade e faculdade. Saía de casa às oito da manhã e só voltava tarde da noite. Aos poucos, porém, aprendeu que o mais importante não era a quantidade de horas que passava com a filha, mas sim a qualidade do tempo gasto. “Quando eu trabalhava perto de casa, voltava para almoçar com ela. Nos finais de semana, a gente sempre fazia programas juntas, como piqueniques.” Quando questionada se gostaria de ter mais tempo com a mãe, a filha Luiza, hoje com 11 anos, diz que sim, claro. Mas entende a escolha. “Eu gosto que minha mãe trabalhe. Sinto falta dela, mas também quero trabalhar quando crescer”, diz a menina, que quer ser médica veterinária. Para a psicóloga Cynthia Boscovich, especialista nas relações entre mães e filhos, o mais importante é saber equilibrar a dedicação ao emprego e à família. “E que a escolha entre trabalhar ou não trabalhar seja feita em primeira pessoa, sem esperar reconhecimento do marido ou dos filhos.”  


É complicado determinar felicidade a partir de pesquisas, não? Eu creio que existam, sim, mulheres que são donas de casa, muitas que escolheram abrir mão de um trabalho ou de um sucesso profissional para se dedicarem aos filhos e ao lar e que são realmente felizes.

Passei 5 meses praticamente trancafiada em casa por conta da licença maternidade, que também complementei com as férias. Houve, sim, uma hora em que fiquei meio desesperada por ter uma rotina fora de casa, porque, como muitas mulheres sabem, o serviço doméstico não termina nunca e só aparece quando não é feito.  Com um bebê recém-nascido para cuidar, o tempo passou muito rápido e ao mesmo tempo as tarefas eram repetitivas e em dado momento tudo ficou sufocante.

Mas, na boa, às vezes eu penso que se eu realmente tivesse condições de ficar em casa, eu ficaria. Talvez seja porque já trabalhei muito e agora eu gostaria de diminuir o ritmo e ficar mais tempo com Davi.  Portanto, dou o maior apoio para aquelas mulheres que se realizam também dessa forma.


09 janeiro 2012

40 Minutos

A gente sabe que a vida é regida por espaços de tempo que podem ser chamados de anos, séculos, milênios e suas tantas divisões.

Creio que não tenha sido a invenção do relógio ou do calendário o que sempre regrou a vida das pessoas porque, assim como os animais e a natureza, o ser humano tem um tempo para determinada coisa, do nascer ao morrer.  Ou seja, tudo tem o seu tempo, mesmo que a gente ache que tem o controle sobre ele.

Dizem que quem mora no campo sente o tempo de outra maneira, e realmente parece que quando a gente está longe do agito da cidade grande o dia mostra  o tamanho das suas 24  horas com mais clareza. Mas quando esperamos ansiosamente por alguma coisa, parece que o tempo se arrasta e dobra de tamanho, acabando com as nossas unhas e nos enchendo de úlceras nervosas.

A vida "muderna" é regida pelo Senhor Relógio, que deixou há  muito tempo seu posto de assessório para se tornar, muitas vezes,  um senhor feudal ou um líder autoritário, que nos tira a liberdade de escolha.  Por outro lado, às vezes perdemos tempo com o que não é tão importante e deixamos escapar das nossas mãos um momento que não vai se repetir nunca mais, tudo por conta da nossa subserviência ao tempo ou, pior, à falta dele.

Pensando nisso, foi que outro dia fiz uns cálculos e cheguei a um resultado que me chamou a atenção: meu tempo diário com Davi gira em torno de 2h30.  Na parte da manhã, tenho uma convivência de aproximadamente 40 minutos, entre acordá-lo, dar um pouco de carinho e arrastá-lo rua afora em direção à creche.  Ao chegar em casa, se tudo correr bem, ou seja, se o trânsito e a Supervia se comportarem direitinho, consigo ficar com o guri por 1h50 minutos, isso se ele ainda estiver acordado porque, se não, o tempo pode ser reduzido a 30 ou 40 minutos.  No fim de semana, claro, temos a compensação de convivermos o dia inteirinho juntos, apesar das pausas para os afazeres domésticos, que algumas vezes também ocupam uma boa parte do dia.

Eu vivo na correria. Uso 3 conduções para ir trabalho e voltar. E quando uma dessas conduções demora um pouco que seja, acontece uma espécie de efeito-bola-de-neve, porque aí eu perco a outra e a outra. E um dia desses, na ganância de pegar um ônibus para tentar adiantar o tempo, larguei  Davi no portão da creche, sem ter dado, sequer, um beijo nele. Só que essa  pressa  toda não alterou em nada o tempo que eu perdi no trânsito daquele dia, porque as outras conduções acabaram atrasando.

A gente sabe que o importante não é o tamanho mas a qualidade do tempo que passamos com nossas crianças, porque não adianta nada ficar com o filho o dia inteiro e dar atenção à vida dos outros, à TV, a nada, deixando a criança lá, largada à própria sorte.  Saber administrar o tempo nesses tempos bicudos de falta de tempo é uma arte que deve ser aprimorada cada vez mais, a fim de que todas as atividades caibam nesse tempo tão curto, até porque eu concordo que é muito importante estabelecer uma rotina na vida das crianças.

Naquele dia, depois de enfrentar ônibus, trem, metrô e ainda assim não ter nenhum adicional no tempo por conta de uma condução que chegou só alguns minutinhos mais cedo, eu me dei conta de que não posso desperdiçar esses segundos da presença de Davi. Porque um beijo, um abraço na porta da creche, ou da escola ou mesmo de casa não podem - NÃO PODEM  ficar sujeitos à tirania do tempo ou do relógio. Até porque, como a gente também sabe e como eu também comentei neste post, tudo passa tão rápido pois o tempo, em se tratando do crescimento das crianças, é implacável.

Vai chegar um tempo em que a presença de Davi será menor.  Ele terá outras ocupações e interesses, e pouco tempo para seus pais.  Assim será porque assim é e assim foi. Sempre foi assim. Não estou aqui dizendo que quero viver e respirar Davi, da mesma forma que não quero que ele viva para mim.  Mas não posso deixar que o relógio ou a condução venham abocanhar alguns segundinhos dos meus míseros 40 minutos, porque às vezes tudo sai diferente do planejado e o tempo de dar um beijo ou um abraço acaba sendo desperdiçado num trânsito infernal ou na espera de uma condução atrasada.

E depois de achar meio brega e batida, acabei adotando aquela frase que só surte efeito quando a gente perde a oportunidade, que diz:  Você já beijou seu filho hoje?



04 janeiro 2012

Poppy Burge

Pois é, eu gostaria de começar o ano com uma notícia bem legal, alguma descoberta científica fantástica do tipo, "crianças passam a maior parte do tempo brincando ao ar livre". Mas eis que me deparo com isso!


Inglesa dá lipoaspiração de presente de Natal para a filha de sete anos



A pequena Poppy Burge, de sete anos de idade, ganhou no Natal um voucher no valor de R$ 17 mil para uma lipoaspiração. Isso porque ela já tinha um no valor de R$ 14,5 mil para colocar silicone nos seios. Tudo presente da mãe, Sarah Burge, conhecida como a Barbie Humana. A inglesa de 51 anos, da cidade de St Neots, é viciada em cirurgias plásticas e já gastou mais de um milhão de reais em procedimentos cirurgicos para dar uma mãozinha à natureza.

“Ela pedia a cirurgia a toda hora. Ela quer ficar bonita e a lipo é um dos procedimentos que sempre vêm a calhar”, justifica Sarah. “Eu vejo esses vouchers como um investimento para o futuro - como guardar dinheiro para a educação dela”, completa a Barbie Humana. Sarah, que tem outras duas filhas, pretende transformar a filha em uma top model. Em 2010, ela revelou que ensinava pole dance para a menina, na época com seis anos.


Além da cirurgia nos seios, Poppy também ganhou uma festa com todos os serviços de beleza disponíveis para ela sete amigas, no último aniversário. Havia manicures, pedicures e maquiadoras. As meninas ganharam tatuagens falsas, champanhe de mentirinha e comeram um bolo que custou 250 libras. Tudo aconteceu na traseira de uma caminhão com decoração rosa.

No aniversário de sete anos, Poppy ganhou também um computador, um cristal anel e um colar de cristal Swarovski rosa e a promessa de uma temporada no spa. “Eu queria a cirurgia, um fim de semana no spa e um computador. Quando ganhei tudo isso, foi como um sonho se realizando. Todas as minhas amigas ficaram com inveja”, contou a menina, na ocasião. “Eu mal posso esperar para ser como a mamãe, com grandes seios. Eles são lindos”.







É chocante saber que ainda hoje mulheres e meninas africanas e afegãs são estupradas, mutiladas, escravizadas, vendidas ou trocadas, pois vivem numa sociedade em que seus direitos mais básicos são suprimidos pela religião ou pela tradição. É revoltante saber que, nesse momento, meninas de 7, 8, 10 anos são dadas em casamento pelos seus pais a homens de mais de 30 anos e que, a partir daí, continuarão a servir como escravas aos seus maridos. É triste ver, aqui mesmo no Brasil, pais colocando suas filhas pré-adolescentes na beira das estradas ou em bares a fim de que se prostituam e tragam alimentos para a família. Na maioria desses casos, essas meninas e mulheres morrerão muito cedo, sem qualquer perspectiva de viverem com um mínimo de dignidade humana, pois não tiveram escolha.

Poppy Burge e sua mãe nasceram e vivem num país livre, moderno, democrático, historicamente cultural. Tiveram a liberdade de escolher e optaram pela futilidade, tornando-se escravas de si mesmas. E isso também é chocante.