O Desfralde e a Caixa D'água

O Davi é uma criança bem interessante: quando a gente pensa que ele ainda está indo, ele já voltou, e aí nos deixa de queixo caído, talvez para nos mostrar que de bobo ele não tem nada.

Há alguns meses a creche começou a pegar pesado no desfralde, afinal, crianças na idade dele já estão no ponto de iniciar esse processo.  O esquema geralmente era assim: Davi ia de fraldas, pela manhã, que eram tiradas na creche.  Ao voltar, vinha de fraldas e aí ficava e virava a noite assim.  Um dia, ao sair, o pai notou que ele estava sem fraldas e pediu para a "tia" colocar.  Aí ela deu um puxão de orelhas nele, dizendo que não achava legal, já que havia um esforço em desfraldá-lo.  A partir de então, Davi passou a voltar para casa sem fraldas, massssssss... como ele é bem tinhoso, acabava fazendo xixi no meio do caminho ou quando chegava em casa.  E aí, fralda nele.

Não foram poucos os momentos de tensão, porque eu me esforçava para deixá-lo sem fraldas nos fins de semana.  Mesmo assim, e apesar de dizer para ele pedir para fazer xixi/cocô no troninho, ele não me pedia e fazia onde estivesse.  E lá ia eu com aquele clássico blá, blá, blá: filhinho, quando você quiser fazer xixi/cocô, fale com a mamãe e faça no troninho.  Não adiantava nada e houve horas, sim, em que eu perdia um pouco a paciência.

E assim como todas as mães modernas, lá ia eu enfiar minha cabeça na internet à procura de "dicas de desfraldes", dentre as quais:

1. Espere o momento certo
2. Deixe-o aprender pela imitação 
3. Providencie o equipamento correto 
4. Ajude seu filho a se acostumar ao penico
5. Compre cuecas "especiais"
6. Crie uma estratégia para o desfraldamento
7. Ensine primeiro a fazer xixi sentado, depois em pé
8. Deixe-o circular pelado
9. Facilite as coisas
10. Tudo menos demonstrar frustração ou raiva
11. Apele para a diversão
12.Saiba a hora de tirar a fralda da noite
13. Faça a festa quando as fraldas forem embora de vez
Um dia, ele sinalizou que queria fazer xixi e saiu correndo para o banheiro.  Lá fui eu atrás, na tentativa de ajudá-lo.  Ele vez um xixi no troninho, e depois eu o orientei a jogar o xixi dentro do vaso e dar "tchau" para o xixi, não sem antes eu ter feito o clássico carnaval de mostrar o xixi para a casa inteira.  Ok, mas na vez seguinte lá estava ele todo molhado porque havia feito xixi nas calças.


E foi assim por praticamente quase 2 meses, até que, de repente, ele começou a ir fazer xixi sozinho - e não foi no troninho.  Levantava a tampa do vaso, chegava bem pertinho e ficava na pontinha dos pés e fazia o xixi.  Depois de um tempo, e não sei se ele aprendeu na creche ou adaptou, passou a "montar" no vaso, assim como se monta num cavalo, e lá faz seu xixi.  E a cada ida ao banheiro, aprende também a lavar as mãos e a dar descarga.  Nos últimos dias, já que está de molho em casa por causa da conjuntivite, acabou descobrindo que existe mais outro banheiro, e aí, faz xixi em um e em outro.  E a cada ida ao banheiro, além de lavar as mãos, ele dá descarga.   Na verdade, ele nem gosta muito de lavar as mãos, e sim apertar o botão da caixa de água, só para ver o xixi ir embora no redemoinho do vaso.

E ontem ele pediu também para fazer cocô.  Dessa vez, como era a primeiríssima vez dele, eu o ajudei a subir no vaso e, sentado de frente, fez sua necessidade.  Não sei se nesse caso específico ele vai continuar a fazer cocô assim, mas já é um bom começo.  Eu sei que existem casos em que a criança é desfraldada de uma vez só, mas Davi ainda dorme de fraldas e para mim o desfralde noturno já é uma outra etapa. Acho que primeiro o desfralde diúrno tem que estar bem definido para só então partirmos para o desfralde noturno.

Enfim, o desfralde do Davi tem sido melhor do que eu esperava e o mais importante, o que mais me deixa feliz da vida, é perceber que ele faz xixi direitinho, ou seja, normal como qualquer criança que não tenha nascido com hipospadia.  É interessante porque nós, seres humanos, muitas vezes só damos importância às pequenas coisas quando elas fazem grandes diferenças, porque fazer as necessidades fisiológicas é algo tão natural... mas para quem não tem problemas!  Minha sensação é de dever cumprido, depois de todas essas idas e vindas em hospital e centros cirúrgicos, de tantas anestesias gerais e de, até agora, 3 cirurgias.

Daqui a uns 2 meses Davi fará 3 anos e nunca vou me esquecer do momento em que ele nasceu e que entre as informações desagradáveis fiquei sabendo que ele era portador de hipospadia, algo do qual eu nunca havia ouvido falar na vida.  Me lembro da primeira consulta pediátrica, quando ele tinha apenas 15 dias.  Como eu não tinha nenhuma indicação de médicos, consegui uma consulta-relâmpago no Méier, afinal, era o começo do ano e muitos pediatras não estavam disponíveis.  Me lembro de uma senhorinha me parando no meio da calçada do Méier, eu toda inchada com Davi pequetito no colo, e ela me disse: minha filha, não se preocupe, porque ele vai crescer e vai ficar forte.

Me lembro da Drª Rosa falando sobre a hipospadia e me indicando o Dr. Paulo Tavares, da AMIU.  Me lembro da primeira consulta com Dr. Paulo Tavares, que me explicava sobre a hipospadia e como seria o tratamento.  Eu chorava descontroladamente, achando que não teria solução e me perguntando o porquê daquilo tudo.  Aí, meu plano de saúde mudou, e comecei a levar Davi para a Drª Andréia, a atual pediatra, que indicou o Dr. Martinelli.

Me lembro da primeira consulta com ele, que também me explicou tudo o que seria feito, e eu chorava copiosamente.  E sempre, em cada fim de consulta, me lembro do Dr. Martinelli me abraçando e dizendo que tudo ia dar certo. E que eu chorava e chorava.  E me lembro que na primeira cirurgia do Davi eu não chorei, mas tempos depois eu desabei de chorar.

E é como se, ao olhar para trás e me lembrar de todas essas etapas, tudo tivesse acontecido há tanto tempo que parece um sonho muito distante e até meio desbotado.  Não sei se é por causa da tensão ou da intensidade das coisas, ou porque o tempo está passando rápido mesmo.  O que eu sei é que parece, p-a-r-e-c-e que os momentos mais críticos relacionados à hipospadia estão ficando menores.  Ainda falta mais uma cirurgia, talvez a última, no início ou no fim de dezembro e é aí que eu verei se todo esse processo terá chegado ao fim.

No momento, o que me resta é ficar feliz em ver Davi não somente saindo das fraldas como fazendo xixi normalmente.  Sei muito bem que a conta de água virá mais alta, afinal, esse negócio de dar 2 jatos de xixi e esvaziar uma caixa inteirinha de descarga é o maior barato para ele.  Mas não me importo, porque isso também vai passar e o que vai ficar serão somente essas histórias, porque até as lágrimas serão outras, de alegria e satisfação em ver meu filho vivendo normalmente.

O Verão... e Eu!

Quando a gente cresce e olha para o tempo em que éramos adolescentes ou crianças percebemos o quanto a vida traz mudanças e aí vemos que algumas coisas das quais gostávamos não gostamos mais.  Me lembro que quando era pequena eu acho que gostava do verão.  Na verdade, eu acho que as crianças, de modo geral, gostam do verão mais por causa das férias escolares, da oportunidade de não terem horário fixo para acordar ou dormir ou comer e para poderem ficar mais tempo brincando na rua ou... na praia. Sim, houve uma época em que crianças brincavam na praia ou na rua, o dia inteiro, e curtiam suas férias ao ar livre.

Eu também era assim, e me lembro de ir à praia em dias de verão com aquele sol de rachar côco.  Me lembro de usar óleo bronzeador, de não ficar embaixo de barraca e no máximo usar um bonezinho e nada mais.  E de ficar esturricando na areia, igual a um calango, porque o mais legal de tudo era a marca do biquini, de poder se olhar no espelho e só conseguir ver o branco dos olhos e as marcas do bronzeamento.  Era o verão!  Eram as férias escolares, era o calor, e a marca do biquini era a prova cabal de que esses dias tinham sido maravilhosos.

Quase tudo acontece no verão, a começar pelo nosso calórico Natal.  Até eu descobrir que Papai Noel virou uma profissão bem rentável, ficava morrendo de pena daqueles homens usando aquelas roupas quentíssimas, além de botas, gorro e barbas, embaixo do sol inclemente nas ruas da cidade.  Se em 40 graus de temperatura a sensação térmica é de 45, imagina embaixo daquele edredom chamado roupa de Papai Noel? E a Ceia Natalina? Existe coisa mais quente do que essa, além da temperatura?  Peru, farofa, pernil, castanhas, nozes, vinho, rabanada, coisas que não costumamos comer nem no próprio inverno estão presentes na maioria das mesas nessa ocasião do ano.  Foi há pouco tempo que descobriram que vivemos num país tropical e aí alguém teve a fantástica ideia de adaptar a Ceia de Natal para a nossa temperatura ao inserir saladas e frutas.


O verão também traz, além dos modismos de sempre, algum filme bobo e uma música-chiclete acompanhada de um passinho, que todo mundo dança em qualquer lugar.  E tem também o Carnaval.  Ah, o carnaval, época em que se pode tudo, até ficar sem roupas, afinal, além de ser uma festa o calor está insuportável, não é?  Então, bora para a praia pegar aquele bronze total para ficar com marquinha de biquini, para depois mostrá-lo na avenida ou nos blocos de rua.  Ah, o verão...

E o verão me trouxe também o Davi, que nasceu no verão mais quente dos últimos 50 anos, em que  a cada dia a temperatura girava em torno de uns 45 graus, o que me forçou a ficar dentro de casa praticamente uns 3 meses seguidos, pois eu só saía para levá-lo a alguma consulta, afinal, os dias eram tão quentes que já começavam com mais de 30 graus.  Aliás, assim como eu, Davi também não é muito chegado a calor, pelo contrário, fica irritado igual a mim.

Um dia eu cresci e percebi que eu não gosto do verão.  Eu detesto o verão. Quer dizer, mais do que o próprio verão, eu não gosto é de calor, porque isso independe da estação climática.  Esse ano, por exemplo, tivemos, em pleno inverno, dias sequíssimos, beirando aos 37 graus.  Mas se a característica do verão é o calor abrasador, então é a época dos meu tormento climático.

Em uma de minhas teorias, eu acho que verão tem a ver com quem tem dinheiro.  Sim, porque quem tem dinheiro pode ter uma casa de praia ou morar perto de uma e pode ficar com o ar condicionado ligado o dia e a noite inteirinhos sem as pobres preocupações com a conta da luz.  Se não gostar do calor, pode viajar para um lugar frio - ou não tão quente - e vai esquiar e se empanturrar de roupas, enquanto a mulambada fica aqui no calorão achando o máximo ir para uma praia lotada, para uma piscina lotada, para um shopping ou qualquer-coisa-ou-lugar simplesmente lotados!

Porque o outro nome para o verão é lotação.   E quanto mais gente, mais calor, e quanto mais calor, mais eu transpiro.  E quanto mais eu transpiro, mais irritada eu fico e ultimamente concluí que cheguei ao fundo do poço porque no verão, ao invés de marquinha de biquini, eu uso toalhinhas para me secar!  Sim, aquelas mesmas toalhinhas usadas pelas vovós ou mulheres que estão entrando na menopausa.  Porque não adianta andar de leque ou de chapéu, pois nada aplaca meu calor e as toalhinhas só servem para me dizer que o verão e eu não nascemos um para o outro.  Eu o odeio e ele não me ama.

No verão falta água.  No verão falta luz.  No verão falta gelo para o churrasco.  No verão tem mosquitos, quer dizer, mais mosquitos.  No verão tudo fica mais caro, a começar pela água de côco, que já se tornou um indicador financeiro da inflação no verão.  E se já não bastasse o próprio verão, temos também por aqui o Horário de Verão, que eu até hoje não sei exatamente para que serve. Quer dizer, a menos que você more na zona sul, a área nobre da cidade e que tem praia, porque aí, sim, o Horário de Verão faz algum sentido, e você pode chegar na praia no final do dia e ficar umas 3 horas, mergulhando, correndo ou brincando, sob a luz complacente do sol, e ainda chegar cedo em casa. 

Realmente eu ainda me espanto com quem diz que gosta do verão e imagino que alguém também se espante com o fato de que eu, moradora do Rio de Janeiro, cidade "point de verão", deteste o verão.  Mas eu não gosto.  Eu detesto.  E se tivesse condições financeiras, eu iria para outro lugar, talvez não tão quente, e ali esperaria essa época passar.  Acho que nem se eu morasse perto da praia eu iria gostar do verão, porque além dele eu detesto o calor.
 
O verão está chegando e ao invés de eu me matar numa academia para ficar gostosa (já que eu não tenho tempo), eu já vou começar a catar as minhas toalhinhas da vovó, até porque, como eu já falei por aqui, é muito difícil eu ir à praia nessa época, que fica lotada de gente se digladiando por um espaço na areia quente.

A cada verão eu fico mais sem entender como foi que um dia eu gostei do verão, mas as toalhinhas estão aí, para me mostrar que a infância já se foi e agora os tempos são outros.... e cada vez mais quentes.



Apesar do calor, os dias têm sido muito mais desafiadores porque tenho passado por momentos bem delicados com "os meus".  Depois do susto que o pai do Davi me deu, Davi começou a semana com conjuntivite e febre, sinal de inflamação na garganta.  Eu quase morro quando Davi tem febre pois, ao meu ver, isso é sinal de que algo não está funcionando direito e que eu não sei o que é exatamente.  E se já não bastasse vê-lo chorando e aflito com os olhinhos colados por causa da conjuntivite, no momento do desespero, ao invés de aplicar um colírio, coloquei um remédio para cera de ouvido!

Quando me dei conta do erro, pedi a morte, claro.  Mas como eu não posso morrer por agora....

Depois encontrei o remédio certo e apliquei, como paliativo, até dar tempo suficiente de levá-lo ao Pronto Socorro, para ele ser devidamente medicado.  Ufa...


Ela Chegou!!!!



Meu mais novo brinquedinho chegou!!! Quer dizer, já havia chegado há quase 1 mês, mas quando abri a caixa percebi que a lâmpada estava quebrada.  Mó frustração.  Pedi a troca, que levou em torno de quase 2 semanas (coração na mão, compra feita por internet dá nisso). Depois do medo inicial,  enfim coloquei em prática todo o meu know-how em termos de costura.

Cata só!

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Tá... eu sei... é tudo mentira, mas eu já consegui colocar a linha e a encher a bobina, o que eu acho que é coisa prá caramba para quem nunca costurou em máquina na vida.  Como eu detesto ler manual,  achei ótimo que essa máquina tenha vindo com um DVD, que eu já vi umas 4 ou  5 vezes (velhice é triste), mas têm coisas que só metendo a mão mesmo para descobrir comofaz.  E meu primeiríssimo trabalho foi esse:


Um pano de chão/prato, que eu comecei a testar o controle da máquina.  Até que não fiz feio, não!  

Eu não sei costurar e não tenho grandes pretensões, mas acho que saber usar uma máquina de costura nunca é demais, né.  E assim, eis que adentro definitivamente o mundo das craftices.  Se eu fosse transformar minhas ideias e meus papéis em dinheiro, eu seria a pessoa mais ryca do mundo.  E do Campinho também!  Mãssssss....a gente vai fazendo o que pode, né.

E agora ninguém me segura!!!  Quer dizer, só o Davi, né, porque ele quer mexer em tudo, quer ficar sentado no meu colo só para tocar a máquina com aquelas mãozinhas nervosas.

Mas eu chego lá, não sei nem onde ou quando, mas chego!

Agora só falta uma pequena coisinha para colocar a mão na massa: t-e-m-p-o!

O horário de verão chegou.....

Verdades, Verdades e Verdades

Meia-verdade é sempre uma mentira inteira.

A verdade dói só uma vez. A mentira dói toda a ver que você lembra.

A verdade pode machucar por um tempo, mas a mentira dói para sempre.

Uma garrafa de vinho meio vazia também está meio cheia,
mas uma meia-mentira não será nunca uma meia verdade.

Uma mentira mil vezes repetida se torna uma verdade autenticada.

Uma verdade enfraquece quando tenta esconder uma única mentira, e uma mentira fica mais poderosa quanto mais verdades tenta esconder.

Há muito tempo, numa palestra na empresa sobre relacionamentos, a profissional colocou um tópico sobre o uso da verdade.  Pode-se usar a verdade para construir ou destruir pessoas, ou seja, a verdade pode ser usada com ou sem amor.  Já reparei, por exemplo, que muita gente que é grossa faz questão de dizer que é sincera, pois usa a verdade não para reforçar ou construir laços, mas para dilacerar vidas. A verdade é que a verdade dói, mas deve ser bem colocada, bem usada, porém, dói mais ainda a mentira, porque nela está também atrelado o sentimento de traição, e aí, parece que o golpe é duplo.  

Ninguém está imune a falar uma mentira, por menor que seja.  Cazuza já cantava que mentiras sinceras me interessam, e uma das célebras frases de Tim Maia era: não fumo, não bebo, não cheiro.  Às vezes minto um pouco.  Nem sempre é conveniente usar da verdade verdadeira, afinal, o que fazem os maridos que são vítimas da fatídica pergunta "estou gorda?" feita por suas esposas neuróticas?  Tentam aliviar a situação respondendo alguma outra coisa que às vezes não tem nada a ver com a pergunta.  Mas quantas vezes queremos dizer "umas verdades" para o chefe ou para aquele abominável colega de trabalho, porém, acabamos engolindo a seco para salvar o dia e o emprego e até elogiamos a pessoa?  Em outras ocasiões,  porém, não podemos jamais perder a oportunidade de jogarmos na cara daquela prima ou tia as verdades que elas têm que escutar, além daquela vizinha, que precisa também ouvir algumas verdades sobre seus filhos sem educação!

Já imaginou se toda a verdade viesse à tona, da maneira mais crua possível?  Quando algum figurão deixa o microfone aberto e solta uma frase que mostra claramente o que ele pensa, mais do que o que ele falou?  A depender do figurão, dá até crise política internacional!  O que acontece é que, para sobrevivermos, usamos uma capa para nos esconder ou nos proteger, porque a verdade, que já é dolorida, se não for usada corretamente, tem o efeito de uma bomba atômica.  Mas a verdade, apesar de dura, é leve.

A mentira, por sua vez, requer da pessoa uma capacidade intelectual acima da normal, já que ela tem que ter uma memória privilegiada para sustentar suas argumentações e inventar mais mentiras ainda, afinal, cada mentira puxa outra mentira, que puxa outra mentira.  Lembrar-se de todas elas, em detalhes, de forma a não se afogar nesse balaio de mentiras é para poucos.  Há quem consiga sustentar uma mentira até o fim, porque aí o que pode estar em jogo é um ego inflamado ou a falta de humildade de reconhecer que mentiu e errou.  Há quem consiga repetir uma mentira tantas e tantas vezes que ela acaba se tornando uma verdade para o próprio mentiroso. 

Saber ou não mentir não significa não mentir.  Eu não sei mentir, mas não deixo de mentir de vez em quando. Por mais que pareçam semelhantes, são coisas bem diferentes.  Todos mentem, até aqueles que se dizem tão sinceros que só usam a verdade, aquelas pessoas grossas de que falei acima.  Elas também mentem porque, como falei, não usam a verdade pela verdade, mas para a destruição.  Eu digo que não sei mentir porque eu não tenho memória suficiente para sustentar uma mentira por muito tempo e acabo me contradizendo, e às vezes sou desmascarada não pelos meus gaguejos e falsos argumentos, mas pela minha própria cara, que me desmente descaradamente.
A verdade é que encarar a verdade requer também muita coragem.  E coragem às vezes é essencial para a sobrevivência, pois o medo de se encarar a verdade não deve ser maior do que a vergonha de se descobrir a mentira.  Quantas vezes é melhor sentar em cima daquilo que se sabe não ser a verdade, ao invés de encará-la?  Sim, porque o puff da mentira é muito macio e aconchegante e quentinho e em algumas situações, só o tempo tem o poder e a força para mostrar a verdade, porque por mais que alguém se esforce para mostrá-la, às vezes o outro não quer saber dela.  Existem outras situações em que realmente é melhor  nem saber a verdade, porém, ela é a base primária para todo o tipo de relacionamento, do mais superficial ao mais profundo e sem ela, nada funciona.

Tenho passado por momentos em que tenho que encarar algumas verdades para me manter viva e mentalmente sã.  As bordoadas são pesadas, mas diferente da mentira, a verdade não é mortal, é para vida, para a saúde e também para a liberdade, porque a mentira escraviza.  Eu sei que vai doer mais ainda, mas é como arrancar um dente: depois que a anestesia passa, a gengiva ainda fica dolorida, além do buracão, mas aos poucos a natureza trata de fechar esse buraco e a dor não existe mais.  E aí nos sentimos livres, leves e soltos, e o versículo bíblico que traduz essa verdade com clareza absoluta é:


E conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará.
João 8:32

Mas para isso, há de se ter muita coragem, força e vontade.


When You Tell The World You're Mine

Ah, não adianta, filhos e mães, mamíferos são tudo a merma coisa... vídeo bem gostosinho, apesar da música meio chatinha e, claro, tudo piegas... mas, como já falei, mães e filhotes são uma pieguice só, né.  Ah, sim, eu sou aquela chita que aparece lambendo a cria.  É exatamente assim que eu faço com o Davi!




To A Wonderful Life - Music When You Tell The World You're Mine from Tessan3 on Vimeo.

Dia do Mestre

Sim, foi ontem, mas minha homenagem ficou para hoje mesmo.

Sou professora de formação, licenciada em Português/Inglês, e se existe uma das grandes frustrações da minha vida foi não ter tido a oportunidade de lecionar. Nem estágio eu fiz, já que trabalhava durante o dia inteiro e estudava à noite.  O máximo de contato com sala de aula e alunos eu tive ao assistir a uma aula de inglês, no Colégio Pedro II, em São Cristóvão.  Só.  Sei que tenho um bom potencial para o ensino, porém, a vida foi me levando para caminhos distantes dos quadros negros, que já estão entrando em extinção.  A necessidade de trabalhar e resolver a vida falaram mais forte do que eu almejava dentro de mim e talvez hoje eu sinto essa frustração por não ter me esforçado mais em buscar esse objetivo.

Sei que cada pessoa tem na memória e na história um professor, uma "tia" que, de alguma forma, a influenciou, para o bem e, em alguns poucos casos, para o mal, afinal, existem professores e Professores.  Esses últimos, cada vez mais raros, não se detêm em apenas repassar a disciplina acadêmica, mas acrescentam cores e caminhos e muitas vezes são determinantes na vida de muita gente. 

Nosso mundo está cada vez mais de cabeça para baixo, e sabemos que os valores morais e da família têm sido atacados com muita violência.  Isso não é uma opinião moralista, é um fato.  A figura do professor, que era até tratado como Mestre, não surte mais o efeito da autoridade de outros tempos.  A escola se tornou uma empresa, os alunos, clientes. Não raros são os casos de reações violentas de crianças e pais quando algum professor repreende o aluno com mais firmeza.  Aquela figura que é importante na formação e na educação dos nossos filhos se transformou em um prestador de serviços tão somente, afinal, como diria a Lady Kate, "tô pagano", então, tem que ser do jeito que eu (pai ou mãe) quero e ponto final.  E nada de disciplinar a criança.

Não se dá a importância fundamental e merecida a esse profissional  e eu fico imaginando como será daqui a alguns anos quando Davi e as crianças de sua geração chegarem ao nível da alfabetização e até universitário.  O que encontrarão? Lap-tops?  i-pads, telões com projetores e tutoriais virtuais e tantas outras parafernalhas que têm transformado a sala de aula numa cápsula virtual e impessoal, onde ninguém interage com ninguém dentro da realidade?  Sim, a tecnologia é muito bem vinda, mas eu ainda sou do tempo em que algumas coisas não perderam seu valor, como um toque pessoal, um livro físico, o respeito às pessoas e às autoridades.  Na minha opinião, a escola é fundamental para formar GENTE, muito mais do que profissionais, gêniozinhos que falam 5 línguas mas não respeitam o próximo.

Quem quer ser professor hoje em dia, num país que onde o que impera é o analfabetismo funcional, em que a pessoa até sabe "escrever" seu nome, mas não entende patavinas do enunciado?  Para que se esforçar tanto, já que as cotas "raciais" garantem o ingresso às universidades, como uma forma demagoga  e hipócrita de corrigir os erros da escravidão?  Quais serão os profissionais que teremos no futuro? Apenas diplomados mas sem formação alguma?  Como dizia um colega de trabalho, "tá feia a coisa".

Sim, existem professores nesses rincões escondidos e desconhecidos deste país, andando a pé em estradas empoeiradas e tirando o pouco que têm do bolso para comprar uma caixa de giz ou uma resma de folhas, a fim de levar algum conhecimento a crianças e adultos que estão fadados a esse maldito analfabetismo funcional que, na minha opinião, é a pior forma de analfabetismo, porque não entender o que se escreve ou lê é uma forma de se distanciar da liberdade de opinião e de pensamento, um dos maiores valores que se pode ter na vida. Sim, porque chegamos a um ponto em que ter pensamento próprio, independente, é quase que ofensa pessoal, porque ainda existem mentalidades que acham que quanto mais ignorante for o povo, melhor é para ludibriá-lo com promessas e ilusões.  Essa é a maneira moderna de se continuar com a escravidão, só que sem algemas ou chicotadas.  Quem ousa opinar ou sair das trevas da ignorância já é logo taxado de "elite"!

Nesse país onde a educação não é mais levada a sério,  em que o dirigente máximo se orgulha de não ter lido um livro na vida, onde os estudos são tidos até como ofensa pessoal, os que têm alguma condição financeira um pouco mais favorável vão em busca de uma escola particular para tentar garantir o mínimo de formação acadêmica  decente para seus filhos.  Sim, existem escolas públicas excelentes, com desempenho bem próximo a tantas outras escolas particulares, mas essas são exceções, infelizmente.  Costumo dizer que a "minha" escola pública deixou de existir há mais de 20 anos, em que havia professores comprometidos com a educação, bem remunerados e reconhecidos profissionalmente, e que exerciam o papel de autoridade sobre nós, que passávamos para a série seguinte por mérito, por esforço e não para dar lugar a outros alunos.

Como muita gente sabe, Davi está na creche desde que tinha 1 ano de idade, e não sou o tipo de mãe que passa a mão na cabeça se ele estiver errado, pelo contrário, as pessoas que ali trabalham também são responsáveis pela educação e formação dele, principalmente do caráter, dos valores morais e da família.  Não tiro a autoridade delas e elas sabem que têm toda a liberdade para corrigi-lo, de forma justa, porque assim me ajudam naquilo que eu não posso ver nem participar.

Como não valorizar essa gente?  Como ficar furiosa porque a professora chamou a atenção do meu filho porque ele estava em desobediência?  Existem excessos? Sim, mas estou segura que são exceções, até porque, com internet, redes sociais e tantos outros monitoramentos, não há como um professor passar dos limites sem ser conhecido e repreendido. 

Não estamos mais no tempo da palmatória, onde o aluno era humilhado com chapéus de burro e tinha que se ajoelhar no milho ou ficar em pé com a cara virada para a parede.  Por outro lado, percebo um certo desprezo por parte de alguns pais em relação aos professores de seus filhos.  Há casos em que, por causa de uma repreensão, a criança é trocada de escola, afinal, como eu coloquei lá em cima, a escola é vista como um estabelecimento de prestação de serviços, onde o que fala mais alto é o pagamento da mensalidade e não a disciplina e a correção.  E depois, quando essas crianças crescem e se tornam adolescentes insubmissos, rebeldinhos sem causa e tacam fogo em índios e empregadas domésticas, desrespeitando porteiros e empregadas, ainda haverá pais que os defenderão, afinal, "são apenas crianças"!

Bom, chega de protestos, até porque, como disse o filósofo mensaleiro Roberto Jeferson, eles despertam em mim os instintos mais primitivos!

Como agora a minha onda é cupcake, aproveitei e mandei alguns para a creche, além de uma pequena lembrança para Tia Suelen, a Mulher Maravilha, "tia" do Davi.  Como eu não estava bem, os cupcakes também não ficaram legais e as fotos também não ficaram legais, mas foi a maneira que encontrei para homenagear, não somente a elas, mas a todos os professores deste país.






E assim como os mico-leão-dourado, vamos valorizar os professores, porque são uma "raça" em extinção!

Craftice: Receita do Dia - Abajour

Pegue um picolé de chuchu em forma de abajour/luminária


Faça um molde redondo, tamanho a gosto



Escolha um tecido de tipo e cor, a gosto (neste caso, foi usado feltro, talvez a melhor opção). Para o tamanho da cúpula desta receita, foi necessário 1 metro de feltro (com 1.40 de largura)




Corte várias rodelas de tecido com a ajuda do molde. Reserve


A depender do tamanho da cúpula, corte mais rodelas de tecido


E mais, o suficiente para cobrir a cúpula do picolé de chuchu em forma de luminária


Após pintar a base do picolé de chuchu em forma de luminária com tipo de tinta e cor a gosto, adicione, aos poucos, as rodelas de tecido na cúpula, com pitadas de cola quente


Continue acrescentando mais rodelas, para o lado que quiser, não vai desandar


Quanto mais rodelas acrescentar e mais juntas colar, melhor ficará


Ao final, cubra com verniz em spray para proteger
Eis, então, uma nova luminária cheia de bossa, bem temperada e com um gostinho maravilhoso




Os créditos são  daqui.
 

Sim, eu sei, as fotos não ficaram boas, mas o resultado foi bem legal.

Turbulências

Eu nunca andei de avião. Apesar de admirar essa maravilha do invento humano, meu negócio é chão, muito chão.  Não tenho a mínima vontade de experimentar, porque não me imagino presa num lugar por um tempo - às vezes indeterminado -, de forma que não tenha a chance de sair dali quando quiser.  Só de pensar eu já fico um pouco aflita.  Dizem que é o meio de transporte mais seguro que existe, mas todo mundo sabe que quando um avião cai.... é difícil sobrar mais do que ferragens e uma caixa preta para contar a história.

Quem já viajou de avião sabe que pode esperar  uma turbulência a qualquer momento.  Os que já estão acostumados nem ligam tanto - sei de gente que até consegue dormir nessas horas - mas esse momento não deixa de ser tenso, pois parece que a aeronave começa a tremer e aí cada um se segura como pode, porque não dá para parar e descer.  Para muitos, não adianta o lindo sorriso da comissária de bordo, nem mesmo a voz aparentemente segura e tranquila do comandante, porque o pavor é certo.  Depois que passa e tudo volta ao normal, o avião aterrissa corretamente e todos saem felizes ao encontro de suas pessoas e compromissos.  E aliviados em colocar os pés no chão, claro.

Nessa última semana passei por mais uma baita turbulência, e não foi dentro de um avião, foi na vida mesmo.  O pai do Davi foi parar num CTI com suspeitas de problemas cardíacos, além de termos perdido uma pessoa muito importante da nossa convivência.  Tudo-ao-mesmo-tempo-agora.  Não sei se a sensação é a mesma quando se está num avião, mas quando a turbulência da vida chega, parece que não termina nunca, e que o que já está ruim consegue piorar.  O que eu sei, de verdade, é que, por mais que haja turbulências na vida, não dá para ficar tranquilo, dormindo como um passageiro acostumado a viajar de avião.  Bom, pelo menos é assim comigo.  Vou me segurando como posso para não cair, já que não dá para descer, mesmo estando com os pés no chão.

Quando esse momento passa, além do alívio ele deixa também um desgaste emocional e até físico de um bom tamanho.  Aí, a gente tem que re-começar a se re-estruturar, porque nessa viagem que se chama vida não há garantia de que não vai haver outra turbulência - às vezes ela se torna a própria turbulência.

É um texto bem clichê, mas a vida é um clichê, e quando a gente vê que ela é apenas um sopro, uma linha tão tênue e frágil que a separa da morte, tudo se torna um clichê enorme, mas real e verdadeiro.

O pai do Davi está melhor e graças a Deus os exames não acusaram nenhum indício de problemas cardíacos.  Davi também está muito bem, sapeca, malandro, nos supreendendo a cada dia com uma novidade boa, e é bem provável que seja operado em dezembro.  Eu olho para trás e vejo, nesse caso, algumas turbulências que hoje mais se parecem marolinhas, mas que naqueles momentos foram bem pavorosas.  Felizmente e graças ao bom Deus, tudo tem se resolvido bem.

Mas diferentemente do avião, eu não posso escolher não viajar, porque a vida está aí, e a gente tem que respirar fundo, tirar forças sei lá de onde, para estar firme - e não dormindo - quando as próximas turbulências chegarem.  E depois que tivermos atravessado esses momentos, podemos aterrissar seguros e aliviados em estarmos vivos.  Para mais uma turbulência.

O que mais me alivia é que eu tenho um Deus em quem eu seguro as minhas mãos nessas horas e Ele nunca me deixa só.




Mães de Coração

Quantas mães a gente pode ter na vida?  Biológica, só uma.  De coração, muitas, dos mais variados tipos, idades, jeitos, tamanhos e cores.  No nosso caso, porém, só vale ser for humana, eu acho. 

E da mesma forma que temos também "mães de leite", no reino animal mãe é quem cuida, quem dá o peito e alimenta.  E é de onde a gente menos espera que vem esse amor que nenhuma ciência consegue explicar, porque é muito mais do que apenas instinto.


Filhotes de leão são amamentados por cadela no Safari Park, em Hefei, na província de Anhui. Os três animais foram adotados pela cadela depois de serem abandonados pela mãe biológica. Usar cachorros para criar animais selvagens recém-nascidos é uma prática comum nos zoológicos chineses. Fonte
A labradora Lisha lambe suas crias: dois filhotes de tigres brancos. Mesmo sem ter tido nenhuma ninhada, as cadelas podem produzir leite, como foi o caso de Lisha.
Ela tem dom para ser mãe. Além de adotar filhotes  de tigres brancos, a fêmea também cria dois filhotes de chita.

Cadela amamenta filhotes de panda em Taiyuan, na China.  Os bichinhos foram abandonados pela mãe após o nascimento.  A mãe adotiva cheira os filhotes de panda antes de amamentá-los.

Numa casa de Christchurch, na Nova Zelândia, a cadela Daisy e o gato Hector resolveram adotar os microporquinhos Chinook, Serge, Frenchie, Biscuit,  Nimrod e Manuka. Todos comem, dormem e brincam juntos,  diz a dona, Jane Croft. A inglesa garante que, apesar da crença popular, os suínos adoram andar limpinhos.

A tigresa Sai Mai, do Zoo Sriracha Tiger, na Tailândia, adotou três porquinhos que foram rejeitados pela mãe.
Mable, uma galinha de 1 ano, de Shrewsbury, Reino Unido, acha que é um cão e assume o papel de mãe de um grupo de cachorros. Para a surpresa dos proprietários e da mãe original (que brinca mais no quintal do que dá atenção aos filhotes), Mable assume o cesto sempre que tem essa possibilidade.




Eu realmente não sei se, depois que crescem alguns dos animais adotados serão devorados pelas suas mamães tão amáveis (ou irão devorá-las), afinal, não podemos dispensar o instinto selvagem de alguns deles, né (rs).

Mas como explicar essas adoções, senão como uma forma do amor que Deus coloca em todos nós, racionais ou não?

4 Ovos, 4 Semanas ou...

A difícil arte da maternidade....
Robins: 4 Eggs, 4 Weeks from Fred Margulies on Vimeo.