Homo Erectus

E então, Davi começou a andar! Na verdade, ele apenas se firmou mais e tem se mostrado mais independente e seguro, mas posso estipular a data desse "acontecimento" no exato dia em que ele completou 1 ano e 5 meses, ou seja, há quase 2 semanas.  Ah, mas por que estou registrando só agora? Ué, porque eu sou meio neura, né, e não considerei que aqueles primeiros passinhos fossem efetivamente o começo dessa fase na vida dele. Porque ele já vinha, de uns 2 meses para cá, se levantando e andando apoiado nas paredes e nos móveis, o que eu considerava apenas um ensaio... (aff...).

Apesar de já ter comentado aqui, eu ainda olhava enviezada para meu filho, baseada em histórias e tabelas indicativas do desenvolvimento das crianças. E o tempo passava, e o Davi não dava o menor sinal de querer andar, ou mesmo de se equilibrar sobre os pezinhos.  E eu, claro, já cheia de buracos negros dentro da minha cabecinha psicótica, procurando explicações científicas, biológicas e  outras mais para esse... hum... "atraso". 
É incrível como a gente cai na própria armadilha, porque depois de todo esse tempo, de ver que ele não iria se enquadrar em muita coisa estabelecida como padrão, eu ainda esperava que ele começasse a andar há mais tempo! A cobrança vem, primeiro, de nós mesmas, que eu creio que seja muito por conta de uma vontade de ver a criança desenvolver suas capacidades e constatar que ela é "normal". Até aí, creio que muitas mães irão concordar comigo. Porém, as cobranças externas, que quase sempre andam juntas com as comparações, muitas vezes são as causadoras da nossa epopéia em busca do misterioso e enigmático chifre na cabeça de um cavalo!

E como faz parte do meu surto, corri para os braços da pediatra, que concluiu que não havia nada de anormal, apenas que "sim,-parece-que-é-um-pouco-de-preguiça-dele". E se ELA disse que estava tudo bem, então eu me acalmei um pouquinho.  
Confesso que também fiquei me coçando para comprar um andador, mesmo sabendo que a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda esse tipo de recurso para o desenvolvimento psicomotor da criança. Cheguei até a colocar Davi dentro de um, daqueles mais simples e acho que o mais condenado de todos, só para ver como ele iria se portar. Só não comprei porque, além da orientação da SBP, achei que seria dinheiro jogado fora, porque seria provável que Davi começasse a andar no dia seguinte à compra, vai saber!

Eu sei que às vezes a gente é tentada a querer "dar uma mãozinha" no desenvolvimento da nossa criança, mas essa ânsia pode queimar etapas, mesmo que a gente saiba disso. Hoje eu vejo o quanto eu tenho sido tola em tentar enquadrar o Davi em determinados padrões estabelecidos (aqueles que eu falei tempos atrás), porque ele tem o tempo dele, e do jeito dele as coisas vão acontecendo, mesmo que isso me custe alguns buracos negros dentro da minha cabecinha. Por outro lado, posso me orgulhar de ter esperado - sem muita paciência - para ver meu filho começar a andar e a se resolver sozinho, só com a ajuda de móveis, paredes e de suas mãozinhas.

E quando saí contando que Davi já tinha começado a andar, uma tia, muito empolgada com a grande novidade, vira e me diz: "Ai, que ótimo, que coisa boa. Mas já está falando também?".  
Oi?

Crianças Superprotegidas

Gostaria de compartilhar com você(s) a matéria desta semana da Revista Istoé, que é o título deste post. Me identifiquei com o assunto por conta do que postei aqui, a respeito da exposição das crianças a um "perigo razoável", digamos assim, a fim de que elas aprendam a se defender por si mesmas.


Produtos blindam os pequenos de acidentes, o que pode prejudicar a capacidade deles de aprender

Claudia Jordão
 A indústria de produtos voltados para a segurança infantil cresce em ritmo alucinado no mundo. Com isso, vai longe o tempo em que se resumiam a protetores de tomada e cadeirinhas para carros – comprovadamente necessários para evitar acidentes graves. Há uma leva de novos itens: capacetes e joelheiras para bebês em fase de engatinhar, coleiras, alarmes que avisam os pais quando a criança ultrapassa os limites considerados seguros na casa e até dispositivos que soam diante de um xixi na calça. Ao mesmo tempo em que trazem mais tranquilidade aos pais, os produtos podem dificultar o aprendizado e retardar o desenvolvimento dos pequenos. Por isso, dividem opiniões. “Bebês devem ser assistidos e crianças, além de observadas, devem ser ensinadas sobre os riscos e saber obedecer”, resume Alessandra Françoia, da ONG Criança Segura. Na opinião dela, quando isso acontece, capacetes, coleiras e alarmes são totalmente dispensáveis.

Sucesso nos EUA e cada vez mais comum no Brasil, a coleira para crianças é encontrada no País há dois anos. Segundo a responsável pela compra de produtos da loja BMart, Sheila Araújo, a aceitação da coleira entre os brasileiros aumentou com a chegada do produto na versão mochila de bichinho com cinto. “A mochila não ofende”, diz Sheila. A empresária Wanda Machado comprou uma, em forma de macaco com cinto, para o neto quando ele tinha 3 anos e se perdeu na Disney. Hoje, ela usa em lugares cheios de gente. “Ele não para e gosta de se esconder”, diz ela, que se acostumou com olhares de estranheza. “Podem falar o que quiserem, o importante é que meu neto está do meu lado.”


Para especialistas, o uso eventual não é prejudicial, o problema é a utilização frequente. “Se os pais precisam sempre de uma coleira para manter o filho ao lado, eles estão com graves questões de comunicação”, diz o pediatra Ricardo Halpern. Já o capacete e a joelheira para bebês são considerados um exagero. Alessandra, da ONG Criança Segura, explica que quando a criança cai da sua altura raramente se machuca gravemente. “É lamentável, mas muitos pais preferem substituir o seu olhar por equipamentos como esse”, afirma.


As maiores críticas recaem sobre o dispositivo sonoro que é colocado na cueca ou na calcinha de meninos e meninas e emite um alarme ao sinal da primeira gota de urina. O produto foi desenvolvido para quem sofre de enurese noturna. Porém, vem sendo usado em crianças recém-desfraldadas para evitar que fiquem molhadas. O pediatra Halpern condena a medida. “O certo é os pais ensinarem a criança a deixar a fralda e a usar o banheiro”, diz ele, frisando que o alarme pode traumatizar. A criança aprende a partir de erros e acertos. Fazer xixi na calça faz parte do aprendizado e contribui para o seu desenvolvimento.

 

Então, qual a sua opinião sobre o assunto? É válido o uso desses acessórios de proteção ou é melhor deixar a criança aprender a se proteger sozinha?

Um abraço.

Seu Nome é Bullying

Se existe algo muito comum à maioria das mulheres que sonham em ser mães é pensar no nome que darão à sua criança. Tradição familiar ou religiosa, homenagem a algum parente ou amigo,  ou mesmo a algum personagem ou artista, superstição ou até a combinação de partes de nomes são algumas das várias motivações para escolher o nome de seu filho ou filha. Vez ou outra surge uma espécie de "onda" de nomes iguais ou parecidos. Ultimamente, há uma profusão de Maria Clara, Maria Eduarda, Maria Luisa, Sofia, Valentina e Vitória, por exemplo. Para os meninos, Pedro Henrique, João Pedro, João Vitor, João Paulo, Paulo Henrique.

De uns tempos para cá, ficou estiloso entre as celebridades dar nomes mais "simples" às suas crianças. Pedro, João, Antonio, Joaquim, Francisco, Maria, que em outra época eram considerados "nomes de  pobre", se tornaram um it no meio artístico ou nas classes sociais mais elevadas. Em sentido oposto, quanto mais Y, W, PH, LL,  mais it é o nome de algumas crianças das classes mais.... populares!

Como bem diz o ditado, gosto não se discute, se lamenta, e apesar de não ser a paladina da verdade e da correção, tenho que admitir que algumas situações me forçam a um olhar mais crítico, até mesmo sarcástico, porque eu não consigo entender, por exemplo, alguém que coloque na criança um nome como Kauai! Acho que alguns nomes ficam muito bem em sua língua materna, como Kauai, que em havaiano deve soar muito bem. Mas, e no Brasil? Imagino essa criança sendo chamada de Kauat -  em alusão ao guaraná - ou Kawait - o país -, ou mesmo o mineiríssimo "Uai"! Já pensou? Porque a gente sabe que as crianças são cruéis e não deixam nada passar despercebido.

Se há inovações bem esquisitas, mais estranhas ainda são as razões para escolher o nome de uma criança.  Inspirados no Facebook, um casal israelense colocou o nome da filha de "Like", que naquela rede social é o nome de um botão chamado "curtir". Pode ser que Like em Israel até não soe estranho, mas se a moda pegar por aqui... é bullying na certa!  Moroccan e Monroe, Apple, Mano Wladimir, Záion, Bem, Zuma Nesta Rock, Kal-El, Pilot Inspektor são alguns nomes de filhos de artistas famosos, nacionais e internacionais. Não é invenção minha, não, pode procurar! E quem não se lembra do casal Baby do Brasil e  Pepeu Gomes, que batizaram os filhos como  Sarah Sheeva, Nana Shara (que antes se chamava Riroca Baby) e Zabelê, Kriptus Rá, Krishna Baby e Pedro Baby?

Não estou falando desses nomes que aparecem por aí, tais como Titilotá, Chananeco, Cinconegue, Clarisbadeu, Wanslívia, Um Dois Três de Oliveira Quatro, que muitas vezes têm o registro negado pelo cartório. Mas por que batizar a criança como Máiconsuel, Uóxington, Brayan, Róliudi, Uasleska, Adayl Elijanea, Sthephaniewaine, Jhenhinfherh, Jaaday Melkran, Brendalynny, por que, por que, por que, por que, meldelz???? Às vezes nem dá para pronunciar! Por que condenar a criança a ter que soletrar o nome pelo resto da sua vida, de forma a não se perder no meio de tantos daboiús e ipsilones, letras dobradas e fonemas que caíram em desuso há mais de meio século?

Note que não há muita diferença entre os que classificam como "nome de pobre" ou "nome de rico".  Não se trata de divisão de classes sociais, porque nomes "exóticos" existem tanto lá como cá. O que seria, então? Uma questão de criatividade, de excentricidade, de exclusividade? E a criança, será que alguém imagina sua criança aos 15, 20, 30, 60 anos, sendo chamada por esses nomes.... exóticos? 

E quando a gente pensa nas crianças que sofrem agressões físicas e verbais por serem orelhudas, gordinhas, gagas ou que usam óculos fundo de garrafa, às vezes nem se dá conta de que existem  tantas outras cujo nome é o próprio bullying.

Portanto, se você acha seu nome simples demais, normal demais, comum demais, levante suas mãos para os céus e agradeça a Deus por Ele ter iluminado a mente de seus pais! Poderia ser bem pior, não???

Nota: Todos os nomes citados não saíram da minha cabeça,existem de verdade!

Lágrimas


Por várias vezes ouvi de muitas mães o quanto elas já choraram - e algumas que ainda choram - quando deixam sua criança na creche, levadas por um misto de sentimentos, em que a culpa é o maior deles.  Entregar sua criança  nas mãos de uma "desconhecida", ter que ficar longe da criança por conta do trabalho, ouvir  seu choro na hora da separação são razões suficientes para chorar nesse momento.

Eu nunca chorei. Todas as vezes em que entreguei Davi na creche eu não chorei.  No começo fiquei, sim, com o coração um pouco apertado, mas nada que durasse mais de 5 minutos.  Uma tia me perguntou, uma vez, se eu não ficava triste ou chorava nessas situações. Diante da negativa, ela arregalou os olhos e soltou um enorme e indignado "creeeeeedo"! A avó do Davi diz que sempre chora quando ele entra na creche,  não importa se ele chore ou não.

Outra situação, talvez a mais sublime, que leva as mães às lágrimas, é quando a criança nasce. Não faltam registros desse momento tão marcante e naquela foto lendária com a mãe, a criança e o pai, que é tirada ainda dentro do centro cirúrgico, geralmente a mãe está com lágrimas nos olhos. Às vezes, o pai também.

Mas quando o Davi nasceu e eu ouvi seu breve choro, eu não chorei. Eu até senti meus olhos lacrimejando um pouquinho, mas nada tão robusto a ponto de se transformar em rios de lágrimas. Na tal foto lendária, estou sorrindo, mas sem choro.

No dia em que Davi foi operado pela primeira vez, no momento em que o anestesista o pegou do meu colo e o levou para o centro cirúrgico, eu não chorei. Fiquei olhando para ele, estática, e por um tempo ouvi seu choro, que foi bem curto, acho que por conta da anestesia.  Do lado de fora, havia outras pessoas que também aguardavam suas crianças que se encontravam ou em operação ou em algum exame. Algumas dessas pessoas também choravam, outras, como eu, não. Quando recebi Davi nos meus braços e o levamos para casa, e também nos dias que se seguiram, eu não chorei.

O posto de vacinação também é um lugar de muias lágrimas. De crianças e de mães, talvez muito mais por parte dessas últimas até. Muitas dizem que viram o rosto cheio de lágrimas quando a criança está sendo espetada, pois não suportam essa cena tão medonha, cheia de gritos de dor e de lágrimas. Me lembro da primeira vez em que levei Davi no posto para ser vacinado.  Havia uma outra mãe que já sofria do lado de fora do ambulatório, aguardando aflita e ansiosa sua vez de entrar. Entramos juntas e sentamos uma ao lado da outra.  Ela, com o rosto virado e chorando; eu, olhando tudo beeeem de perto, e sem lágrimas. Sim, porque nessas horas eu abro bem meus olhos para a injeção, nem pisco, quase não respiro, porque quero ver mesmo o que e como a enfermeira está fazendo. Não sei porquê, mas sempre me passa a ideia da agulha quebrar naquele exato momento!

Eu já chorei muito, principalmente no primeiro ano de vida dele, quando tudo era novo e as coisas não estavam muito bem. Porém, desde o momento em que eu percebo que a situação é para o bem dele, eu realmente não consigo chorar, por mais lágrimas essa situação possa trazer, porque vejo que ele é uma criança privilegiada. Eu sei que haverá momentos que me levarão às lágrimas, afinal, eu não sou esse monstro todo.  Pode parecer que eu seja meio fria e muito mais racional que emocional, mas dentro-do-meu-peito-também-bate-um coração!

Por hora, eu só tenho vontade de chorar quando Davi está de mal comigo, quando ele se recusa a vir no meu colo ou vira o rosto quando eu tento beijá-lo. Ou seja, quando ele fica de beicinho, fazendo birra e  me deixando de lado. Aí, sim, eu quase vou às lágrimas.