Dor, Sofrimento & Lágrimas


Essa vida de mãe muitas vezes se assemelha a um belo dramalhão mexicano, sabe....

No primeiro dia que retornei do trabalho após a licença maternidade, Davi fez um escândalo "felomenal"! Cheguei toda esbaforida, desesperada por ter ficado longe da cria, pela primeiríssima vez, um dia inteirinho. E daí que ele gritava e chorava, como se tivesse sido maltratado o tempo todo. Depois de muita, mas muita, muita babação (e com o, até então, irrecusável "peito"), ele se acalmou e... "ficamos de bem", digamos assim.  No segundo dia, percebi que tal escândalo era totalmente pessoal e intransferível, quer dizer, era a forma que ele tinha de me dizer que estava muito aborrecido pelo fato de eu ter ficado fora por tanto tempo.

Demorou bastante para ele se acostumar com a minha ausência, porém, até hoje ele continua a me dar um pequeno gelo quando chego em casa, talvez para me lembrar que todos os dias ele sofre por ser "abandonado". Se o pai chegar antes de mim, então o período do desprezo se torna um pouco maior. Da minha parte, espero um pouco e vou comendo pelas beiradas, dando uns beijinhos aqui e ali para amansar a oncinha. Só que, até eu entender tudo isso, muitas lágrimas foram derramadas, e não foram poucas as vezes em que me senti péssima, uma péssima mãe. Um monstro. Um lixo.

Pensei que a entrada de Davi na creche iria transcorrer de forma muito tranquila, visto que ele é uma criança que não estranha as pessoas. Nada disso. Os dois ou três primeiros dias até que transcorreram bem, porém, até pouco tempo, ele continuava a chorar só com o fato de chegar na portaria do prédio de casa! Nos últimos dias, contudo, Davi não tem chorado mais e não fica tão sério ou silencioso quando volta para casa. Acho que a adaptação à creche está, enfim, começando a surtir efeito. Porém, até chegar a esse ponto, algumas outras lágrimas também foram derramadas. Dessa vez, não por mim - a monstra - mas por ele mesmo, a vítima.

Conversando com uma colega de trabalho, descobri que esse tipo de reação não é tão... pessoal e intransferível, não.  Ela também passou por coisas parecidas com seu filho mais novo.  Numa dessas situações ela, que quase nunca consegue buscar o filhote na creche (é o pai quem vai), um dia, enfim, conseguiu ir e, quando chegou a hora de pegá-lo, a criaturinha gritava em alto e bom som: "eu não quero você, eu quero o meu pai", algo assim. Não preciso dizer que ela quase morreu de vergonha no meio das outras mães e que derramou alguns baldes de lágrimas de tanta frustração...

Outro relato, desta vez da amiga Vivian, leitura deste blog e companheira na "família", que disse que seu Antoninho, do alto dos seus JÁ QUASE 4 anos, um dia c-i-s-m-o-u que não queria que ela fosse trabalhar e que era o pai quem deveria sair de casa para isso. Também não preciso dizer que Vivi se debulhou em lágrimas, litros de lágrimas....

Essas crianças são muito engraçadas, mesmo, e inteligentes também.  Se alguém duvida que elas conseguem atingir nosso ponto fraco, é melhor ter plena certeza de que elas conseguem sim. Eu sei - hoje eu entendo - que é a maneira que elas têm de dizer que nos amam, que sentem a nossa falta, que ficam tristes e aborrecidas com a nossa ausência, mas, poxa, não precisam pegar tão pesado, né. Já beira à covardia!

Por mais que a gente saiba e passe por essas situações, a dor, o sofrimento e as lágrimas, muitas lágrimas, nos fazem sentir péssimas mães e até duvidar se essas criaturinhas ainda nos amam e nos querem. E aí, o nível do sentimento de culpa, de frustração e do medo de sermos rejeitadas é estratosférico. E quando eu digo que muita mãe é meio neurótica, eu não estou errada, não.  Porque essas coisas dão uma neura que nem *Maria do Bairro imagina.  Até porque ela não tinha filhos, né!


(*Quem não lembra da novela mexicana "Maria do Bairro", com aquela atriz lacrimosa, a Thalia?)




Volto Já!



Não, não é meu espírito entrando em contato para dizer que vou reencarnar em breve, muito menos estou apertada para ir ao banheiro. Foi apenas uma pequena pausa por conta das festas de fim de ano e, além disso, esta é a semana de adaptação do Davi na creche.

Acho que não existe mãe mais boba, mais prosa, mais insuportável e metida do que eu, por conta desse "acontecimento". Não querendo ser piegas - mas eu vivo sendo piegas - certamente que essa é uma nova fase nas nossas vidas. Para muita gente é apenas mais uma coisinha boba, mas para mim é sempre uma novidade e uma vitória.

Davi teve conjuntivite na semana passada, logo após o Natal. E corre para que ele fique sarado o quanto antes, porque, senão, n-a-d-a de creche, né. E durante esse período em que ficamos quase uma semana juntos por conta da doença, percebi que ele ficou super grudado em mim e no pai e bastante manhoso (também, pudera, é um tal de ficar lambendo essa cria que é um absurdo....). Quando voltei ao trabalho, recebi reclamações de seu comportamento reprovável... Ou seja, chegou mesmo a hora de ir para a creche!

A impressão é a de que ele já vai começar o "ano letivo", pois  recebi uma listinha básica de alguns itens a serem comprados, como avental, toalha, sabonete, shampoo, o tal do "copinho glu-glu", enfim, coisas que deverão ficar na creche, lá no nicho que será destinado aos objetos dele.

É claro que dá um pequeno frio na barriga deixar seu filho nas mãos de "estranhos", principalmente quando a pediatra, após dar o Atestado Médico, fazer cara feia (ela não simpatiza muito com creches) e a avó achar que ele não irá se adaptar e sofrerá as torturas e maus tratos que de vez em quando são relatados na TV. Viagem na fumaça de orégano perde!

Sempre preguei a favor da creche, mesmo antes de cogitar ter filho(s).  Creche é fruto da família moderna, em que há somente 1 ou 2 filhos e que os pais trabalham fora. Porém, mesmo que eu fosse dona de casa, eu sempre simpatizei com a ideia.  Não vou ficar aqui dando loas às creches, pois imagino que haja defeitos também, que irei descobrir com o tempo.  Porém, eu sempre defendi que, caso eu tivesse uma criança, ela iria frequentar uma creche, pois eu penso que é um lugar onde ela será estimulada e terá o convívio com outras crianças, aprendendo a se socializar e a dividir tudo: tempo, espaço, atenção, brinquedos, enfim, a não crescer achando que o mundo gira ao redor do seu umbigo.

Creche é cara, afinal, não deixa de ser uma espécie de "babá coletiva", e eu creio que o valor se justifica porque cuidar de crianças, principalmente bebês, requer um tratamento e habilidade  um pouco mais específicos. Não que as demais crianças não necessitem de cuidados especiais, porém, muitos bebês ainda não falam nem andam (que é o caso do Davi, por exemplo), o que dificulta a comunicação e redobra a atenção pois, se não engatinham, terão que ficar bastante tempo no colo ou no mesmo lugar, e se engatinham, começam a mexer e a entrar em lugares impróprios. Resumo: cuidar dos filhos dos outros é uma baita responsabilidade e uma tremenda furada!

Encontrar uma creche "boa" (defina "boa") não é fácil e, como citei, muito menos barato. No ilustre, bucólico e charmoso bairro do Campinho dá para contar nos dedos a quantidade de creches, o inverso do que existe em termos de salão de beleza! Uma amiga minha, na época de procurar creche para seu filho, me disse que havia visitado em torno de 30! Eu visitei apenas 4, por pura falta de opção mesmo. Aliás, a visita é a primeira parte desse ritual de passagem, coisa extremamente recomendável. Importante também é a opinião de outras mães a respeito do estabelecimento que despertou seu interesse.

Davi terá uma nova rotina e creio que a adaptação será muito fácil, visto que ele se dá muito bem quando está com outras crianças e não é comum estranhar pessoas que não conhece, mas isso não significa que não haverá momentos de estranhamento, afinal, ele passou seu primeiro ano sob os cuidados absolutos da mãe e da avó. Uma das novidades, por exemplo, será o uso do tal "copinho glu-glu" no lugar das mamadeiras. Ou seja, acabou a  molezinha!

Agora, imagine quando chegarem as festinhas como Dia das Mães, Páscoa, etc, etc, etc? Aff.... ali, haverá choro e muita babação.  Nem eu vou me aguentar!


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Atualizações

10/01/2011


A primeira semana foi bem complicada e agitada. Na terça-feira, Davi saiu da creche em estado febril. Na quarta-feira, teve que voltar para casa porque a febre tinha aumentado.  Além disso, havia acordado com uma crise alérgica, cheio de placas vermelhas espalhadas pelo corpo.


Na quinta e sexta-feira, Davi não teve mais febre, e ficou normalmente na creche.  Porém, tivemos - e ainda estamos - problemas com transporte, pois não conseguimos ninguém para levá-lo ainda.

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12/01/2011


Soube ontem que Davi chorou muito quando chegou e quando saiu da creche.  Estou também com sérios problemas de transporte. Janeiro é mês em que a maioria das pessoas sai de férias e, consequentemente, quem faz transporte escolar também não trabalha.  A pessoa que está fazendo o transporte esta semana não poderá levar o Davi a próxima semana.   Talvez eu tenha que ir em casa para levá-lo para a creche, pois acho que se ele ficar em casa, esse tempo de adaptação será perdido.
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17/01/2011
Esta semana, Davi não irá à creche, pois a pessoa que está fazendo o transporte viajou!!! Já contratei outra pessoa, a "Tia Karla", muito simpática, parece gostar de crianças. Só que irá começar apenas em Fevereiro. Além disso, o carro dela tem ar condicionado e cadeirinha. Alguma novidade nisso? Sim, porque o carro atual não tem nem uma coisa, nem outra!!!
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24/01/2011
Até segunda-feira, Davi continuava chorando para ir e para entrar na creche.  Desde terça-feira, creio que ele se deu conta que essa será sua rotina, então, não tem mais chorado. Até tem me recepcionado melhor, se bem que na terça-feira, quando fui buscá-lo, ficou de mau comigo por um bom tempo. 


Enfim, acho que essa "adaptação" foi mais longa do que imaginei, mas está acabando... graças a Deus!

14h05 - Acabou de saber que a Verônica, que está no lugar da Daisy/Deise/Deisy/Deysy não foi buscar o Davi hoje!!!!!! Estou tentando ligar, mas ninguém atende!!!!!!!!!! No momento, a máxima chega a 36º, com sensação térmica de 40º no RJ, sem previsão de chuvas nos próximos 4 dias...