Eu acho que sempre quis fazer alguma coisa de artesanato, só não sabia
exatamente o quê, mas esse universo do "faça você mesmo", das coisas
rústicas e manuais sempre me atraiu. Me lembro de uma época em que fiquei
muito assanhada para fazer bijouterias porque uma colega de curso de espanhol
havia me ensinado a fazer uma pulseira trançada. Saí enlouquecida pelas
lojas de artigos de bijouteria Saara afora e comprei várias coisas que depois
não conseguia usar, pois não tinha um objetivo claro, nem técnica, nem
nada. Aí o interesse passou e eu acabei me desfazendo de alicates,
arames, fios de silicone e miçangas.
Bem antes disso, me lembrei também que houve um tempo em que me aventurei no ponto-cruz. Não me lembro exatamente como começou meu interesse, só sei que comprei uma revista, algumas toalhas e o material necessário e comecei a fazer ponto-cruz. Sem aulas, sem orientações, sem nada. Como era de se esperar, os pontos iniciais ficaram cheios de erros mas, com o tempo, até que o trabalho saiu certinho, nada perfeito, porém melhor até do que eu esperava.
E aí, larguei para lá. Cansei.
Outro tempo depois, fui fazer um cursinho de trançado com fitas na Caçula e lá fui eu comprar toalhas e material. Como o curso é bem fácil, fiz algumas toalhas que ficaram muito bonitas. Mas aí, não sei quando, meu interesse acabou novamente, inclusive, tenho uma que está pela metade.
Da mesma época, fiz também essa bolsa de fuxico, tudo na mão,
inclusive o forro, que era de um vestido. Isso já tem quase 10 anos...e pelo menos eu comecei e terminei, mas faz muito tempo que não a uso. O meu desejo era fazer uma colcha de fuxicos, mas a expectativa de passar uns 3 ou 4 anos cortando rodelinhas de tecido e costurando um a um acabou esfriando meu interesse.
Fiz outro cursinho de crochê, na mesma Caçula, numa das vezes em que Carmem esteve por
aqui (Carmem mora em outro país e sempre que vem para cá a primeira coisa que faz é
se jogar no Saara e na Caçula para fazer algum curso sobre qualquer coisa). No caso do crochê, eu acredito que esse tipo de artesanato só funcionaria
comigo se eu tivesse aprendido na infância, caso de Carmem, porque eu não consegui de jeito
nenhum e não foi por falta de tentativas. Admiro muito quem aprende crochê e
tricô depois de uma certa idade, porque essas são coisas que se aprendem quando
somos muito novas, mas não foi o meu caso, infelizmente, já que as mulheres da
minha família nunca tiveram nenhuma queda para trabalhos manuais.
Faz tanto tempo que a linha, que era verde, está quase branca.... |
E refletindo sobre essas coisas que eu começava e que ficavam pelo meio do caminho, me dei conta de que o que me movia àquela época nada mais era do que ansiedade. E um pouco de medo também. A ansiedade me levava a ter uma pressa desesperadora em fazer as coisas, como se eu tivesse um dia a menos para viver. Aí, batia um interesse sobre determinada coisa, eu me jogava nela, às vezes virava a noite fazendo a tal coisa e, de repente, largava para lá. O interesse era passageiro mas, no fundo, o que eu sentia era uma incapacidade de continuar, de me encontrar ou me aperfeiçoar no que fazia. E aí, tinha medo de não conseguir ir adiante. E desanimava, até aparecer outra coisa interessante para começar a fazer.
Aí a vida da gente dá uma guinada e chega marido, filho, casa nova, tudo isso somado com o trabalho. O tempo, que era até mal aproveitado, fica escasso e, no meu caso, mais escasso ainda, visto que minha atenção ficou voltada exclusivamente para Davi, correndo para todos os lados em busca de médicos, tratamentos e cirurgias.
Até que, por uma questão de sanidade mental, comecei a re-despertar para aqueles interesses e desejos adormecidos ou largados pelo caminho, e fiquei com vontade de fazer alguma coisa que aliviasse minhas tensões e ansiedade. Me lembro que sempre que passava em frente a uma loja eu paquerava as máquinas de costura, que me davam um medo enorme com seus trocentos botões e caminhos por onde passa a linha. Queria muito aprender a costurar, mas além da falta de tempo, os cursos que encontrava só ofereciam moldes e o que eu queria era apenas saber como usar a máquina. E agora que ela chegou, tenho percebido que, para os meus interesses, até que costurar não é nenhum bicho-papão, pelo menos até agora, pelo menos com essa máquina. Meu sonho, por exemplo, é fazer uma coberta de patchwork, mas eu sei que ainda tenho que comer muito angu até lá. E ter muito tempo também.
Enfim, o que quero dizer é puro clichê e lugar-comum, mas enquanto a gente vive sempre existe alguma possibilidade de realizar alguma coisa que ficou lá atrás, escondida ou esquecida pelo caminho, esperando a oportunidade para vir nos alegrar. E essa redescoberta veio exatamente nos momentos bem complicados, quando eu já estava exausta de tanto correr com Davi para lá e para cá, em que passei seus 2 primeiros anos de vida exclusivamente para os tratamentos dele.
Nada disso é reclamação, pelo contrário, é uma forma de externar minha alegria em saber que as coisas passam, sejam boas ou ruins, mas passam e que alguns desejos bons ficam, mesmo que adormecidos ou escondidos. Não me arrependo da vida que tenho hoje, pelo contrário, sou agradecida a Deus por ter me dado a família que tenho, que também era um sonho de toda a minha vida. Como somos pessoas normais, temos altos e baixos, crises, dificuldades, mas somos felizes, eu tenho certeza. Davi veio no momento exato, na hora certa, encher a nossa casa e vida de alegria, de neuras, de preocupações, veio bagunçar e deixar tudo virado mas com muita felicidade e amor.
Eu não sei costurar, eu não tenho instrumentos, nem aviamentos, nem tecidos fofos, nem um cantinho para chamar de meu. Ainda.
Hoje eu tenho menos tempo, outras preocupações, outros interesses, mas estou menos ansiosa.... e um pouquinho mais objetiva.
Enfim, o que quero dizer é puro clichê e lugar-comum, mas enquanto a gente vive sempre existe alguma possibilidade de realizar alguma coisa que ficou lá atrás, escondida ou esquecida pelo caminho, esperando a oportunidade para vir nos alegrar. E essa redescoberta veio exatamente nos momentos bem complicados, quando eu já estava exausta de tanto correr com Davi para lá e para cá, em que passei seus 2 primeiros anos de vida exclusivamente para os tratamentos dele.
Nada disso é reclamação, pelo contrário, é uma forma de externar minha alegria em saber que as coisas passam, sejam boas ou ruins, mas passam e que alguns desejos bons ficam, mesmo que adormecidos ou escondidos. Não me arrependo da vida que tenho hoje, pelo contrário, sou agradecida a Deus por ter me dado a família que tenho, que também era um sonho de toda a minha vida. Como somos pessoas normais, temos altos e baixos, crises, dificuldades, mas somos felizes, eu tenho certeza. Davi veio no momento exato, na hora certa, encher a nossa casa e vida de alegria, de neuras, de preocupações, veio bagunçar e deixar tudo virado mas com muita felicidade e amor.
Eu não sei costurar, eu não tenho instrumentos, nem aviamentos, nem tecidos fofos, nem um cantinho para chamar de meu. Ainda.
Hoje eu tenho menos tempo, outras preocupações, outros interesses, mas estou menos ansiosa.... e um pouquinho mais objetiva.
Jabuticabas, jabuticabas, jabuticabas. Incrível como a natureza realmente nos surpreende. Apesar da falta de chuva esse ano, a bicha se encheu de frutas e ficou lindíssima...
Apesar de estar fazendo xixi bem direitinho, Davi continua com o jato fino e isso tem me preoupado bastante. Essa semana iremos levá-lo ao Dr. Clodoaldo, a fim de que, t-a-l-v-e-z seja marcada a próxima (e, espero) última cirurgia....