Craftices: velas aromáticas (atualizado)

Eu vinha guardando alguns potes de geléia e mostarda para fazer alguma coisa que achasse interessante, até que resolvi tentar, eu disse, t.e.n.t.a.r fazer velas.


Depois de assistir a trocentos vídeos na tia net, peguei uma panelinha de ágata que eu tinha guardada da época em que fazia mingau para o Davi e coloquei a parafina flocada para derreter em banho-maria. Tem gente que coloca direto no fogo, porém, em se tratando de parafina, é muito perigoso em todos os sentidos.  Para quem não tem experiência como eu, então, o melhor é sempre fazer da forma mais indicada.


Como eu gosto muito de odores cítricos, comprei uma essência de capim-limão mas, ó, esse vidrinho aí não foi suficiente, não.  Na verdade, também, eu não me atentei para a quantidade necessária para fazer a vela soltar o aroma, então, as velas não ficaram assim tão aromáticas como eu queria e como escrevi no título do post.


E aí começa a série de erros...  

Colocar o pavio não é lá a coisa mais fácil do mundo, pelo menos para mim.  Eu usei um palito de churrasco pequeno e enrolei o pavio e comecei a encher os potes com a parafina derretida.  Depois que a parafina começa a esfriar, o que acontece?  Ela se retrai e forma uma pequena cratera no vidro.


E aí a gente tem que voltar e fazer uns buraquinhos na vela e cobrir com mais parafina líquida.  E repetir o processo até que a borda da vela fique o mais plana possível.  E o mais importante:  NÃO CORTAR O PAVIO!!! Pois é, eu cortei o pavio antes de toda a parafina esfriar e se retrair e aí o que aconteceu?  Eu não tive pavio suficiente para cobrir as crateras que se formaram e tive que refazer todo o trabalho.

Coloquei os vidros dentro de uma leiteira velha com água e deixei que a parafina derretesse o suficiente para retirá-la dos vidros e a derramei novamente na panela de ágata.  Depois, peguei a tal leiteira velha e coloquei a parafina que estava na panela de ágata para derreter.  Foi melhor assim porque com a leiteira fica mais fácil virar a parafina líquida dos potinhos.


Na primeira vez eu comprei os pavios já montados com os ilhós, mas depois os comprei separados.  A vantagem é que sai mais barato e cada pavio pode-se cortar e fazer 2 pavios.  Dessa vez também fiz os suportes de palitos da maneira mais fácil de segurar os pavios, juntando-os com uma fita e colocando os pavios no meio.


Aí eu resolvi que queria vela em potinhos e peguei todas as velas que estavam guardadas e derreti tudo.  


Fui enchendo os potinhos de vidro com a parafina líquida e aguardando pacientemente para ir preenchendo as crateras que se formavam quando a parafina esfriava.  


Ou seja, o processo de fazer velas, pelo menos para mim, não é só derreter parafina e colocar num recipiente.  Leva tempo e requer um pouco de paciência sim.

Esperei o dia seguinte para, ainda, preencher um pouco mais os vidrinhos para ter uma vela com a borda o mais reta possível, como coloquei acima.


Depois de prontos, passei um barbante de sisal ao redor dos vidros e coloquei umas miçangas nas pontas e eles ficaram assim:





E o teste final.  A chama ficou com uma altura muito boa, mas não senti o aroma de capim-limão tanto quanto eu esperava.



Agora é ver se o derretimento vai ficar certinho, ou seja, se a parafina vai derreter toda ou se vai formar uma... cratera.

Apesar do pequeno trabalho, acho que é uma boa opção para presentear e mesmo que não haja noites românticas, quando faltar luz eu poderei utilizar potinhos estilosos para iluminar a casa.

ATUALIZAÇÃO!!!

A Maíra, uma gaúcha fofa que trabalha comigo, gostou tanto das velas que me desafiou a fazer 60 (!!!) velinhas para dar de lembrança do seu casamento.  E eu consegui!  Essas foram feitas com aroma e pedaços de canela e ficaram bem fofinhas e muito perfumadas.

Descobri também que para 1 kg de parafina são necessários 30 ml de essência, razão de minhas velas não terem ficado com o cheiro como eu queria.


Aqui, a missão quase cumprida


Aqui, o produto quase finalizado, pois a Maíra ainda iria colocar uma etiqueta

Craftices: Antes e depois

Tudo o que é reciclado pode entrar na aba "antes e depois", não é mesmo?  De qualquer forma, algumas coisas ficam bem diferentes quando um pequeno detalhe faz muita diferença.  Este é um post bem curtinho para mostrar um "antes e depois" que fez t.o.d.a a diferença.

1. Quandro "call me brega"


Esse quadro foi comprado pela avó do Davi, uns 2 séculos passados.  Nunca gostei dele, mas, para não criar nenhum atrito tive que aturá-lo por alguns anos.  Além de achá-lo brega, eu o achava muito brega e brega por demais, até porque eu apenas detesto quadro de natureza morta.

Mas nada que um tecido não resolva, além de algumas pinceladas de tinta.  Neste caso, usei apenas uma trincha e fiz uma pátina na moldura.  Agora ele repousa elegantemente numa parede na residência da sua dona.



2. Armário da pia

Depois da saga quase infindável que foi reformar o armário que fica embaixo da pia, achei que ele havia ficado muito sem sal todo trabalhado no branco com branco.  E aí, resolvi colocar um temperinho nele, afinal, cozinha sem sal não tem graça nenhuma, né.


Mas nada que um contact não resolva.   






E para arrematar, um bolinho de fubá com pedaços de goiabada.  Apenas delicioso.  Esse não tem "antes e depois", mas a receita segue abaixo.



Ingredientes:

- 250 de margarina ou manteiga na temperatura ambiente
- 1 xícara de açúcar
- 2 xícaras de farinha de trigo
- 1 xícara de fubá de milho
- 3 ovos
- 1 xícara de leite integral
- 1 pitada de sal
- pedaços de goiabada a gosto
- 1 e 1/2 colher de sopa de fermento em pó

Modo de fazer:

- Pré-aquecer o forno em 180 graus
- Untar uma forma de cone com margarina/manteiga e farinha de trigo
- Bater o açúcar e a margarina/manteiga até que fique um creme claro
- Acrescentar os ovos e bater até formar uma massa homogênea (eu não separo clara e gema, bato tudo junto)
- Acrescentar, aos poucos, a farinha de trigo e ir pingando o leite aos poucos também
- Acrescentar o fubá de milho e bater a massa até formar um creme homogêneo
- Cortar a goiabada em pedaços e, antes de colocá-los na massa, passá-los na farinha de trigo, para que eles não afundem na forma.  Depois, acrescentá-los à massa.
- Colocar o fermento em pó e enformar
- Colocar a massa no forno e aguardar assar (de 30 a 40 minutos)

Depois de assada e esfriada, é só desenformar, passar um café ou fazer um chocolate quente ou um chá e.... cair dentro.  O pai do Davi amou esse bolo.

Sobre sonhos e necessidades


A lendária frase "eu vou dar tudo o que não tive para o meu filho" nunca foi tão colocada em prática quanto nos últimos tempos, já que as condições econômicas de hoje em dia nos permitem aquisições das mais variadas e até impensadas em outras épocas, nos tempos de nossa infância.  Surge, então, a "geração tem-tudo", pois nunca foi tão fácil ter um jogo eletrônico de última geração ou mesmo fazer uma viagem à tão sonhada Disney, afinal, o cartão de crédito, apesar de ter os juros-mais-altos-do-planeta, permite um parcelamento infindável nas compras.

Eu tive uma "infância anos 70".  Quem é da época se lembra das dificuldades econômicas em que vivíamos, mas eu, eu não era pobre, eu era muito pobre.  Além de não ter uma casa própria para morar, eu e tantas outras crianças não tínhamos acesso ao consumo de brinquedos ou guloseimas que se tem hoje em dia.  Ter iogurte ou batatas fritas em casa era um luxo reservado a poucos e ganhar brinquedos geralmente se restringia a, no máximo, duas ocasiões: no aniversário ou no Natal.  As meninas quase sempre queriam ganhar uma boneca grande, com olhos claros e cabelos loiros, com sapatinhos brancos e vestidos delicados.  Se ela falasse, seria a glória.  Os meninos, uma bicicleta ou um carrinho, ou um caminhão. E na ausência desses brinquedos, uma roupa ou sapatos novos eram também uma conquista a ser celebrada.

Apesar de ter sido muito pobre, minha mãe me presenteou com uma bicicleta.  Sim, eu tive a minha Caloi. Foi uma surpresa sem tamanho, não somente pelo fato de ter uma bicicleta num universo de crianças que não tinham brinquedos decentes, mas pelo fato de nunca ter feito esse pedido.  Claro que se fosse perguntar para uma criança daquela época se ela gostaria de ganhar uma bicicleta, independente de ser menino ou menina, ela diria que sim.  E numa época em que não existia a facilidade de um cartão de crédito que divide as compras em suaves prestações, nem imagino o quanto minha mãe tenha se rasgado para pagar o "carnê" do Ponto Frio Bonzão.

Eu não sonhava com uma bicicleta, eu queria ter uma casa para morar e, sim, eu queria ser escolhida no programa Boa Noite, Cinderela, do Silvio Santos, que eu havia visto na TV da casa de algum vizinho.  Sim, eu também queria sentar naquele trono, com manto e coroa e todos aqueles brinquedos aos meus pés.  Mas não era nenhum sonho, apenas o desejo infantil de uma das várias crianças desprovidas de brinquedos daquela geração.

Os filhos chegam e as lembranças da infância frustrada pelo que não se tinha se transformam numa necessidade emergente e vital em dar aos filhos tudo-o-que-não-tivemos.  E aí criamos a tal necessidade desnecessária, despertando nas nossas crianças interesses que não existem nelas, mas em nós.   Acontece que aquilo que foi necessário naquela infância não é necessariamente necessário na infância nos nossos filhos.  Redundante?  Não, senão, não entupiríamos nossas crianças com coisas que satisfazem a nossa frustração infantil.

Davi ganhou sua primeira bicicleta com um pouco mais de 2 anos de vida.  Nessa idade, não consigo vislumbrar uma criança sonhando com tal brinquedo, e até mesmo por conta da sua geração, o máximo que queira seja um tablet cheio de joguinhos eletrônicos, e isso ele ainda não tem.  Claro que ele gostou muito do brinquedo e já pede outra maior, de preferência sem as rodinhas menores.  Aprendeu bem rápido a andar de bicicleta e com uma dose de irresponsabilidade minha não usa capacete ou outros apetrechos de proteção, ou seja, cai, se machuca e levanta, da mesma forma que eu aprendi, no meu caso, sem as tais rodinhas.

Quando decidi comprar a tal bicicleta, minha intenção era realmente que ele soubesse andar de bicicleta, um aprendizado que, além de prazeroso, é prático e que se leva por toda a vida.  Eu tinha esse pensamento porque a bicicleta nunca havia sido um sonho meu, então, de maneira natural e sem criar necessidade ou expectativas nele, dei-lhe uma bicicleta.  Ele, por sua vez, vê o brinquedo como mais um objeto a ser utilizado de forma prática e prazerosa e nunca teve a necessidade de tê-lo.   

Mas será que, apesar de ter tido uma infância tão desprovida eu sou uma mãe tão "cabeça feita" assim? Não, porque o que acontece hoje em dia é a comparação entre meu filho e as outras crianças que têm um amontoado generoso de brinquedos dos mais variados, na maioria eletrônicos.  Como já citei, Davi ainda não tem um tablet, na verdade, ele não tem nenhum brinquedo eletrônico pelo simples fato de que seus pais não têm a menor necessidade de criar nele essa necessidade, ou talvez por serem péssimos em jogos eletrônicos. Porém, muitos de seus coleguinhas e crianças da idade já são exímios pitolos de joysticks. E aí vem a tal comparação e com ela a necessidade de satisfazer uma expectativa que talvez nem ele tenha, ou que só tenha enquanto está com seus coleguinhas, porque até hoje ele não manifestou nenhum desejo de ganhar tais brinquedos.  

Já falei algumas vezes por aqui que tenho, sim, vontade de dar muitos brinquedos para o Davi, mas tenho que escolher entre algumas prioridades.  Fico frustrada muitas vezes por não ter dinheiro sobrando para presenteá-lo com vários eletrônicos, afinal, não posso ignorar os tempos atuais e também não vou me comportar como se não houvesse valor nessas coisas. Tenho que respeitar seu momento, sua geração, sua época e sua infância. Me esforço, contudo, em não criar expectativas em coisas que para ele não são tão necessárias ou que sirvam para aplacar as minhas frustações e/ou comparações com outras crianças

Mas eu tenho, sim, um sonho de infância que gostaria de realizar no Davi: é o da lancheira de escola.  Não, eu não tive uma lancheira para levar para a escola e até hoje sou frustrada por isso. Eu queria ter uma lancheira para eu poder me sentar e a abrí-la na hora do recreio e tirar dela um sanduíche e a garrafinha com suco.  Mas eu não tive e a minha infância passou e hoje o Davi faz todas as refeições na escola e talvez quando estiver maior ele não venha a ter necessidade de levar uma lancheira pois poderá lanchar na cantina.  Então, acho pouco provável que eu vá satifazer a minha frustração preparando sanduíches e sucos para o Davi levar para a escola.

Em breve Davi terá uma bicicleta maior e também seus eletrônicos e, quem sabe, se torne um exímio piloto de joysticks.  Quem sabe um dia possamos também visitar a Disney, pois o cartão de crédito nos possibilita pagar essas coisas em suave prestações.

Mas eu ainda sinto a falta da minha lancheira.


Craftices: Gaiola e pássaros de tecido

Eu nunca gostei de bicho preso, principalmente de pássaros.  Acho que, pela lógica, se eles foram criados com asas, é para que voem e ninguém irá me convencer de que existem pássaros que são domesticáveis a ponto de terem que ficar presos em gaiolas.

O vizinho da frente tem um pássaro preso na gaiola, que fica na varanda e coberta com uma capa. Pergunto: qual a explicação para isso, além de pura maldade com o bicho?  Se ele - o passarinho - já não pode voar como deveria, ainda tem que ficar na escuridão?  Minha conclusão é que a pessoa que prende pássaro, na verdade, está satisfazendo sua frustração por não poder e saber voar.

Me lembro de que quando era pequena, meu ex-padrasto havia levado um pássaro para o barraco onde morávamos.  Era uma gaiola bem grande e como todos ficaram praticamente fora o dia inteiro, o bichinho ficava duplamente preso - na gaiola e no ambiente - recebendo todo o calor que batia nas telhas de amianto. Não foram poucas as vezes em que eu cheguei e vi o bichinho com o bico aberto, morrendo de sede e de calor, e quando eu enchia o compartimento de água, era um alívio só, para ele e para mim.

Pois que outro dia, já noite e eu chegando em casa, um morador da rua abre seu portão e coloca 3 gaiolas na calçada, para serem levadas pelos lixeiros.  Não deu outra, perguntei educadamente a ele se poderia pegar uma delas para artesanato.  Ele, claro, concordou e eu, pensando nos pássaros que ali haviam morado e que já deviam ter recebido sua alforria, fiquei com pena de não ter podido levar as outras duas gaiolas.  Nessas horas eu tenho que me conter, senão a casa entulha, né.


Não é nenhuma ideia fabulosa, encontrei várias imagens assim na "Tia Net", então, decidi fazer uma gaiola com pássaros de tecidos.

A gaiola, claro, estava bem sujinha de caca de passarinho.  Imagina a maldade de novo: o bicho fica preso e tem que fazer suas necessidades dentro da sua prisão.


Enfim, depois de alguns bons jatos de água e uma esfregada com uma escova de dentes, a gaiola já estava apta para receber boas rajadas de tinta spray.  Usei a cor branca, porque era o que eu tinha e para ficar um pouco neutra e destacar os pássaros.

Esses pássaros entraram na minha cabecinha assim que os vi, na Tia Net também, e sua confecção é um pouquinho chatinha, mas eles ficam lindos. Testei colocar olhinhos mas eles ficam melhores assim, sem nada.  Fiz 4, coloquei 3 dentro e 1 fora da gaiola.  Aproveitei também uns coraçõezinhos que sobraram da última guirlanda, que costurei com uma sianinha.


No final, retirei a porta da gaiola, pois que, apesar de serem artesanais, esses pássaros são livres, leves e totalmente soltos, assim como todos os pássaros devem ser (com exceção dos pombos, que são uma horrorosa praga urbana e que eu apenas detesto).






O molde e o PAP dos pássaros estão aqui.