Craftices: Gavetas, Porta Xícaras e Canecas y Otras Cositas Más

Depois que eu entrei "nessa vida" de fazer craftices para a minha casinha, meus olhos se abriram para ver coisas que me passavam despercebidas e que poderiam - e podem - ser reaproveitadas.  Ao mesmo tempo que digo isso, me lembro com grande tristeza no meu coração de outros objetos dos quais me desfiz e que hoje poderiam ter se transformado em peças de trabalhos manuais.  Mas, enfim, não dá para ficar choramingando por aquilo que se deixou de ser feito, principalmente quando a gente não tem ideia ou oportunidade.

Uma das primeiras coisas que eu fiz como craftice foi este Porta Xícaras com uma caixa que eu tinha há milhões de séculos.  Ela ficou muito belezura e dengoso, até que um dia foi atropelado pela prateleira de canecas.







Tentei me acostumar de várias formas com essa prateleira - que era a coisa mais simples de se fazer mas que, à época, me deu um banho de suor e lágrimas (mas, pô, eu estava começando, né).  O tempo foi passando mas eu não conseguia me acostumar, pois achei que ela tomou um espaço para fora da parede que não estava legal.  Dava até um medo de passar e bater com a cabeça nela.  Até que um dia eu resolvi mudá-la de lugar e fazer outro Porta Canecas menos "bojudo".

Não foi nada de extraordinário, muitíssimo pelo contrário, comprei esses 2 cabideiros e foi só passar umas 2 ou 3 demãos de tinta acrílica, furar e instalar na parede.  Aliás, para quem tem problemas de espaço no chão como eu, a solução é explorar as paredes ao máximo.


Então, hoje, as canecas estão assim, "dependuradas" na parede, de forma que não ficaram tão para fora e mais ornadas.  Achei que ficou  muito melhor, mais comportadas, sem ameaçar a cabeça de ninguém.

Mas, voltando um pouco atrás, houve um tempo que eu encontrei algumas ótimas gavetas nos lixos da vida.  São gavetas de madeira mesmo, não de aglomerado, e  com grande potencial  para várias coisas.  Essa é uma delas, que eu aproveitei para fazer um novo Porta Xícaras e o legal  é que ela já estava com essas divisões.  Aparentemente ela estava muito boa, só que quando eu tirei a base, ela se encontrava nesse estado cadavérico.





Essa base não tinha a mínima salvação, então, tirei a medida e cortei o tamanho num papel paraná com uma espessura que passasse pelo lugar onde ela fica fixada na gaveta.  Apliquei uma demão de tinta spray branca e cobri com um pedaço de... tecido-verde-de-bolinhas-brancas, o mesmo que eu usei para a tábua de carne neste post.  Na verdade, eu comprei esse tecido para fazer uma cortina para a cozinha, que se encontra em fase de produção.

Depois do ritual de lixar e lixar e lixar (marido, marido, marido), passei a base acrílica e depois a tinta acrílica branca e o verniz.  Marido também colocou esses ganchinhos brancos dos lados e aí ela ficou assim.



Acho que agora, tanto as xícaras quanto as canecas estão em harmonia, com a mesma cor e basicamente no mesmo nível de "saída" da parede.



E eu já ando bem prendadinha.  Já fiz várias flores de tecidos como essas. (depois eu coloco um post sobre).  Deu um trabalhinho básico mas consegui, pelo menos, fazer algumas para colocar no Porta Xícaras.  Aproveitei um vidro de leite de côco, enrolei um barbante e apliquei spray verde e as coloquei ali.




Barulho

Que o mundo anda muito barulhento não é novidade para ninguém.  Pior do que o mundo todo é o seu próprio mundo, aquele lugar onde você tenta se refugiar do barulho do mundo.  O meu mundo ultimamente tem estado assim, muito barulhento, e isso tem roubado a minha paz e tranquilidade.

Me lembro de que quando me mudei para o lugar onde moro, o silêncio foi uma dos aspectos que mais notei no lugar.  Apesar de estarmos extasiados não só com o imóvel mas também com o preço, o local em si é, como já falei algumas vezes por aqui,  cheio de facilidades ao alcance das nossas mãos.  Não há falta de comércio de espécie alguma, desde lojas de R$ 1,99 a shopping centers, sem falar na diversidade de transportes, clínicas e hospitais.  Campinho é um lugar muito bom, onde podemos ir ao mercado a pé ou escolher em qual feira ou hortifruti iremos comprar frutas e legumes.  As farmácias fazem entrega em domicílio e se precisarmos de uma pizza ou um frango na brasa, tudo se resolve a 1 ou 2 quadras.  A creche do Davi, então, fica a 20 minutos de casa.  A pé também.

Mas moramos perto de uma "comunidade". Perto até demais, por acaso.  Tão perto que qualquer barulho que se faça por lá reflete diretamente dentro do nosso apartamento.  À época da aquisição, um comentário da antiga moradora passou meio despercebido aos meus ouvidos: "o pessoal de lá gosta de uma musiquinha de vez em quando".  É um lugar tranquilo, no sentido de não ter violência, tráfico, tiroteios (senão, claro, não iríamos ficar ali!).  Porém, como estávamos... extasiados, não nos preocupamos com esse comentário.  E hoje, eu, principalmente eu, me arrependo de não ter dado a devida importância a um detalhe que tem feito toda a diferença no meu mundo que era tranquilo e silencioso.

Não há norma, limite ou... sei lá, conscientização por parte de quem coloca um barulho que vara a madrugada.  E o mais estressante é que sempre acontece nas madrugadas dos fins de semana, para meu total desespero e... desesperança.  Sim, porque quando nos mudamos a situação não era essa, passávamos noites maravilhosas, com o silêncio que é peculiar às madrugadas.  Porém, de uns tempos para cá, a coisa se tornou absurda e o que para mim era um paraíso se transformou num tormento sem fim e a vontade de me mudar fica cada vez maior.

Como já falei aqui também, morei durante grande parte da minha vida numa "comunidade", vulgo, favela, que é o nome verdadeiro.  Apesar das dificuldades típicas do lugar, não havia barulho algum e as pessoas, no geral, não costumavam ligar o som pelas madrugadas.  Pelo contrário, o que havia era uma espécie de campeonato de música, principalmente nos fins de semana, quando muita gente estava de folga e colocava seu som à potência máxima, numa competição até que engraçada, no afã de querer abafar o som do vizinho.  Roberto Carlos, Amado Batista, samba de raíz, pagode entre tantos outros estilos musicais era o que mais se tocava - até porque não havia essa porcaria de funk que existe hoje.  Era bem engraçado, porque chegava um momento em que não dava para entender nada, pois todos os sons se misturavam.  Até que, em determinada hora, já no começo da noite, todos se acalmavam, desligavam seus sons e o silêncio reinava absoluto.  Cresci acostumada com a ausência praticamente total de barulho, qualquer barulho e talvez por isso desenvolvi uma sensibilidade auditiva um pouco mais apurada.  Nesse quesito, eu era feliz e não sabia.  Hoje, vivo em pânico constante.

Existe barulho por todos os lados.  Por causa das obras da Transcarioca,  TODO o tráfego da rua principal foi desviado para a rua onde moro.  Mesmo morando nos fundos do prédio, ainda assim o som dos carros, ônibus, caminhões, betoneiras e dragas já chegam bem cedo em casa.  Até aí, paciência, pois por incrível que pareça, esse tipo de barulho não me tira do sério, talvez por eu não morar de frente para a rua, sei lá.

Mas há outros barulhos. Assim como as baratas, os carros de som se tornaram uma praga urbana e são típicos na zona norte e oeste da cidade, oferecendo os mais variados tipos de serviços e produtos.  Existe o carro de som do hortifruti e o que vende goiabada caseira e  queijo fresco.  Tem o carro de som que anuncia o próximo baile funk, a apresentação do circo, do cantor, do grupo não sei de quê.  Há também, por incrível que pareça, o homem do pão. Sim, em Campinho ainda existe quem venda pão de porta em porta, não em carros de som, mas pedalando uma bicicleta com um enorme cesto de palha cheio de pães fresquinhos, fofinhos, crocantes.  Pão de milho.  Pão de leite.  Pão doce.  E  talvez por causa do excesso de barulho, não há como gritar anunciando o pão, então, eles buzinam.  Eu até reconheço um toque de nostalgia no vendedor de pão, afinal, com a modernidade, vender pão de porta em porta nos remete a bucólicos tempos de outrora.  Mas a buzina estraga tudo.

E tem o incrível, fantástico, extraordinário, indefectível carro de som que vende pamonha.

Apesar de nunca ter experimentado, eu detesto pamonha.  Não gosto daquela trouxinha recheada com uma massa que não me cheira bem.  Acho até interessante sua forma artesanal, mas pamonha nunca me atraiu, pelo contrário, assim como tanta gente normal, não gosto daquilo que nunca provei, vai entender.   O carro que anuncia a pamonha fresquinha, fofinha, macia também não tem dia nem horário para amolar a paciência da gente.  E o que mais me chama a atenção é que todos, TODOS os carros de som que anunciam pamonha o fazem da mesma forma, já perceberam?  Por que anunciam da maneira mais chata possível?  Por que o som do carro de som que vende pamonha é tão insuportável, metálico, enjoativo, alto, incômodo? Acho que minha aversão à pamonha se dá mais por causa daquele jeito peculiar de ser anunciada do que pelo gosto em si. 

O egoísmo dos tempos atuais tem impedido as pessoas de pensarem no seu próximo.  Eu sei que isso é lugar-comum, mas um pouco de consideração aos vizinhos sempre faz bem, talvez mais até a si mesmo do que a eles.  Eu sei que quem mora na minha vizinha comunidade sofre muito mais com o barulho do que eu, assim como os outros moradores dos prédios ao redor.  Mas há quem, por incrível que pareça, nem se incomode, por costume ou conformação mesmo.  Sei também de lugares onde impera o tráfico em que os malditos bailes funk não têm hora nem volume com limite. Mas o excesso de barulho, principalmente de funk tem minado com a minha saúde.  A Regina Casé, a Xuxa e tantos quantos dizem amar essa porcaria não moram em lugares onde essa praga existe e toca no último grau de sandice.  Suas mansões situam-se bem longe dessa baderna e suas noites são tão silenciosas quanto o vácuo do espaço sideral, sem  funk, carros de som, muito menos os que vendem pamonha, que eu detesto. 

A cidade grande já é barulhenta por si mesma, e todos nós, em algum momento, não hesitamos em sentar a mão na buzina do carro 1 segundo após o sinal ficar verde.  Vivemos com as sirenes das ambulâncias, dos caminhões dos bombeiros, dos carros tunados, da polícia, dos rasantes dos helicópteros, do barulho  das motos envenenadas e dos carros de som que vendem de tudo um pouco. É muito barulho por nada, porque se barulho fizesse a gente chegar mais rápido em algum lugar pelo menos valeria alguma coisa.  

Há quem faça barulho quando vai dormir e quando acorda e quando chega ou sai de casa, pois ao pisar no seu chão está incomodando o teto do vizinho, com um salto alto, um cachorro sem educação, ou uma criança que cisma em jogar bola dentro de casa.  As propagandas de TV são altas, pode reparar.  Elas gritam seus produtos, a fim de chamarem a atenção para seu consumo.  As chamadas dos programas idem. Tudo é e está muito barulhento e quem cresceu no meio do silêncio, como eu, vive num esgotamento emocional cada vez maior.

Eu sei que eu me acostumei muito mal com a falta de barulho.  Fico observando Davi dormir com todo o barulho que me incomoda.  Ele vai num sono só e eu bem que gostaria de ser assim.  O pai é a mesma coisa, só que, como eu fico muito estressada, ele acaba se estressando também.  Apesar disso, talvez o único som que eu ainda tenho o privilégio de ouvir, em plena cidade grande - apesar de ser no Campinho - é o som do galo cantando.  Sim, no Campinho a gente ainda houve o galo cantar lá pelas 4 horas da manhã.  Algumas vezes também aparecem uns saguis, emitindo seu típico assovio e, claro, alguns pássaros comuns a vários lugares.

Sua cidade é calma, tranquila, silenciosa?  Você reclama do tédio, da falta de um "sacode" na pracinha principal?  Já não aguenta mais ser acordado pelo canto do galo?  O sino da igreja te incomoda, mesmo às 5 da manhã?  Você é feliz e não sabe, porque quem mora num lugar com alguma coisa perto de 1.000.000.000 de habitantes e não sofre com barulho é o sortudo da vez.  Há lugares maravilhosos por aqui, vilas residenciais tranquilas, ruas calmas, mesmo com o movimento do trânsito e APESAR dos carros que vendem pamonha, queijo fresco e goiabada.  Eu sonho em viver num lugar assim, mas, no momento, tenho que ter paciência e conviver com as consequências das minhas escolhas até um dia, quem sabe, poder me mudar para um lugar mais tranquilo e menos barulhento.

Aliás, eu já disse que eu detesto pamonha?

Craftices: Tábua de Carne e Colheres de Pau

Coisa simples, rápida, barata e bunitinha. Sabe quando aquelas suas colheres de pau já deram tudo da vida nas suas panelas e na cozinha?  Pois é, de vez em quando temos que substituí-las por novas, sejam de madeira/bambu - que eu particularmente prefiro - ou de qualquer outro material, como plástico - que eu detesto - ou de silicone - que é um ótimo  material, mas que eu às vezes não confio muito na sua resistência.  E aí,  o que se faz com as colheres de pau quando elas ficam velhas e acabadas?  Muita gente aproveita para usá-las como suporte de plantas ou vão ao lixo mesmo, sem dó nem piedade. 

Algumas dessas colheres de pau da minha cozinha, coitadas, estavam já muito escuras e cheias de queimaduras, marca de alguns anos de trabalho árduo e forçado.  Então, resolvi dar a elas uma aposentadoria digna dos serviços prestados em fazerem comidas e sobremesas que alegraram muitos dias da minha vidinha.





Comprei uma tábua de carne de madeira que me custou a  pequena fortuna de R$ 3,00, passei base acrílica na tábua e nas colheres e depois 2 demãos de tinta acrílica branca em todo mundo. 



Na tábua, colei um pedaço de pano verde com pintinhas brancas.





Depois, com a super amiga cola quente, colei as colheres de pau.  Depois apliquei verniz em spray no enfeite já montado.  Havia 4 colheres, mas como a tábua não era lá tão grande assim, só couberam essas três mesmo.  Tentei alguns arranjos das colheres na tábua, mas o que eu achei que ficou mais hermoso foi esse assim mesmo, duas para cima e uma para baixo.










Como as paredes da minha cozinha estão meio ocupadas demais, aproveitei e coloquei o enfeite na porta mesmo, para que ela saiba que, apesar de seu ar blasé, ela também faz parte da cozinha.

E se você tem mais colheres de pau ou alguma tábua de madeira que não queira mais e não sabe o que fazer com elas e gostou dessa ideia e não quer encher sua cozinha com mais coisinhas bunitinhas, aproveite e faça para presentear alguma amiga.  Que tal?


Compensações e Satisfações

Quem nunca ouviu ou mesmo já pronunciou a célebre frase "Eu vou dar tudo o que não tive ao meu filho?"  E aí, a pessoa sai desarvorada para atender aos mínimos caprichos de sua criança e, ao invés de criar uma pessoa, acaba alimentando um monstrinho que irá crescer e achar que o mundo gira em torno e em função do seu umbigo.  Para "caprichos" entenda-se coisas materiais, talvez na grande maioria das vezes.

Acredito que esse pensamento saia da mente de pessoas que não somente não tiveram TUDO o que quiseram, mas também não se contentaram com o que lhes foi proporcionado, o que lhes causou uma enorme frustração.  Uma vez que a vida lhes dá filhos, então essa pessoa vê uma grande oportunidade de realizar-se na sua criança.  Ei, então, a grande chance de compensar as suas frustrações.  Uma bicicleta, um par de tênis, uma viagem, enfim, coisas que podemos almejar ter quando crianças e que, por razões diversas não pudemos alcançar e que hoje nos esforçamos até sangrar para que nossos filhos tenham e não venham a se frustrar.

A gente sabe que não dá para ter tudo, até porque muito do que quisemos no passado ou queremos hoje pode não ser mais o nosso objeto de desejo algum tempo depois.  Por outro lado, focar nas nossas frustrações infantis e compensá-las nos filhos não vai resolver o problema, já que as necessidades não somente mudam como são totalmente diferentes.  Infelizmente, no afã de agradarmos mais do que educarmos, criamos necessidades totalmente fora de objetivos.  Damos por dar, tão somente, e associamos a felicidade da criança à condição de posse, principamente de bens materiais. E por que estou falando tudo isso, talvez sem muito nexo? Vamos lá.

Uma vez que a avó do Davi teve um princípio de isquemia, tive que voltar a levá-lo para creche, dessa vez bem cedo, de forma a não atrapalhar a minha chegada ao trabalho.  O pai fica responsável em buscá-lo, coisa que raramente eu faço e quando isso acontece eu fico numa alegria que nem consigo descrever.  Ontem, por exemplo, foi um desses raros dias em que tive essa oportunidade.

Fiquei esperando que ele acabesse de jantar - e ele nem sabia, claro, que eu é que iria pegá-lo - e observando as demais crianças que começavam a encontrar seus responsáveis para irem para casa. A alegria que elas irradiavam em ver seus pais, avós ou tias é uma coisa mágica. E isso não é privilégio daquelas que já sabem andar ou correr: até os bebês se transformam quando percebem que suas mães chegaram.

Esse momento de buscar a criança na creche é, a meu ver, uma das coisas mais importantes que se pode viver nessa fase da infância.  É uma das formas de se passar segurança a elas, de mostrar que não iremos abandoná-las ou esquecê-las.   Eu não tive ou sequer me lembro de ter tido isso, pois como entrei na escola com quase 7 anos eu já ia e voltava sozinha.  Depois, fui estudar na mesma escola onde minha mãe trabalhava e, então, não vivi esse momento "mágico".

A alegria que Davi sentiu ao me ver no portão compensa todas as minhas frustações, porque quando posso dou para ele esse "tudo o que não tive", que é exatamente esse momento de reencontro.  Como eu gostaria de poder buscá-lo todos os dias, mas.... não dá para ter tudo, não é?  Mas é na simplicade desse momento considerado de rotina para tanta gente que eu proporciono para ele e principalmente para mim uma satisfação que bem material algum é capaz de suprir. 

Talvez essa percepção venha de quem não tem a oportunidade de fazer isso todos os dias.  Assim como eu, existem várias mães e pais que perdem muito com essa vida moderna e atribulada, sem a chance de buscar sua criança na escola ou de assistir a uma apresentação ou mesmo a alguma atividade de seus pequenos.  

Claro que muitas vezes me sinto frustrada por não ter condições de dar para ele brinquedos e roupas cara,  viagens ou outros tipos de bens materiais, porque... não dá para DAR tudo, não é?  Ou bem a gente proporciona uma boa escola ou gasta dinheiro com coisas que podem ser obtidas ao longo da vida.  Além disso, com meus pés fincados no chão, não pretendo criar Davi numa atmosfera em que ele tenha que ter todos os seus caprichos atendidos só porque eu, lá na minha distante infância também não fui atendida nos meus.  E, vamos combinar, a vida e o mundo não serão tão bonzinhos com ele como eu e seu pai somos.

Voltamos a pé para casa e enquanto caminhávamos ele foi perguntando "o que é isso" a qualquer coisa que aparecia à sua frente e eu respondia: "é um muro, é a árvore, é o carro...".  Até que em dado momento, do nada, ele se agarra nas minhas pernas e diz: "Eu te amo, mamãe."

Pronto, ganhei o dia!

Crianças e Propagandas

Houve um tempo em que existiam propagandas de cigarros com imagens de crianças.  Se isso pode ser aterrorizante hoje, em outras épocas era a coisa mais natural do mundo, pois o fumo não era considerado como droga ou vício, pelo contrário, era sinal de status.  Acho que, ainda hoje, o fato de fumar, pelo entre adolescentes, ainda sinaliza uma mensagem do tipo "sou dono do meu nariz" entre a garotada, mesmo que eles saibam que o fumo faz muito mal à saúde.

A modernidade nos trouxe uma maior preocupação em termos uma vida mais saudável e o tabagismo tem se tornou um grande vilão nas últimas décadas.  Por outro lado, a alimentação rica em sódio, carboidratos e açúcares tem formado uma geração de crianças obesas, diabéticas e cardíacas, numa infância regida pelo sedentarismo da TV e dos games de computadores.
 
Enfim, cada geração com suas malignidades...












As imagens são daqui

Craftices: Páscoa e Pintura de Cascas de Ovos

Este ano, mais uma vez e novamente, fiz a cestinha de Páscoa do Davi numa correria só,  pois o que eu não queria mesmo era que ele tivesse apenas ovos comerciais.  Dessa vez, dispensei a minha técnica ucraniana de pintar cascas de ovos e, no meio do desespero total e absoluto, eis que a Vila do Artesão salvou a minha pele com essa postagem sobre pintura em cascas de ovos.  E, como diz o próprio título do post de lá, foi vapt-vupt meeesmo.

No sábado - veja, no sábado ANTES do Domingo de Páscoa - lá fui eu me jogar no Mercadão de Madureira (você que conhece, feche os olhos e mentalize o Mercadão de Madureira às vésperas de uma data como a Páscoa, tipo assim...).  Como eu já vinha juntando as cascas de ovos há umas 3 semanas, então era só comprar as anilinas para alimentos, palhas e papel crepom, o que eu bem poderia ter feito com certa antecedência, já que eu trabalho no centro da cidade e perto do Saara, onde existem váááárias lojas que vendem artigos para festas e afins.  As únicas coisas que eu comprei antes foram os sacos plásticos e os laços para embrulhar as cestinhas.  E isso foi na quinta-feira.  Pouca vergonha define.

Pois muito que bem, cheguei em casa esbaforida e lá fui fazer as pinturinhas, que foram bem fáceis.  Por causa dessa minha "falta de ciso" em fazer as coisas com um mínimo decente de antecipação, acabei secando os ovos com secador de cabelo.  Claro, não tirei fotos do processo, até porque o PAP do post acima citado é bem didático.  Olha, não fosse a facilidade em fazer essas pinturinhas eu estaria lascada-da-silva.




Depois, juntamente com a avó do Davi, comecei a forrar as cestinhas com papel crepom, contando as gotinhas de cola quente, que também havia esquecido de verificar o que eu tinha em casa e também de comprar!  Gente....



Aproveitei e comprei uns confetes de chocolate, além de fazer a tradicional farorinha de amendoim doce para  encher as casquinhas. A avó do Davi foi colando uns pedacinhos de papel crepom nos buracos dos ovinhos e os arrumando nas cestinhas, porque eu fiz 1 cesta maior para o Davi e outras menores para seus amigos vizinhos:  Dudu, Lucas e Isabella, essas aí da foto abaixo.  Davi foi entregá-las a eles, mas quem mais se surpreendeu foram seus pais, basicamente por causa dos ovinhos pintados.


No domingo pela manhã, acordei rapidinho e espalhei alguns ovinhos de chocolate no chão, de forma que se formasse um pequeno caminho que levava à cesta.  Dessa vez eu não coloquei patinhas de coelho porque.... eu não comprei a tempo de chegar antes da Páscoa!!!  Quando ele acordou, eu fiz um pequeno teatro simulando uma surpresa e perguntando quem havia colocado aqueles ovinhos ali.  Ele respondeu: Foi você, mamãe! Pano rápido.  O guri foi seguindo o caminho e quando se deparou com a sua cesta cheia de chocolates soltou um "Ãh!" tão gostoso, que percebi que ele realmente havia ficado surpreso.  Claro que não comeu quase nada dos chocolates, mas vi que ele gostou bastante dos ovinhos pintados e da farofa de amendoim, que ele milagrosamente comeu, já que não é lá muito chegado a coisas doces. Mas o que ele mais gostou de tudo, mesmo, foi o Batman que veio dentro desse ovo que está no meio da cesta. 





E é aí que eu acho legal essa história de fazer as coisas em casa, porque é muito fácil ir numa loja e comprar vários chocolates e ovos, mas a história que fica - pelo menos para a minha experiência materna - é essa correria, esse trabalho manual, mesmo que mambembe, artesanal, em fazer alguma coisa ao invés de comprar tudo pronto.  O caminho fácil nem sempre é o mais gostoso e o que fica na nossa memória, porque, ao final, tudo fica muito igual.

Veja que não é nada sofisticado, com coisas caras e cheias de detalhes técnicos e muito elaborados ou com chocolates importados, nada disso.  Porém,  eu considero que qualquer coisa que se faça com as mãos para dar a alguém tem muito mais valor.  Tanto no Mercadão de Madureira quanto em vários outros lugares havia cestas prontinhas e até mais elaboradas do que essa, era só comprar e pronto.  É a diferença do artesanal que faz toda a diferença, por mais óbvio que seja.  Sabe aquela coisa do "fui eu que fiz!"?  É por aí.

Na próxima Páscoa eu prometo a mim mesma irei me esforçar mais em preparar as coisinhas do Davi com mais antecedência, já que ele está crescendo e começa a curtir essa vibe de datas festivas, como a Páscoa (mesmo que não embarque muito nessa história do coelhinho e tal), e também para não precisar sair desarvorada para o Mercadão de Madureira, que parecia mais um formigueiro humano de tanta gente comprando bombons e ovos de chocolate.  Ô vida dura!


Autismo


Uma singela homenagem às crianças e suas mães maravilhosas, nesse dia tão especial.  Importante e nunca demais é lembrar que, assim como qualquer síndrome ou doença, quanto mais cedo for o diagnóstico, mais rápido e fácil será o tratamento e a recuperação.


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Vida agitada, pouquíssimo tempo, algum desânimo, coisas normais de uma vida com muitas obrigações e poucas distrações têm me deixado um pouco distante deste meu cantinho.  Mas aos poucos vou me recuperando, tentando tirar forças e estímulos sei lá de onde.  Davi é minha razão para continuar, de me fazer levantar todas as manhãs e querer que as circunstâncias da vida fiquem mais amenas.

Obrigada a você que passa por aqui.  Saiba que sua presença também é um estímulo para eu continuar caminhando.