Mãe-Bicho e alguns Grilos

"O fotógrafo explica que, após a tentativa de ataque, a leoa começou a lamber seus filhotes e carregou um por um até um lugar mais seguro, a cerca de 100 metros do ninho original"- Fonte


Já que o termo "bicha" tem outra conotação...

Sim, sou uma mãe-bicho. Assumo.  Desconfiava dessa minha natureza desde o dia em que Davi nasceu, porém, não sabia que minha porção animal-selvagem-bicho-feroz-sanguinário era tão forte assim, porque se é para proteger e defender o guri, eu viro, sim, um bicho quase irracional.

Brigo com o moleque, discuto, dou broncas homéricas, grito e até dou palmadas se necessário.  O pai do Davi dá lá suas broncas também e nunca deu uma palmada sequer, porém, se fala um pouco mais alto, aí eu viro um bicho, porque só quem pode gritar com Davi sou eu, entende.  É uma coisa animalesca.

Mães-bicho são meio assim, animalescas.  Nem todas, obviamente, mas uma boa maioria defende suas crias com unhas, dentes e bicos, literalmente.  Não sei se isso nasce junto com a criança, essa noção de lutar e proteger, mas é muito mais comum no reino animal do que muitas vezes no "reino humano", porque eu realmente não entendo mães que deixam seus companheiros abusarem de seus filhos, por exemplo, da mesma forma que não entendo aquelas que xingam ou as trocam por dinheiro, à base de prostituição ou venda mesmo.  Acredito que haja situações tão desesperadoras que levam uma mulher a abandonar sua cria de alguma forma, porém, nos dias de hoje, usar a criança como moeda de troca não é lá uma coisa muito aceitável.

Tenho percebido uma coisa em meus sentimentos: o medo de Davi ser rejeitado, de ser menosprezado ou diminuído.  Eu sei perfeitamente que isso é reflexo das minhas próprias experiências, das minhas inseguranças, dos meus grilos*, das situações que vivi e que eu não gostaria que ele vivesse, como a tal rejeição.   Tento me controlar porque, afinal, o mundo e a vida estão aí para maltratá-lo.   Mas sofro.

Não que eu não espere que Davi não se decepcione, já que isso é inevitável, mas que ele se sinta amado e aceito acima de qualquer sofrimento e que seja moldado pelo afeto, o que não significa criar um futuro adulto cheio de vontades e insuportável e que ache que o universo gira ao redor do seu umbigo.  

Mas sabe aquele ditado que diz: "quem meu filho agrada, minha boca adoça"?   É por aí.  Quando o ouvi a primeira vez pela boca, claro, de uma mãe-bicho, não imaginava a imensidão da profundidade desse sentimento.   Hoje entendo perfeitamente e se há algo que me deixa inflada é ver que Davi é querido.

Me lembro uma vez, numa reunião de pais da escola, algumas professoras comentando que fulaninho era o preferido de fulaninha e outras fulaninhas diziam que namoravam outros fulaninhos.  Davi não era namorado de ninguém.  Apesar de ter ficado aliviada com esse fato, já que essa história de namoricos com crianças muito novas não me agrada nem um pouco, mesmo sendo de "brincadeirinha", não sei se eu fiz uma cara muito agradável porque a professora veio logo acudir a conversa dizendo que ele era do tipo "amigão" de todo mundo, nem estava aí para essas coisas.  Bom, menos mal, se ele é querido pelos coleguinhas, então está tudo certo.  Mas que meu sentimento de rejeição me beliscou,  sim, beliscou.

Talve eu tenha que procurar Drª Gladys para dar uma arrumada na minha cabeça, mas sei que não posso achar que Davi será agradável e aceito por todo mundo pelo simples fato de que ninguém é obrigado a isso.   O que eu sei claramente é que sou uma mãe-bicho, daquelas bem selvagens, com patas, unhas, bicos afiados e sempre alerta e vigilante para atacar quem ousar algum abuso com meu filhote.  Eu sei também que tenho muito ainda para aprender porque, como já falei em outros momentos, não quero e não posso jogar em cima do Davi as minhas expectativas que incluem, óbvio, que ele seja a criança mais amada do mundo. 

Portanto, se alguém quiser me agradar é só agradar meu filho.  Me sinto realizada.  

E fico bem mansa.


*grilo - expressão "antiga" que significa "preocupação".

Fibrose e um Coração nas Mãos

"Mamãe, Davi está apresentando dificuldades em fazer xixi."

Esta foi a mensagem mais recente que a professora do Davi enviou pela agenda escolar e algo inédito, já que nunca recebi esse tipo de informação dada pela escola.  Não entrei em pânico, muito menos me espantei, porque isso não é informação nova para mim, porém, fiquei, sim, muito, muito aborrecida, chateada, triste, me sentindo um tanto fracassada e... fraca. Mas nada se compara quando o teu próprio filho chega e diz:

- Mamãe, meu xixi está apertado e o Dr. Martinelli tem que consertar meu piu-piu.

Tem como não chorar?

O canal da uretra do Davi voltou a ficar estreito.  Depois da última cirurgia, que era para abrir um pouquinho a saída do xixi, achamos que, enfim, esse tipo de problema estaria resolvido.  Porém, um comentário ligeiro - e não me lembro se foi o Dr. Clodualdo ou o Dr. Martinelli quem fez - acendeu uma luzinha bem pequena e amarela em mim, algo como "tomara que não haja fibrose".

Seu primeiro xixi pós-operatório foi "lindo", como vimos falando para ele a fim de que se distraia de algum incômodo, mas com o tempo tudo cicatriza.  Ver o filho fazer xixi normalmente, com aquele jato forte e que faz barulho é motivo de alegria e satisfação para nós.  Porém, com o tempo, começamos a perceber que 2 coisas voltaram: a força que ele faz ao urinar e a ausência do barulho do xixi.  E aí, pensamos: temos que voltar às dilatações novamente-e-mais-uma-vez-de-novo.

A fibrose é um mecanismo benéfico ao nosso organismo, nada mais do que a reconstituição de alguma parte afetada por algum tipo de interferência, como uma cirurgia por exemplo. É a famosa cicatrização.  No caso do Davi, porém, essa fibrose tem se tornado uma pedra no sapatinho dele, já que ela faz com que a ponta do canal da uretra volte a se estreitar, afinando o jato do xixi e fazendo com que Davi tenha que voltar às dilatações ou, talvez, a uma nova cirurgia.  E a toda essa situação de desgaste em que nos encontramos.


Algumas tentativas de se fazer dilatação em casa não deram certo.  É muito estressante para nós, os pais, e principalmente, claro, para o Davi.  Não faço a menor ideia do que seja colocar uma sonda no canal da uretra, mesmo que se utilizando de anestésico tópico, mas imagino que seja muito incômodo e até doloroso. 

Um desânimo bate todas as vezes em que penso que tenho que internar o Davi para as dilatações.  Dura um dia inteiro esse processo.  Ele está crescendo e já entende o que passa ao seu redor, sente fome e pede água e algo para comer.  Isso angustia, porque deixá-lo com fome, por exemplo, me corta o coração, até porque, num lugar cheio de crianças, o que não faltam são biscoitos, sucos e outras coisas que elas comem enquanto aguardam sua vez para serem atendidas.

Mas se há possibilidade de se fazer reparos, que sejam feitos.  E considerando que sua alta médica deverá ocorrer lá pelos 13, 14 ou 15 anos (é... só na adolescência, quando estiver produzindo espermatozóides), então, teremos tempo e oportunidade suficientes para nos desgastarmos, renovarmos as forças e usá-las novamente e novamente e novamente.

E aí no dia em que recebi a tal notificação da escola, ocorreu o seguinte diálogo:

- Meu filho, você está sentindo dor para fazer xixi?"

- Ah, não tem problema, mamãe, não está doendo, o Dr. Martinelli vai consertar.

Tem horas que eu acho que ele é bem mais forte do que eu...




Octógono é lugar para crianças?

De olho no mercado milionário do MMA, americanos colocam filhos para participar de competições nos EUA. Especialistas alertam para os prejuízos físicos e emocionais da luta

Wilson Aquino
 
A partir dos cinco anos, crianças americanas têm sido levadas por seus pais para participar de torneios infantis de MMA – ou melhor, Pankration, técnica grega semelhante, mas na qual são proibidas joelhadas e cotoveladas. Estima-se que cerca de três milhões de meninos e meninas pratiquem o esporte nos Estados Unidos. No Brasil, começam a despontar academias de artes marciais mistas (ou MMA) para os pequenos, porém sem combates oficiais. Mas, com a popularização dos marmanjos fortões do Ultimate Fighting Championship (UFC), que enriquecem em shows de brutalidades, não será surpresa o surgimento de torneios infantis aqui, até porque não há legislação que proíba. Nos EUA, os eventos para crianças não envolvem dinheiro, mas os minúsculos gladiadores são condecorados com medalhas e troféus, além do aplauso dos pais, que sonham com os bilhões de dólares que a indústria pode oferecer aos pimpolhos no futuro. Entretanto, apesar de serem fortes e disputarem ferozmente com os adversários no octógono, eles não deixam de ser crianças e, não raro, saem de cena chorando. Alguns fazem pirraça e se negam a cumprimentar o rival, como é obrigatório.
 
MINIGLADIADORES
Torneio infantil nos EUA: os campeões têm apelidos como "A Besta"
A questão chamou a atenção recentemente, depois que o fotógrafo peruano radicado em Nova York Sebastian Montalvo, 24 anos, viajou por vários Estados americanos registrando as lutas entre crianças. O conjunto das fotos é um impressionante documento sobre roubo de infância até para feras do octógono, como o ex-lutador de MMA Royler Gracie, 48 anos, que mora e tem academia nos Estados Unidos desde 2008. “Sou totalmente contra esse tipo de competições para crianças porque elas não têm maturidade para isso”, afirma. Montalvo resume o que viu: “Como é um dos esportes que mais crescem no mundo, uma nova geração tem feito de tudo para participar dos eventos da Liga Americana de Luta.”

Um dos campeões de MMA infantil tem 7 anos, nasceu no Arizona, e atende pelo apelido de “The Arm Collector” (O colecionador de braços), por causa de sua habilidade de vencer pela imobilização dos membros superiores dos adversários. Outro, da Califórnia, da mesma idade, é conhecido como “The Beast” (A Besta). Como será o crescimento de uma criança que se acostumou a ser chamada por esses apelidos e elogiada pela brutalidade? “Quem passa a infância e a adolescência batendo nos coleguinhas vai se transformar em um adulto que não consegue negociar, não tem empatia nem pena do outro”, alerta a psicanalista Ana Maria Iencarelli, que há 40 anos trabalha com crianças e adolescentes. “Qual é a filosofia desse esporte?”, pergunta ela, para responder em seguida: “Acabar com o outro.” Ou seja, o ensinamento básico não pode proporcionar um crescimento saudável.

CONTROLE
Academia em Brasília: crianças aprendem técnicas de MMA, mas só lutam jiu-jítsu

“É um esporte muito contundente. Uma criança não está preparada em nenhum aspecto para suportar esse tipo de competição”, adverte o professor paulista Danilo Dourado, que treinou campeões do UFC, como Maurício Milani Rua, o Maurício Shogun, e ensina MMA para crianças, mas não admite luta entre elas. É seguido, no raciocínio, pelo diretor e médico da Confederação Atlética Brasileira de MMA, Márcio Tannure: “Sou a favor de a criança treinar MMA porque, além de ser saudável para o corpo, a filosofia milenar das artes marciais educa a mente. Mas sou contra colocar para lutar.” Ortopedistas alertam para os riscos de lesões que podem ocorrer na placa de crescimento (leia quadro).


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Gente...

Craftices: Baú de Palha 2

Há muitos e muitos anos, numa galáxia muito, muito distante eu também comprei esse baú de palha.


Diferentemente do outro, neste eu colocava roupas sujas para lavar.  Com o tempo, ele rodou a casa até parar no quarto do Davi e acomodar alguns de seus brinquedos.  Assim também como o outro, ficou, por um bom tempo, com essa cara de tacho e sensaboria.

Mas eis que o dia de beleza dele também chegou!

Comprei um gorgurinho com a estampa parecida com a do puff de carretel, só que com fundo amarelo.  Retirei a tampa e colei um pedaço de papel paraná para fazer um fundo. Não coloquei nenhuma espuma.  Após, passei o tecido para cobrir a tal tampa e depois cola diluída com água para não desfiar.  Apliquei tinta spray azul no restante do baú, 2 demãos bem caprichadas.  Simplesmente perdi as fotos dessas fases, mas não há nada de extraordinário nelas.

E aí o baú ficou assim...


Fiz um sacão para colocar por dentro, pois assim os brinquedos ficam protegidos da poeira e quando o sacão estiver sujo... é só tirar e lavar!





Aproveitei a sobra de um pedaço do tecido e fiz uma almofada também.


Satisfação garantida ou... seu baú de volta.