Craftices: Entrando no Armário e algumas Batatas

Existe um ditado que diz: Assim é se lhe parece.  Ou seja, às vezes a gente vê uma coisa e pensa que é aquilo, mas não é exatamente, mas passa a ser se você assim quiser que seja.  Acho que esse ditado se encaixa muito bem no mundo das craftices, em que a gente aprende a mudar ou adaptar um móvel ou um objeto, dando uma função ou uma cara nova a ele.

Quando eu fiquei grávida do Davi só me preocupei em comprar os móveis do quarto uns 3 meses antes do nascimento e só comprei apenas a cômoda e o berço porque achei que não havia necessidade, pelo menos naquele momento, de comprar um guarda-roupas (e naquela época eu não era viciada em craftices).    Mas aí o tempo passou e as roupas cresceram de tamanho (mais do que de quantidade...) e onde antes eram guardados alguns macacões já havia blusas, camisas e calças compridas, além de sapatos, pois a cômoda tem gavetas mas também uma pequena parte que serve para pendurar roupas.  Tudo junto e misturado.  E amassado.

Comecei a pesquisar armários que coubessem num espaço específico do quarto e do orçamento. Alguns eram grandes demais, outros, pequenos demais, largos demais, infantis demais, vagabas demais, caros demais, até porque, como o berço e a cômoda não são brancos, os armários da cor de caramelo (?) são mais caros. Aí eu me lembrei que tenho um armário de escritório lá no famoso "quartinho" onde eu t-e-n-t-o guardar as coisas arrumadas. Depois de medir daqui e dali, recebi a proposta de patrocínio da avó do Davi para um armário novo porque aquele já está bem baleado.


E então, compramos um armário de escritório para servir de guarda-roupas do Davi!  Montamos em casa mesmo (eu e o maridão, e dessa vez eu colaborei muito), fixamos o suporte para pendurar as roupas e o colocamos no lugar.  Coube certinho no espaço e ficou do jeitinho que eu esperava, mas o agora guarda-roupas continuou com....cara-de-armário-de-escritório...


Até que, visitando o blog da Rita Vieira, o Pinto mas não Bordo, vi a ideia dela sobre um armário de escritório que é igual ao meu velhinho e decidi ir em busca de alguma estampa que não fosse infantil demais nem criança-grande demais e acabei optando também pela estampa do Romero Britto. Usei 2 rolos de contact de 2 metros cada comprados na Kalunga, que custaram R$ 10,90 cada.  Aproveitei também para trocar os puxadores porque o original era tão safado (de plástico) que quebrou no primeiro dia de uso.

E aí o armário ficou assim:


Gente, quando o Davi olhou começou a gritar e a pular de tanta alegria!  Porque essa estampa é realmente muito alegre, não é nem muito para bebê nem muito para menino com mais de 5 anos, ou seja, se adapta em várias circunstâncias.  Ele simplesmente a-d-o-r-o-u!  E as roupas ficaram bem arrumadas e distribuídas ali dentro, os sapatos nos lugares e tudo o mais.  Eu pessoalmente também gostei muito.  Até o Mate gostou!


Aproveitei a onda, me animei e troquei os cabides, que ainda eram... cor de rosa!


Pô, mãe!


Pois é, sabe aquelas coisas que você vai deixando para fazer depois e depois e depois -  o nome disso é empurrar-com-a-barriga (e que barriga!) -, eu estava com uma preguiça monstro de trocar os cabides das roupas do Davi, olhava uma coisa, olhava outra e não me animada nunca.  Até que o novo armário-de-escritório-guarda-roupa me deu um tapa e acabei decidindo por uns cabides simples mesmo, mas pelo menos são azul, né.
Agora sim, mãe!

Ah, sim, você não sabe ou não se lembra porquê os cabides eram cor-de rosa?  Eu explico um pouco aqui.

Mas voltando ao blog da Rita Vieira, minha dica é a seguinte: quando acessar o Pinto mas não Bordo vá de barriguinha cheia porque a moça brinca com as panelas!  É cada coisa tão gostosa que dá vontade de entrar no monitor e sair lá dentro da cozinha dela.  Além da Rafaela, a filhota delícia, que é pura fofura! 

E já que era para fazer o trabalho completo, fui testar uma das maravilhosas receitas que tem lá, que se chama Batata ao forno da Gleice.

Ao invés do Fondor, usei sopão de cebola misturada com o creme de leite e deixei as batatas alguns minutos na mesma água onde fervi a linguiça (não me pergunte qual foi!).  Fiz numa forma de pão pequena porque se errasse não perderia tanto material, né.



 Coloquei o bacon e a linguiça picadinhos e fritinhos.  E foi só até aí que eu lembrava da receita porque eu me esqueci de anotar ou de imprimir!


Como eu não me lembrava da cobertura, acabei colocando um requeijão que tinha na geladeira  (quele requeijão que é pastoso, não é aquele de copo - era o que tinha) e que dissolvi com um pouco de leite (a necessidade fez o sapo pular, gente!). Salpiquei um queijo parmesão por cima e coloquei no forno.


Ó, ficou muito bom, e meu público - super exigente - aprovou a receita da Rita (e da Gleice). E da próxima vez eu faço tudinho conforme a receita porque eu acho que vai ficar uma delícia-delícia-assim-você-me-mata de tão gostoso.



E assim como no blog da Rita, aqui a gente também tem comida, diversão e arte.

Viu, Rita, eu te-romero-brittei e te batatei!  Agora me-manda-beijos-e me-dá-nota-10!


Há de se ter Coragem


Não sou da "geração Xuxa".  Por mais incrível que pareça, nunca assisti àqueles programas infantis que passaram nos anos 80 e 90 (Xou da Xuxa, Planeta Xuxa, enfim).  Apesar de ter querido um par de botas brancas, que deixavam as pernas com aparência de engessadas, nunca tive paciência com aquele tatibitati dela e ainda hoje sua voz me irrita bastante.  A minha impressão - e eu tenho certeza que é a de muita gente também - era a de que Xuxa havia se prendido àquele estereótipo,  que era uma mistura de menininha com tia da escola, pois seu comportamento meio imaturo muitas vezes se refletia nas suas falas e crenças, como seu esquisito relacionamento com duendes, por exemplo. Mas, cada um é cada um e a gente gosta de quem quer.

Nem por isso fiquei indiferente ao depoimento dado por ela no Fantástico, no último domingo, em que revelou ter sofrido abusos na sua infância e pré adolescência.  Não acredito que Xuxa tenha mentido, já que não lhe faltam fama, sucesso e dinheiro - motivos para atrair os holofotes da mídia - portanto, creio que o seu depoimento tenha sido verdadeiro e talvez doloroso.  Mas cheio de coragem.

A violência sexual, diferentemente da violência física, deixa marcas na alma e, e se a alma não for tratada e curada, fica latente por toda a vida.  Não que as agressões físicas e verbais sejam menores, mas me parece que o ultraje ao corpo ainda em formação, muitas vezes feito por algum familiar ou conhedido da família faça alguns estragos bem medonhos na vítima.

Na minha opinião, já que não tive a infelicidade dessa experiência, imagino que querer falar, denunciar e não ter o crédito de quem deveria ser o ponto de apoio - no caso, os pais - traga uma dor terrível para quem sofre abuso sexual.  Imagino que seja como gritar de desespero e não ser ouvido e o que não faltam são casos assim, em que a criança é abusada e ao tomar coragem para contar para seus pais ou responsáveis o que recebe é o descrédito de suas palavras - em alguns casos algumas até são punidas.  Ou, talvez, ainda pior: quando a mãe SABE e não toma nenhuma iniciativa, pelo contrário, às vezes se volta contra o próprio filho, tornando-se tão criminosa quanto o próprio criminoso.  Não, eu não consigo entender esse comportamento e não faço a menor ideia do que é passar por isso.

O que faz com que a impunidade tenha espaço é exatamente a omissão, mas não podemos nos esquecer que, assim como aconteceu com a Xuxa, muitas crianças simplesmente não conseguem ter coragem para denunciar seus agressores, ou por que são ameaçadas por eles ou porque não encontram nos seus pais o conforto da segurança para tomarem essa atitude, muitas vezes por puro medo de suas reações.

Ninguém está imune a essas coisas, porém, eu acredito que a coragem tem que partir de nós, pais, para proteger nossos filhos e fazer com que eles vejam em nós pessoas em quem podem confiar totalmente.  E que nós, pais, não tenhamos medo de defender nossas crianças, mesmo nessas situações tão absurdas, que às vezes envolvem rompimentos familiares definitivos. Mas a nossa coragem será a coragem deles.

Parabenizo a Xuxa pela coragem em se expor a esse nível e que esse gesto não seja em vão, mas que injete também coragem nos pais e mães em situações como essas.

Disque 100 Nacional, contra abusos infantis, de qualquer espécie.

Crianças podem fazer musculação?

Matéria de Renato Dutra na revista Veja nesta semana.



Notei em algumas academias e clubes uma frequência de praticantes cada vez mais jovens, alguns ainda no início da adolescência. Isso me fez lembrar toda a controvérsia a respeito do tema, pois muitos médicos são contrários à prática de musculação nessa faixa etária. Mas afinal, o que os estudos têm a dizer a respeito?

Uma revisão feita por dois médicos de Salvador (BA) e publicada na Revista Paulista de Pediatria traz informações importantes para pais que querem estimular a prática da atividade física sem provocar efeitos negativos sobre o crescimento e o desenvolvimento de seus filhos.

Abaixo, cito as principais recomendações dos pesquisadores:

1 – O exercício físico leve a moderado, de forma geral estimula, o crescimento e deve ser incentivado. A atividade física extenuante, principalmente quando associada à restrição dietética, afeta o crescimento, o desenvolvimento do adolescente na fase puberal, a função reprodutiva e a mineralização óssea. O treinamento de alto rendimento deveria acontecer somente para os adolescentes mais velhos, que já apresentam estágio de maturação óssea finalizado.

2- Quanto à prática de musculação por crianças e no início da ado­lescência, algumas pesquisas a consideram prejudicial. Outras, porém, sustentam que ela pode ser benéfica, desde que seja bem supervisionada. Aqueles que são contrários à prática alertam sobre o potencial risco de lesão da cartilagem de crescimento e de fechamento precoce dessas estruturas, como resultado de sobrecarga excessiva. Isto é particularmente importante em crianças com baixa estatura que, na tentativa de compensar a baixa altura com o aumento da massa muscular, podem prejudicar ainda mais seu potencial de crescimento.

O efeito benéfico e seguro da musculação em crianças se observa em progra­mas experimentais que utilizam pesos sob supervisão de instrutores, com freqüência de duas a três vezes por semana. Nesses casos, mesmo em crianças pré-adolescentes, ocorre um aumento de força e resistência muscular em resposta a adaptações neuromusculares, na ausência de hipertrofia muscular, com baixo risco de lesão e sem afetar negativamente o crescimento.

Em resumo, é preciso muito cuidado ao permitir que pré-adolescentes façam musculação. Apenas cargas moderadas, com dois ou no máximo três treinos semanais, e sempre supervisionados por profissionais qualificados. Na ausência destas condições, o ideal é esperar pelo término da fase de crescimento dos filhos, para evitar danos aos jovens esportistas.

Para saber mais:
Alves, C. & Villas Boas Lima, R. :  Impacto da atividade física e esportes sobre o crescimento e puberdade de crianças e adolescentes.  Rev Paul Pediatr 2008;26(4):383-91.
Por Renato Dutra



A Pior Mãe do Mundo! E do Campinho Também

Se existe uma coisa que mais enlouquece as mães é quando a criança se recusa a comer, porque é nessas horas que eu acho que o instinto de sobrevivência maternal fica mais evidente, afinal, a gente não quer que a nossa criança morra de fome (coloque um tom bem dramático na frase morra-de-fome, ok?).  A menos que seja alguma coisa muito, super, hiper, mega, fantasticamente esquisita e séria, que leve a criança a não ingerir N-A-D-A, ela não vai morrer-de-fome, porque quando a fome bater com força a criança vai comer, muito ou pouco, seja um biscoito ou um prato de comida, mas ela vai comer e não vai morrer-de-fome. 

Davi está nessa fase: não come absolutamente nada, nem em casa nem na creche e isso me enlouquece. Vive à base de mamadeira, biscoito de maizena ou polvinho e alguns goles de suco ou água e a gente sabe que essa não é a melhor forma de viver, porque uma das coisas que mais deixam as mães felizes é quando sua criança bate um prato bem bonito de arroz com feijão, legumes, frutas, sucos, vitamina.  A gente até sente que a nossa barriga está cheia quando a barriguinha deles está forrada.

No domingo logo após o almoço a caipirada do Campinho encheu o automóvel e foi passear na praia de Copacabana,  já que os últimos fins de semana foram praticamente enfurnados em casa.  Apesar do sol, o tempo não estava lá essas coisas todas porque ventava muito frio.  Nem por isso deixamos de fazer um programa que gostamos muito, que é tomar sorvete no Alex, que é tudo o que resta em termos de sorveteria com sabores variados aqui nessa Cidade Maravilhosa (já falei da escassez de sorveterias nessa terra, aqui).  Davi, que até outro dia se esbaldava num sorvete, fez caras e bocas e não quis quase nada, apenas deu uma bicadinha no sorvete de damasco e eu acho que foi isso que provocou o desarranjo.

Durante a madrugada teve 2 diarréias bem feias, aguadas, grandes.  Tomou um pouco de Floralyte e comeu 2 biscoitos de cream cracker.  Pela manhã, como estava bem e não teve diarréia, resolvi levá-lo para a creche.  Só que assim que eu cheguei no portão, broooooooooounghgonghguonhg.  Foi o tempo para trocar a fralda lá dentro da creche mesmo e ir direto para o Pronto Socorro, AMIU, que era a menos longe de casa.  

Depois de 2 horas de espera, a médica o colocou no soro - 2 bolsinhas e mais 1 glicose.  Voltamos para casa 6 horas depois e foi quando comecei a notar que os olhos de Davi estavam inchados, como se ele tivesse chorado muito, mas como achei que não era nada demais, até porque a médica fez a revisão e não comentou nada, deixei passar.  E à noite fomos à pediatra, que já estava marcada, e assim que ela olhou o Davi, foi logo perguntando:  por que ele está com os olhos inchados?  Eu contei sobre o soro e ela: mas a médica não passou nenhum diurético?  Eu disse: Não! E ela: Mas ela sabia que ele tem cardiopatia congênita?  Eu respondi: É.... eu acabei não comentando isso...   Aí, pronto.  Ela me passou um belo sabão, porque disse que a médica entupiu Davi de soro e ele acabou retendo líquido e sendo cardiopata o ritmo cardíaco dele poderia ter se elevado por causa da quantidade de líquido no corpo, e ele deveria ter recebido um diurético assim que o soro acabou.

E como Maysa cantava, meu mundo também caiu!  Me senti a pior mãe do mundo. E da Freguesia, do Campinho e de Madureira.  E da praia de Copacabana e do Alex também.  Porque eu achei que não havia necessidade de dizer que Davi é cardiopata, coisa que o pai dele sempre faz quando o leva a algum Pronto Socorro, o que faz com que ele tenha prioridade no atendimento.  Portanto, não somente nós não teríamos mofado na AMIU por tanto tempo como ele poderia ter sido tratado com um diurético.

Depois de virá-lo e revirá-lo, Drª Andréia disse que estava tudo bem, mas que da próxima vez que ele fosse atendido como prioridade, porque não era uma questão de querer passar na frente das demais crianças ou de tirar proveito da situação, mas porque, não importa se a C.I.V. está fechada ou não - e além disso tem a estenose da veia pulmonar - ele tem que ser atendido no menor tempo possível e dentro das características de um cardiopata (se tomar soro tem que tomar diurético, por exemplo).

Só não me senti péssima porque Davi é uma fortaleza e já ontem mesmo começou a desinchar.  Seus olhinhos já estão quase normais e a fase aguda da diarréia passou.  Mas ainda continua sem querer comer direito.

Ah, sim, aproveitei também para perguntar à Drª Andréia sobre a estatura dele e após ser medido, ela mostrou no gráfico da caderneta que ele está na altura certa para a idade e que é bem provável que vá medir em torno de 1,75 m de altura quando adulto.  Coisa boa, não?

Mas... quem disse que eu estou satisfeita?



 Gente, como é difícil tirar fotos do Davi?


E ele não pode ver um cachorro que vai logo se atirando.  Ele não tem o menor medo e se o cachorro começa a latir, ele começa a gargalhar!  Eu, heim!




Meu futuro "jardim mexicano".  Já pintei as gavetas e alguns vasinhos, agora é só ter a maior-paciência-do-mundo e ver quais plantas poderão sobreviver àquela varanda sangrinolenta, onde todos os tufões resolvem se encontrar e ceifar toda a flora que ali estiver vivendo (tradução: as plantinhas das varandas vivem à beira da morte, ou por causa do vendaval que às vezes bate ali, ou por causa do sol inclemente, ou por falta de cuidados da dona. Ou por causa de tudo isso junto e misturado).



Donna



Eu sempre, desde muito nova, fui ligada em música.  Me lembro de ouvir Cat Stevens, Roberto Ribeiro, Maria Betânia, Elis Regina, João Nogueira, Gonzagão e Belchior ainda bem nova, com 7, 8 anos.  Ou seja, eu cresci ouvindo só a "nata", o que existia de filé mignon em termos musicais, nacionais e internacionais.  Me orgulho muito disso, e não falo com pouca modéstia, porque admirar boa música não é arrogância - deveria ser obrigatório.

Como ainda era muito criança nos anos 70, por óbvio que não vivi essa época chamada "dance music", onde surgiu o fenômeno da Discotheque, mas ainda assim curti algum restinho desse tempo em que as pessoas saíam para dançar e se divertir, lá pelo início dos anos 1980.  Ainda tive a "sorte" de aproveitar algumas matinês e alguns bailes "charm" onde se podia dançar e se divertir sem descer o nível para a promiscuidade e degradação feminina.

Ontem perdemos, mais uma vez, uma voz que marcou uma época: Donna Summer.  Seu nome está diretamente ligado à disco music e eu duvido que alguém consiga ficar parado quando ouve Lets Dance ou Bad Girls.  Porque quando a coisa é boa ela ultrapassa o tempo, e se alguém colocar Donna Summer para tocar, não importa se viveu aquela época ou se nasceu há 20 ou 15 anos, vai dançar e se divertir muito.

Em tempos onde o que se tem é baile funk do nível de uma Valesca Popozuda e Mc Catra, em que a mulher é chamada de cachorra (para não escrever o impublicável), acabo tendo saudades do tempo que não vivi, pelo menos plenamente como alguém que viveu os anos 70, com suas músicas e cantores maravilhosos, em que as pessoas saíam de casa, não para se encher de ecstasy ou energético e ter coma alcoólico, muito menos para ficar simulando ato sexual como se dança fosse, mas para se divertir.  Não que aquela geração tenha sido inocente, ingênua, pura ou melhor do que as outras.  Ela também teve defeitos, como todas as gerações tiveram e terão, mas pelo menos tiveram o privilégio de testemunhar e curtir Donna Summer e tantas outras do mesmo quilate.

Obrigada, Donna, por fazer parte de eternas memórias de muita gente.








O Dia e as Mães

Ser mãe é muito bom. Bom mesmo, e não há uma explicação razoável para essa sensação que é também meio esquisita.  Porque eu acho que ser mãe é ter muita coragem.  Coragem para se colocar no mundo um pedaço de você mesma e abrir mão desse pedaço para o mundo, porque, na verdade e no futuro, esse pedaço, apesar de ser seu, não te pertencerá mais.  

Não é confuso, isso?  Porque eu acredito que lá no fundo, no fundo mesmo, na grande maioria do fundo das mães o que se quer é ter esse naco de carne por perto.  Para sempre.  Mas nem sempre é possível.  Quase nunca é possível.   E ter a coragem de fazer um filho e expô-lo ao mundo é uma coisa bem esquisita. É como se expor duas vezes porque, afinal, não é um pedaço da gente?

O filho da gente é unico.  Não importa se seja esteticamente feio ou deslubrantemente belo.  É a nossa cria, aquela pessoa que saiu das nossas entranhas e agora tira a gente do sério, rouba as nossas noites de sono, a nossa atenção, a nossa vez, as nossas vontades e o nosso amor, incondicional. 

Claro que a gente sabe que colocar filho no mundo nem sempre significa se tornar mãe, porque nem todas as mulheres nasceram para a maternidade, apenas procriaram, às vezes por um acidente de percurso.  Mas se tornar mãe e entrar na maternidade é uma experiência maravilhosa e, repito, bem esquisita.

A figura materna é, no geral, bem parecida.  Tanto aqui como do outro lado do mundo, os comportamentos não são muito diferentes.  Mas as mães latinas são um caso à parte.  A força da imagem materna na  nossa cultura beira à santidade, talvez por causa da influência religiosa impregnada na nossa história.  Tanto é que o xingamento à mãe de alguém muitas vezes é até motivo para se cometer um crime - menor, claro, do que o crime de se xingar a mãe de alguém.  Numa discussão, qualquer insulto é válido, desde que não se jogue a mãe no meio, porque aí já é covardia.  Sacrilégio. Pecado.  Não sei se por causa dessa devoção quase fanática às mães, muitas delas - as veneradas - incrementam mais o uso das chantagens emocionais com seus filhos.  E não adianta, depois que a gente entra na maternidade também faz muita chantagem emocional-maternal.

Depois do Natal o Dia das Mães é a data mais comemorada que temos por aqui.  Neste ano, os ovos de Páscoa que restaram ainda não haviam sido retirados das gôndolas e já havia anúncios sobre o Dia das Mães.  Uma variedade de kits de perfumes, maquiagens, celulares, flores e corações de pelúcias inundaram as lojas de todos os lugares.  Como acontece no 2º domingo do mês de Maio, quem não fez reserva  encara filas imensas nas portas dos restaurantes, não sem antes ter se rasgado todo para comprar alguma coisa, nem que seja uma "lembrancinha", afinal, todo o sacrifício é válido, não é?

É assim todos os anos e assim será, afinal, Dia das Mães é praticamente um feriado santo porque toda essa movimentação fica bem parecida com alguma festa religiosa, não é mesmo?  E mesmo que seja uma besteirinha, não adianta, se a gente não se lembrar ou não for lembrada nesse dia é como se fosse xingada.  E xingar a mãe não vale, é covardia, sacrilégio e pecado.  E tenho dito!




Passamos o Dia das Mães em casa, porque:

1. Choveu muito.

2. Aprendi que sair para almoçar no Dia das Mães é quase o mesmo que ir para a final de um jogo de futebol: multidão e correria, porque não há um lugar, um sequer, que não tenha uma montanha de gente enfileirada esperando vaga para sentar ou estacionar.  Tô fora!

Continuando...

Parece que Davi terá que continuar a ter que fazer dilatações, já que o canal da uretra continua muito apertado e o xixi sai muito fino.

Ainda se recuperando da pneumonia, na sexta-feira passada Davi foi diagnosticado com sinusite - porque apesar do meu amor venerado pelo outono, ele é cruel principalmente com as crianças.  Além do corticóide e do antibiótico, tivemos que ministrar um histamínico.  Ligamos para o Dr. Martinelli, que pediu para suspender os medicamentos na terça-feira, já que se havia passado tempo mais que suficiente para a retirada dos pontos.

Não vou dizer que voltamos ao marco zero mas parece que voltaremos à rotina de dilatações, outro sinônimo para anestesias e centros cirúrgicos.

É só vivendo dentro dessa situação para a gente aprender a não criar muitas expectativas, porque - como eu já falei diversas vezes aqui - o processo de hipospadia é longo, cansativo e um pouco frustrante, cheio de altos e baixos.  Claro que há outros tratamentos médicos que duram muitos anos, dificílimos e dolorosos, muito mais do que este.  Mas este também tem seu nível de estresse, de desgaste, porque quando a gente pensa que é a última-alguma-coisa, não é bem assim, porque depois dessa última tem outra última sei lá o que, que é seguida de alguma outra última.

E quando uma enfermeira viu Davi passando e falou: nossa, como ele está crescendo, eu me dei conta de que parece que já somos parte dos quadros da Prontobaby, porque... oi?


Momento Neuras & Confissões: Davi está há 2 semanas dentro de casa, o que significa manha no grau 1000.  Eu ando muito, muito & muito cansada, porque saio cada vez mais cedo de casa e volto cada vez mais tarde.  Por causa disso, diminui o tempo que dispenso com ele, brincando, lendo, fazendo alguma coisa.  Como ele está afastado da creche, na minha cabecinha ele está começado a ficar defasado no aprendizado.  Eu tento fazer alguma coisa, como contar até 10 e repetir o a,e,i,o,u.  Ele repete, sabe algumas cores também, mas me-sinto-culpada por não me dedicar mais, porque sempre acho que algumas outras crianças na idade dele sabem fazer muito mais coisas, como montar um quebra-cabeças, por exemplo.  Não sei se uma criança de 2 anos e meio que sabe montar um quebra cabeças é normal ou está acima da média, mas se for normal, então Davi está abaixo da média. Ai...

O que Davi tem são brinquedos de encaixe, mas nunca o vi brincar seriamente concentrado em encaixar as pecinhas.  Geralmente ele "distribui" as peças pela casa toda e o brinquedo acaba ficando incompleto e nunca é usado com o fim para o qual foi feito.  A professora da creche me disse que ele faz direitinho - encaixa os brinquedos - mas, em casa, além da bagunça padrão, o que ele mais faz é muita birra, muita manha e um pouco de malcriação também, e aí tem horas que eu tenho vontade de esganá-lo (ah, vai, quem nunca?).

Ah, sim, continuo implicando com a altura dele, mesmo constatando que algumas roupas - principalmente calças compridas - já estão "pescando".  A pediatra havia pedido, há algum tempo, um exame de idade óssea, mas cadê coragem para fazer?  Sim, fiquei com medo de fazer o exame e que o resultado não estivesse dentro da normalidade, porque aí eu iria pirar na batatinha.


Há algum tempo encontrei essas gavetas no lixo da esquina de casa e como eu fui picada pelo mosquitinho da craftice, peguei as três e levei para casa.  O marido - aquele santo - já lixou  e estou fazendo um negócio bem legalzinho que assim que ficar pronto vou postar, porque aquela varanda está super-ultra-hiper-mega abandonada e sem graça e está precisando levar um banho de loja cor e ânimo.  Quer dizer, ânimo na varanda e em mim também pois, como eu já falei, essa tem sido a maneira que eu encontrei para desanuviar minha cabecinha quente e cheia de preocupações e neuras.




Sábado passado aconteceu a festinha do Dia das Mães da creche.  Ano passado não teve e esse ano não pudemos ir, porque Davi ainda estava bem caidinho, então, terei que esperar que em 2013 - se o mundo não acabar - eu vá ver meu filho fazendo alguma coisinha para eu chorar. 

Esperar

Davi está com pneumonia. Apresentando febre desde o domingo, na terça-feira sua febre bateu os 39 graus, e aí resolvemos levá-lo ao hospital, porque 3 dias tentando lidar com a febre já era tempo suficiente.  Não sou do tipo de mãe que na primeira febre já sai correndo para o hospital, mas me senti culpada por não tê-lo levado no segundo dia, por exemplo.

Me senti péssima, como quase sempre.  Além do que, da última vez que Davi teve pneumonia, saímos da AMIU direto para a UTI da Prontobaby.  Trauma.  Só que dessa vez a coisa não foi tão feia assim, e agora ele está em casa, à base de antibióticos, corticóide e nebulização.  Mas está bem, nem parece, como em quase todas as vezes em que está doente, porque o moleque é forte!

A pneumonia impediu que Dr. Martinelli fizesse uma outra dilatação do canal da uretra, pois o Dr. Flávio e o Dr. Clodoaldo não concordaram em anestesiá-lo já que ele está usando corticóides.  Portanto, deveremos esperar mais umas 2 semanas para tirar os pontos e fazer a dilatação.

Esperar.  Essa palavra é recorrente nesse processo de hipospadia.  Esperar porque nem sempre as coisas acontecem ou saem como planejadas - sim, eu já falei disso aqui. Esperar, porque o processo é longo e demorado. Esperar e esperar.

Es.pe.rar é também:

1. ter esperança; aguardar com desejo e uma certa confiança de que algo vá se realizar


Continuamos esperando e esperando, e esperar às vezes cansa, mas não temos outra alternativa, a não ser....

Esperar....