Panqueca

Sabe a novidade que eu citei no último post?  Então, ela se chama Panqueca.  Ela, não. ELE!!!

Sim, agora temos um cachorro, um "pet", como se diz por aí.

Eu sou absurdamente apaixonada por cachorros mas nunca tive oportunidade de ter um.  Nos últimos tempos, a "desculpa" era porque não tínhamos tempo porque trabalhávamos o dia inteiro.  Quando fiquei desempregada, marido e eu conversamos sobre a possibilidade.  Uma coisa era certa: tinha que ser um vira-latas, beeem vira-latas, mesmo, não só pelo motivo de não termos dinheiro para comprar um cão de raça definida, como... bom... eu amo vira-latas, o que já é uma razão mais do que suficiente.

Eu ainda estava desempregada, ou seja, tinha disponibilidade de tempo, conversamos muito sobre adotar um cãozinho e essa conversa meio que ficou adormecida. O combinado era irmos à SUÍPA para escolhermos um cachorro, de preferência que fosse ficar com um tamanho médio, afinal, moramos em apartamento.

Pois muito que bem, eis que numa noite, quase dez da noite, marido me aparece com o Panqueca debaixo do braço.  Quando eu abri a porta, quase caí para trás.  Davi ficou em choque.  Realmente, não esperávamos, até porque esse não era o combinado.  Mas... vamos que vamos.

Não sei porquê, mas só tirei essas duas fotos do momento em que ele chegou.  O celular estava quase descarregado, então, não pude tirar a foto com flash.

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Não sabia ao certo qual a idade dele , como nunca tinha tido um cachorro, a primeira coisa que veio à cabeça foi dar leite e água, apesar de o marido ter comprado uma ração sei lá qualquer. Quando percebi que ele rejeitou o leite, corri para a internet para procurar informações, peguei a ração que estava lá, fiz uma papa com água morna e ele comeu desesperadamente.

No dia seguinte, fomos ao primeiro veterinário que encontrei pelo caminho.  Ao chegarmos, a Drª Débora disse que ele tinha em torno de quase 40 dias - isso foi em 09 de fevereiro, fez a consulta e indicou vermífugo, vitamina e antipulgas.


As pulgas... ele estava coberto de pulgas.  E recheado de vermes.  E aí, não teve jeito: coloquei o nojinho de lado e parti para cima.  Assim que o veneno de pulgas começou a surtir efeito, comecei a matá-las na unha (argh).  Com o primeiro cocô depois do vermífugo não foi diferente... cheios de vermes que ele fazia a toda a hora.  Foi uma coisa.  Mas já no terceiro dia, o veneno fez um efeito tão bom que as pulgas já quase não existiam e caíam secas, além de haver bem poucos e pequenos carrapatos e lá pelo quarto dia, seu cocô estava praticamente sem vermes. Quando chegou no quinto dia, dei o primeiro banho no tanque.


Meu sonho canino sempre foi um pastor alemão.  Mas essa raça, além de exigir muitos cuidados, na minha opinião, não serve para quem mora em apartamento.  Pelo seu instinto de defesa e ataque, além do tamanhão, um pastor alemão, a meu ver, vive bem em casa onde há espaço com quintal.


Por outro lado, eu gosto de vira-latas.  Bom, pelo menos do que eu sei, são cães fáceis de serem tratados, resistentes, defendem seus donos, são "pau prá toda obra", e... nenhum é igual ao outro, não é mesmo?  Não sei se a mistura de raças é algo bom ou ruim, o que sei é que sou apaixonadinha por vira-latas.


No caso do Panqueca, pelo que fomos informados, seu pai era um poodle .5 e sua mãe, uma cruza de labrador com pastor alemão, o que dá um cão SRD, ou seja, Sem Raça Definida.  Então, se isso realmente for verdade, eu consegui ter os 2 cachorros que sempre quis ter: um pastor alemão e um vira-latas.

Ele tem crescido rápido, é bem esperto e inteligente, já não faz cocô e xixi pela casa, somente no jornal.  Chegou com 2,200 kg e na última visita à vet já está com 10,600 kg!!!  Já tomou as 3 vacinas, com exceção da antirábica, que será aplicada daqui a menos de 1 mês, e em duas semanas fará sua estréia na rua.


Já destruiu algumas coisas na casa, porque rói tudo, mas estamos atentos à isso, para que não se torne uma indisciplina.  Ainda está com a mania de morder e quem mais sofre é o pobre do Davi, magro e alvo fácil dos dentinhos afiados desse "bebê monstro".  Como ainda é bem novo e fica o dia inteiro na varanda, necessita queimar as energias, ver rua, sentir outros cheiros, demarcar territórios, mas não poderíamos levá-lo antes das 3 vacinas.

Aos poucos e mesmo em pouco tempo, estamos todos nos adaptando, digo, todos nós, tanto eu, como o Paulo, o Davi e o próprio Panqueca.  Ele já sabe seus limites e parece que está entrando na adolescência, fazendo algumas rebeldias.


Parece que voltamos uns 6 anos, quando Davi começou a andar.  A casa anda revirada, bonecos espalhados aqui, tapetes enrolados aqui, mas a festa, a alegria que esse cão faz todas as vezes que chegamos, seja de um dia inteiro ou algumas horas fora de casa, não tem preço.


Se eu fosse rica, teria, pelo menos, uns 6 cachorros.  Mas como eu não sou, esse é apenas 1, somente 1 cãozinho resgatado de uma situação que seria bem pior.  Panqueca é, além de bem tratado e alimentado, AMADO.  Às vezes, durante o dia, me vejo rindo de lembrar a bagunça que ele e Davi fazem em cima da minha cama, desarrumando minhas coisas, deixando tudo fora do lugar.   Panqueca é um cão adorável e vamos nos dedicar a ele enquanto ele existir em nossas vidas.


Nós escolhemos o Panqueca, mas temos também a plena certeza de que ele nos escolheu.

Seja bem vindo, dog!!  Ah, que o batizou com esse nome foi seu pai humano mesmo.

3 meses



Passei 3 meses desempregada.  Sim, voltei a trabalhar em horário integral desde o começo deste mês Não, o salário não é o mesmo.  Mesmo.  A situação, em geral, não é das melhores, mas com fé em Deus, vamos enfrentando cada dia como um milagre.

Nesses 3 meses, claro que muitas coisas aconteceram.  Mas não foi fácil me adaptar à vida de dona de casa.  Trabalho há mais de 24 anos nesse ritmo e a parada brusca numa velocidade alta ou é perda total ou é um milagre.

Por incrível que pareça, eu não conseguia fazer meu dia render.  Claro que, com filho pequeno, eu tinha uma rotina a ser seguida: acordar, alimentá-lo, ajudá-lo a fazer o dever de casa, arrumar a casa, levá-lo para a escola, voltar para casa e acabar de fazer as coisas que ficavam pendentes.  Cuidar da roupa, das plantas, ir ao mercado, limpar armários.

Não, eu não conseguia estabelecer uma rotina para mim. Apesar de colocar o Davi na cama no horário de sempre, em torno das 21h30, eu voltava para a sala e ia assistir a algum programa de TV, desses de investigação criminal.  Deitava e não conseguia pegar no sono, voltava para o sofá e cochilava. Tudo isso agravado pelo calor absurdo que fez nesse verão.

Não foi fácil.  Não somente a adaptação física, mas principalmente a mental, a sentimental e a psicológica.  Eu não fiquei bem.  Nesse período pude sentir o que é o trabalho doméstico, tão cruelmente desvalorizado pela nossa sociedade.  E não faz diferença se a gente trabalha fora ou não, o trabalho doméstico nunca acaba e nunca é visto, a menos que não seja feito.

Talvez o que tenha mais me incomodado nesses dias foi a incerteza.  Eu fiquei pouco tempo desempregada na minha vida, e quando isso aconteceu, apesar de ter minhas responsabilidades, eu era nova e solteira.  Depois de todos esses anos, com casa e filho para cuidar, as perspectivas mudam.  Claro que o pai do Davi é meu braço esquerdo e direito, uma pessoa que assume e chega junto comigo nas responsabilidades.  O problema era a minha cabeça, acostumada a resolver muita coisa sozinha, a assumir compromissos financeiros.

É um misto de menos valia, de sentir que minha experiência, meu talento, minha fidelidade, minha dedicação foram por água abaixo em questão de segundos.  Por muito tempo, me senti derrotada.  Não, a verdade é que em alguns momentos ainda me sinto assim.  Bem, sou verdadeira, e se este é meu espaço de desabafos, não posso mentir para mim mesma, muito menos para quem por aqui passa.

O novo emprego não é dos melhores, mas... o exercício de pensar que poderia ser pior sempre tem seu valor nessas horas. Tenho plano de saúde, uma ocupação e alguma renda, num país que produziu mais de 13 milhões de desempregados - dados oficiais, que nunca são confiáveis, né -, e como bem diz o meu marido, na minha idade, voltar ao mercado de trabalho em tão pouco tempo é quase um milagre.

Estamos todos bem, de saúde, de vida, de espiritualidade.  Davi e seu pai me consolam quando eu choro.  Eu respiro fundo e penso... que poderia ser pior.   Poderia ser uma doença incurável, um acidente, uma fatalidade - afinal, eu moro no Rio de Janeiro, não é mesmo? -, mas foi mais uma etapa da vida.  Coisas boas e ruins acontecem, mas a gente só aprende mesmo com essas últimas.

Eu e a Elaine Gaspareto estamos trabalhando para a mudança visual deste blog.  Como sou das antigas, ainda insisto em ter um blog, numa época de tantas redes sociais, de rapidez de tanta informação muitas vezes vazia.

Vou voltando aos poucos.  Meus artesanatos e também uma novidade que surgiu nesse período e que em breve irei trazer para postar.

Um grande abraço.  Um beijo.

Luciana.