mito
[Do gr. m~thos, ‘fábula’, pelo lat.
mythu.]
3.
Representação de fatos ou personagens reais, exagerada pela imaginação popular,
pela tradição, etc.
8. Coisa inacreditável, fantasiosa, irreal;
utopia:
Falar não é fácil, imaginar, então, é mais difícil ainda. Mas, sim, nem todas as mães são iguais e, portanto, no dia da hoje, em que se comemora a existência delas, há outras várias pessoas, adultos, velhos e crianças que não têm o que comemorar, e não é porque são órfãos de mãe. São órfãos de maternidade.
A nossa cultura latina endeusa a figura materna, remetendo-a diretamente ao nível de santidade, talvez por influência do catolicismo romano, em que boa parte das santas católicas são mães e representam a mais importante de todas: Maria, a Mãe de Jesus. A maior ofensa que se pode dar e receber é xingar a mãe, porque essa mulher, a partir da equivocada ideia de que gerou a vida, torna-se praticamente imaculada. Mas não é assim.
Sabemos que há pessoas que não são mães biológicas mas são maternais e também há mulheres que são mães, porém, são destituídas de maternidade. Portanto, colocar um ser humano no mundo não faz surgir a maternidade automaticamente, porque ela não é produto do corpo. A maternidade vem do coração, não o físico, mas o emocional. E espiritual também.
Sim, existem mães frustradas e incapazes de transmitir o mínimo de afeto aos seus filhos e assumir essa realidade é, para muita gente, uma questão principalmente de vergonha, porque, como falei acima, a figura materna é envolvida numa áurea de pureza e santidade e tocar no assunto é praticamente uma heresia ou mesmo um sacrilégio. Assim como qualquer ser humano normal, as mães têm defeitos só que algumas têm defeitos até demais e essa realidade - ou verdade - não é muito palatável quando se trata de um mito.
A tendência em se realizar nos filhos é comum à maioria dos pais, mas se torna mais evidente naqueles que não conseguiram tratar de suas frustrações e jorram em suas crianças todos os seus traumas e desgostos. Não é difícil encontrar relatos de infâncias roubadas porque o pai ou a mãe obrigou a criança a passar horas estudando ou fazendo alguma atividade a fim de, no mínimo, alcançar a superação. O que poderia, por exemplo, ser uma simples e divertida aula de balé ou de judô, se transforma numa competição insana já que, na infância dos pais, o desejo de fazer ou vencer não foi realizado e, portanto, sua criança se torna responsável por preencher esse vazio, o que muitas vezes a leva a se tornar um adulto inseguro e com baixa auto-estima.
Há, porém, o outro lado, negro, inconfessável que, como bem definou Zuenir Ventura, é "o mal secreto": a inveja. Sim, pois não é tão incomum assim encontrar pais que sentem inveja de seus filhos exatamente porque estes realizaram aquilo que é a causa de suas frustrações. Uma formação acadêmica, um bom salário, uma realização profissional, um relacionamento amoroso, um talento ou capacidade que eles - os pais - não tiveram - tornam-se objetos de sua ira, mágoa e ressentimento em relação aos filhos. E à vida.
Mas voltando às "santas" do dia, existem mães que xingam seus filhos, escolhem um em detrimento do outro, menosprezam, envergonham, humilham e até matam, se não fisicamente, mas moral e emocionalmente suas crianças e, assim como a inveja, evitamos reconhecer a existência dessas mulheres. A maternidade, contudo, não é passaporte para esse tipo de comportamento, que não deve ser aceitado nem tolerado, nem dos pais, nem de ninguém. Às vezes não adianta, a pessoa não vai mudar, então, é preferível bater em retirada a ter que viver em constantes conflitos.
Muitos pais usam o argumento de sua péssima infância para justificar sua violência ou autoritarismo. Não percebem que a vida lhes dá uma oportunidade de começar - ou recomeçar - com a chegada dos filhos, de corrigir a ausência de afeto e de curar as mágoas. Porém, muito além de um sentimento, essa é uma questão de escolha. Ou se semeia coisas novas e boas ou se mantém na mágoa da terra batida e seca.
Sim, existem mães frustradas e incapazes de transmitir o mínimo de afeto aos seus filhos e assumir essa realidade é, para muita gente, uma questão principalmente de vergonha, porque, como falei acima, a figura materna é envolvida numa áurea de pureza e santidade e tocar no assunto é praticamente uma heresia ou mesmo um sacrilégio. Assim como qualquer ser humano normal, as mães têm defeitos só que algumas têm defeitos até demais e essa realidade - ou verdade - não é muito palatável quando se trata de um mito.
A tendência em se realizar nos filhos é comum à maioria dos pais, mas se torna mais evidente naqueles que não conseguiram tratar de suas frustrações e jorram em suas crianças todos os seus traumas e desgostos. Não é difícil encontrar relatos de infâncias roubadas porque o pai ou a mãe obrigou a criança a passar horas estudando ou fazendo alguma atividade a fim de, no mínimo, alcançar a superação. O que poderia, por exemplo, ser uma simples e divertida aula de balé ou de judô, se transforma numa competição insana já que, na infância dos pais, o desejo de fazer ou vencer não foi realizado e, portanto, sua criança se torna responsável por preencher esse vazio, o que muitas vezes a leva a se tornar um adulto inseguro e com baixa auto-estima.
Há, porém, o outro lado, negro, inconfessável que, como bem definou Zuenir Ventura, é "o mal secreto": a inveja. Sim, pois não é tão incomum assim encontrar pais que sentem inveja de seus filhos exatamente porque estes realizaram aquilo que é a causa de suas frustrações. Uma formação acadêmica, um bom salário, uma realização profissional, um relacionamento amoroso, um talento ou capacidade que eles - os pais - não tiveram - tornam-se objetos de sua ira, mágoa e ressentimento em relação aos filhos. E à vida.
Mas voltando às "santas" do dia, existem mães que xingam seus filhos, escolhem um em detrimento do outro, menosprezam, envergonham, humilham e até matam, se não fisicamente, mas moral e emocionalmente suas crianças e, assim como a inveja, evitamos reconhecer a existência dessas mulheres. A maternidade, contudo, não é passaporte para esse tipo de comportamento, que não deve ser aceitado nem tolerado, nem dos pais, nem de ninguém. Às vezes não adianta, a pessoa não vai mudar, então, é preferível bater em retirada a ter que viver em constantes conflitos.
Muitos pais usam o argumento de sua péssima infância para justificar sua violência ou autoritarismo. Não percebem que a vida lhes dá uma oportunidade de começar - ou recomeçar - com a chegada dos filhos, de corrigir a ausência de afeto e de curar as mágoas. Porém, muito além de um sentimento, essa é uma questão de escolha. Ou se semeia coisas novas e boas ou se mantém na mágoa da terra batida e seca.
Os filhos crescem rápido, porém, a gente sabe muito bem que o que fica para sempre, para o resto da vida deles é o que se vive nos primeiros momentos. É o que se chama "memória afetiva" que deixa uma marca indelével na alma. Mas cabe a nós escolher: ou repetimos o exemplo que nos foi passado, ou fazemos tudo novo. Não creio que a maternindade seja algo místico, mas uma escolha porque, apesar de já ser batido e rebatido, ser mãe de VERDADE não é fácil, pois requer, entre tantos desafios, desprendimento e nem todo mundo está a fim de se desvencilhar de seu passado, de suas frustrações, das pedras que insiste em carregar.
O que eu desejo no dia de hoje é que você que é mãe não fique à espera de oblações, mas proporcione aos seus filhos todo o amor e afeto que a vida lhe deu ou roubou. Sim, dê, doe, ofereça, abra os braços. Não use desse momento para cobranças, por mais que a tentação seja grande. Dê aos seus filhos mais do bom do que você recebeu sem sufocar porque eles não são responsáveis por suprir as tuas carências. Assim como eu, você é frágil, imperfeita e, portanto, não é santa nem imaculada e não precisa de oferendas, pois quando a memória afetiva da sua criança é boa, você vai ser homenageada todos os dias e não burocraticamente uma vez por ano.
Bom domingo.
Texto perfeito e verdadeiro, adorei!
ResponderExcluirOntem tivemos aqui uma festa para as mães da nossa rua. Minha cunhada ensaia as crianças que cantam, interpretam, tocam instrumento e nos presenteiam. No final tem lanche e bolo. Tudo muito agradável e emocionante, teve até um filme com nossas fotos com filhos.
Mas sei que entre todas elas, tinham mães que foram enjeitadas, mães que criaram filhos catando no mato o que dar de comer, mães que são ausentes, mães que lutam com filhos drogados, enfim, mães de todos os jeitos, mães inclusive que superaram os sofrimentos da infância e se tornaram excelentes mães.
Mas realmente, a mâe que cumpre seu papel na vida de um filho, tem o ano inteiro pra ser lembrada com o sentido mais inteiro da palavra "mãe", durante todo o ano.
Neth,
ResponderExcluirÉ claro que todas nós, mães babonas, gostamos de uma homenagem. Eu não fujo da regra. Mas o negócio é "deixar acontecer naturalmente" rsrsrsrs.
Beijocas.