Viver no Rio de Janeiro


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Eu não sou muito de postar notícias ou assuntos desagradáveis por aqui.  Não que eu seja aquele tipo de pessoa que nega a realidade, mas eu acho que, com tantas coisas ruins que nos acontecem no dia a dia, além da quantidade de fontes que jorram notas sobre tragédias e violência mundo afora, não seria este blog mais um difusor de mensagens negativas.

Infelizmente, porém, tem horas que a gente meio que cansa de viver numa cidade tão linda como o Rio de Janeiro que é, ao mesmo tempo, uma dessas fontes que jorram acontecimentos e notícias sobre a violência urbana.   E eu usei o verbo "viver", ao invés de "morar" porque a sensação de ser mais um próximo alvo de bala perdida é constante.

O Rio de Janeiro é um Estado e uma Cidade singulares.  Não sei se existe outro lugar tão cantado quanto este aqui.  Conhecido internacionalmente, é a Cidade Maravilhosa, de encantos mil e isso realmente não há como se negar.  Nós, os "cariocas", temos fama de tudo: amigos, superficiais, legais, vagabundos, festivos, pornográficos, cordiais, mentirosos, "malandros", hospedeiros, enfim, um caldeirão de características boas e ruins que talvez seja a essência da própria cidade.

É muito bom morar no Rio de Janeiro.  Temos a natureza ao alcance das mãos, com praia e montanha ao nosso redor.  Sendo um lugar turístico, sempre há um cantinho a ser descoberto, uma floresta, uma praia, uma cidadezinha no interior.  Os maiores e mais importantes eventos mundiais acontecem por aqui: Copa do Mundo, Olimpíada, chegada do Papa Francisco, shows de artistas internacionais.  Aqui, tudo é grande: do maior carnaval da Terra, ao (ex) maior estádio de futebol do mundo, maior nível de temperatura no verão, passando pelo preço dos serviços, também maior que a maioria dos lugares.

Mas nos últimos tempos as coisas estão meio que desandadas.  Nada que seja novo por aqui, pois vivemos com a violência batendo à porta diariamente.  Porém, quando a maternidade chega, parece que alguns acontecimentos tomam uma outra dimensão.

Em apenas 1 fim de semana, tivemos o caso de 2 crianças atingidas por balas perdidas.  Bala perdida é uma expressão que não faz muito sentido, afinal, o projétil não sai da arma sozinho.  Seja por uma troca de tiros entre traficantes e policiais, ou durante um assalto ou até mesmo, um tiro para o alto - que foi o caso da menina Larissa -, não existe bala que seja perdida, pelo contrário, ela tem um destino que muitas vezes, infelizmente, é algum inocente.  Já tivemos o caso do menino João Hélio, arrastado pelo carro no momento em que seus pais foram assaltados.  Um caso horrível, que entrou para a história da cidade e do país e que até hoje ainda choca muita gente.  Além dele, outros vários casos de... bala perdida que atingiu crianças, matando algumas.

O problema desse tipo de violência é que a tal bala perdida é invisível e isso é provado pelo fato de pessoas serem atingidas fora de alguma zona de conflito.  No caso da Larissa, ela e seus familiares estavam em local onde não havia nenhuma manifestação de violência, troca de tiros, assaltos, nada.  Apenas um infeliz que decidiu pegar sua arma, apontar para cima e atirar, ato que deve ter-lhe trazido um prazer imensurável, afinal, como dizia a música, "você com revólver na mão é um bicho feroz."

Na última sexta-feira, tivemos mais um caso de bala perdida, dessa vez no Parque Madureira, lugar frequentemente visitado por nós.  Um rapaz, que estava assistindo ao Campeonato Mundial de Skate, foi atingido no queixo e no joelho por um projétil que veio sei lá de onde.  Felizmente, não lhe aconteceu nada de mais grave, porém, o susto fica.

E assim também, outros casos de bala perdida se repetem pela cidade, alguns fatais.  É claro que tudo isso é uma mistura do descaso dos governos que vem de décadas, em que a presença de bandidos foi se dando cada vez mais no meio onde vivemos, além, também, de uma falta de planejamento da área de segurança e envolvimento de policiais com o crime.  Isso não vem de agora, e o que me preocupa é ter que conviver com essa situação, como se normal fosse, como se morássemos numa zona de guerra (o que, de certa forma, é verdade).

Se como cidadã eu já fico preocupada, como mãe eu tento não entrar numa neura, porém, por casos assim, já reduzimos, e muito, a vida social noturna.  Quando existe alguma situação em que temos que sair à noite, um certo desespero paira sobre mim.  Seja para ir a alguma festa ou mesmo para levar o Davi ao hospital, sair à noite não me é tranquilo.  

A sensação de impotência é grande e temos apenas que contar com a misericórdia de Deus, mas estamos à mercê de algumas fatalidades.  Os últimos casos de bala perdida que mataram essas duas crianças mexeram muito comigo, porque não há critério para ser atingido por um projétil.  É a qualquer hora, em qualquer lugar, o que nos torna um alvo em potencial.

Minhas orações são que Deus nos permita viver o suficiente para vermos Davi crescer e se tornar um adulto saudável, uma pessoa de bem, educada, responsável, bem orientado para enfrentar as dificuldades que a vida nos traz e isso, às vezes, parece como pedir um milagre diário, quando se vive numa cidade como esta aqui.  Não que não haja violência em cidades pequenas, mas, como disse, a sensação de ser um alvo em potencial é algo bem alarmante.

Tenho muita vontade de me mudar para um lugar menor, com menos barulho, menos pessoas, menos agitação, menos fama, menos tumulto.  Morar no Rio de Janeiro é maravilhoso, mas viver aqui é para os fortes.



Na última semana levamos Davi à consulta pediátrica.  Está com peso e altura adequados para a idade e foi-lhe indicado apenas um remédio para vermes.  Ainda precisa fazer dilatações do canal da uretra, e já marcamos uma endocrinologista e um urologista pediátricos, para verificar o calibre do seu piu-piu.  Ou seja, este anos teremos ainda bastante mais de trabalho com sua hipospadia, mas graças a Deus que tudo tem dado certo.

Craftices: vaso com mosaico

"Há algum tempo" (a introdução para minhas craftices é quase seeeeempre a mesma....), estive procurando por um vaso que pudesse colocar aqueles galhos secos e grandes para compor uma decoração na sala.  Em muitas pesquisas, o valor de algum vaso girava em torno de R$ 80,00 a R$ 120,00, de madeira ou de palha, ou mesmo de plástico ou de barro.  Não, por esse valor eu me recusava a comprar.  Até que um dia, passando em frente a uma olaria, no bairro de Honório Gurgel, resolvi entrar e ver o que havia lá e encontrei esse vaso aí da foto.



Na verdade, esse tipo de vaso é muito utilizado para preparar banhos de ervas em rituais religiosos do candomblé ou da umbanda. Eu não sei o nome correto dele, que vem com uma tampinha para concentrar as ervas. No meio de tantos vasos e alguidares que havia naquela olaria, lá estava ele todo tristinho num canto, pois que tinha uma pequena rachadura.  Como eu me afeiçoei ao modelo, não pensei duas vezes e o adquiri por módicos R$ 27,00.


O que fazer?  O que não fazer?  Pintar? Colar um tecido?  Colar pastilhas de vidro?  Sim, colar pastilhas de vidro e fazer um mosaico (eu ando tão metida....).

Primeiro passo: aproveitar um feriado desses aí para ir para a praia e levar um saco de pastilhas de vidro e um torquês, para adiantar o serviço.  Ninguém vai entender nada, mas quem não tem tempo como eu aproveita o tempo que tem.  Claro que isso foi feito num dia lindo de sol e fresquinho, e não embaixo desse calorão de 48º de sensação térmica dos últimos dias...



Segundo: pastilhas cortadas, hora de começar a colagem, sempre com a cola branca do rótulo azul.



Terceiro: rejuntar - porque é nessa hora que o trabalho realmente aparece.  E aí que eu fui fazer outra coisa e cometi um erro quase fatal: deixei o rejunte secar!  Pois é, o rejunte não pode secar, ele tem que ser retirado ainda fresco.  Quando ele seca, a retirada fica muito mais difícil e aí que a gente começa a usar mais força do que o necessário e tira mais rejunte do que deveria, o que ocasiona muitos buracos.  Conclusão: passei rejunte novamente para cobrir os buracos e nivelar as pastilhas e o retirei ainda fresco.  Aprender, sempre aprender...





Quarto: passar o verniz, conforme orientações da Vero Kraemer, e limpar com a estopa.

Quinto: pintar a borda.


Sexto: colar um pedaço de feltro no fundo, para não correr o risco de acabar com todo o trabalho com um sopetão.



Por último: colocar os galhos - ou qualquer outra coisa que se queira.

E aí, o vaso ficou assim:



Vou dizer o seguinte: eu gostei, achei que ficou muito bonito, mas deu trabalho!  Porque não é apenas cortar e sair colando, porque para ter um resultado razoável, há de se ter paciência para encaixar os pedaços das pastilhas, principalmente se é para dar um efeito aleatório.  Só achei que a galhada ficou comprida demais e talvez ela sofra algum corte.  Na composição do vaso galhudo com a cúpula do abajour, achei que ficou uma mistura de sarapatel com strogonoff e farofa com passas, então, em breve estarei trocando a cúpula.



Para este vaso, o material utilizado foi:

- pastilhas de vidro de cores variadas
- torquês próprio para corte de pastilhas de vidro
- cola branca do rótulo azul
- rejunte flexível
- verniz à base de água
- estopa
- amor

E em breve vem mais coisinhas mosaicadas por aí.

E que comece 2015!!!