Craftices: Flores com Latinhas de Alumínio

Flores com latinhas de alumínio é mais um daqueles artesanatos que existem aos montes internet afora, mas que nem por isso deixa de ter seu valor e sua beleza, além de atender a famosa reutilização/reciclagem, não é?  Então, eu fiz as minhas, porque assumi de vez o meu lado arteiro e quero enfeitar minha casinha com coisas feitas por mim mesma. #Prontofalei!

Levei algum tempo para, enfim, acertar a mão, porque o "pulo do gato" é cortar as pétalas bem próximo do centro do círculo. Outra coisa que aprendi - e para quem já sabe fazer pode parecer meio óbvio - é que quanto mais círculos cortados mais cheia e bonita fica a flor, mas houve um momento em que eu realmente achei que não iria fazê-las de forma que elas ficassem como eu queria e imaginava.

Foram 5 modelos de pétalas cortados de tamanhos diferentes, sendo que coloquei a nº 2  duas vezes para dar um maior enchimento.



Apesar de o alumínio ser muito fácil de cortar, todo o cuidado é pouco, pois uma infecção por tétano não deve ser descartada (sim, sou meio exagerada e o Ministério da Saúde adverte que..., oh, wait, cadê a tua antitetânica, fia?  Pois é, eu também não sei onde está a minha...).  Então, antes de começar a cortar latinhas, tire os animais e as crianças da sala do lugar onde você irá fazer suas artes, até porque sempre ficam uns pedacinhos de cortes quase invisíveis.  A tesoura utilizada vai ficar totalmente cega mas servirá somente para este fim, então, se você pretende cortar latinhas de alumínio em outra oportunidade, guarde esta tesoura. 





Algumas pessoas passam o primer já nesta fase e eu assim também o fiz, mas depois que seca o metal fica um pouco mais duro para cortar.  Então, resolvi primeiro cortar os círculos e só depois passar o primer.   Ah, sim, se alguém não sabe, o primer é um produto que protege metais contra a corrosão.  Eu usei este da imagem abaixo, o mais comum de ser encontrado.




Depois, com os círculos já cortados e as pétalas já moldadas, montei a flor e fui pintar.  Não deu muito certo, pois tive que jogar muito spray por dentro das pétalas e para isso tive que abrir uma por uma, o que resultou em várias falhas.  Resolvi, então, desmanchar tudo e pintar as partes separadamente.

Após 2 demãos de tinta spray em cada lado, aí, sim, montei as flores e dei mais um acabamento de tinta também nos dois lados, afinal, a montagem também causa alguns arranhões na pintura.  O interessante é que depois que o metal leva o anticorrosivo e a tinta ele fica parecendo plástico.



Para unir os círculos da flor algumas pessoas usam parafusos, arame ou um fio metálico e às vezes até cola quente, mas eu usei aquele velho colchete metálico, também conhecido como "bailarina", este da imagem abaixo.  Quem trabalha ou trabalhou em escritório desde o século passado conhece (Jesus...).


A ideia inicial era colocar 1 flor em uma tela de pintura, mas não consegui encontrar quantidade de jeito nenhum.  Parti, então, para quadrinhos em MDF, com 12 x 12 de medida interna e 20 x 20 de medida total.



Fiz um fundo branco com P.V.A. e depois uma pátina a la-meu-modo, e até que não fiz feio, não. Usei tinta esmalte à base de água com um pouco de corante para dar um contraste com a parede quase branca.  Coloquei os ganchos de pendurar antes de pintar, um erro de aprendizado, já que depois a pintura da parte de trás fica um pouco prejudicada.  

Para que as flores sobressaíssem colei um pedaço de rolha no meio dos quadrinhos e, depois, a própria flor, tudo com cola quente.




E aí as flores ficaram assim.





Essa parede é a que fica do lado do rack da minha velha TV velha e estava completamente pelada.  Apesar de ter gostado muito do resultado, achei que mais um par de quadrinhos de cada lado vai dar um efeito ainda melhor.  Então já estou me preparando para fazer mais 4 quadrinhos.


Eu gostei!



Três


I listen to the wind
To the wind of my soul
Where I'll end up, well, I think
Only God really knows

I've sat upon the setting sun
But never, never, never, never
I never wanted water once
No, never, never, never

I listen to my words
But they fall far below
I let my music take me where
My heart wants to go

I swam upon the devil's lake
But never, never, never, never
I'll never make the same mistake
No, never, never, never

Cat Stevens



 
Hoje este blog faz 3 anos de vida.  Muitos altos e baixos, mas isto é a vida, não é?

Agradeço a todos que por aqui passam, passaram ou irão passar.  Obrigada por tudo.



Mentes Perigosas nas ESCOLAS - Bullying - Livro



"Aquele aluno gordinho ou muito magro, alto ou baixo demais, tímido, nerd, frágil, ou qualquer outro que fuja do padrão estético ou comportamental imposto por determinado grupo, costuma ser alvo de violência escolar.  Os agressores não perdoam.  Eles humilham, maltratam e intimidam seus colegas na sala de aula, no recreio e até do lado de fora dos muros da escola, transformando a vida de muitos estudantes num verdadeiro tormento."


Apesar do assunto ser de extrema importância nos nossos dias, visto a incidência cada vez maior de pessoas que matam e se matam por terem sido vítimas de bullying na escola, achei a abordagem do livro bastamte rasa.  Uma coisa, porém, me chamou a atenção na maioria dos relatos de quem spassou por este problema: a omissão da própria escola.

Sim, em vários casos provados e comprovados de bullying, a escola foi omissa de forma a não estabelecer diretrizes que tratem desse problema como um desvio de caráter e até como crime.  Na maioria das vezes, foi a criança quem teve que ir para outra escola, o que sempre ocasiona algum tipo de impacto na sua família.  Ou seja, quem teve que mudar foi a criança, não a escola. 


Talvez seja o fato de que muitas dessas instituições têm o aluno como cliente e não como estudante e pessoa em formação seja a justificativa para que elas não desenvolvam um plano de combate ao bullying, deixando esse assunto para ser resolvido pelos pais, que muitas vezes só despertam sua atenção para esse problema quando o estrago já foi feito. 

Por outro lado, o que também me chamou a atenção foi que muitos dos bullies (os causadores das perseguições) geralmente são crianças ou jovens que tiveram pouco ou nenhum limite imposto pelos seus pais, crescendo sem noção de consequência dos seus atos.

O livro descreve alguns aspectos apresentados por crianças que sofrem bullying na escola: faltas às aulas, queda do rendimento escolar, que leva à baixa das notas, introspecção, isolamento, pânico e até casos extremos, como suicídios e homicídios seguidos de suicídios, além de relatos de algumas pessoas famosas que superaram o bullying escolar e se tornaram notáveis, como Michael Phelps, Steven Spielberg e Bill Clinton.


Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva
Editora: Fontanar
187 páginas

Feira de São Cristóvão

Bora?

Dando continuidade às comemorações do meu jubileu (ui), fomos a um dos espaços culturais de que mais gosto na cidade: a Feira de São Cristóvão, que tem o nome técnico de Centro Municipal Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, mas que recebeu, com o já tradicional poder de síntese carioca, o apelido de "Feira dos Paraíbas".  Se você é da Paraíba não fique chateado com isso, porque você nem faz ideia do quanto este lugar é amado pelos cariocas.





O "hômi" da Feira, Luiz "Lua" Gonzaga




Em se tratando de um espaço cultural, claro que existem uma diversidade de lojinhas que vendem os mais variados tipos de objetos e quitutes regionais.  Me arrependi amargamente de não ter comprado umas colheres de pau, essas das fotos, que são de ótima qualidade, mas comprei uns tapetinhos para banheiro e, enfim, a Tieta, a rede que em breve será instalada na varanda.









Como não consigo resistir a uma sorveteria, fomos direto para esta aqui que oferece sorvetes de frutas típicas.  Desta vez fui de umbu com taperabá.  Achei o umbu um pouco ácido demais e o de taperebá maravilhoso.  Fiquei por aí mesmo, não tinha mais espaço estomacal para tomar mais sorvetes.  E o Davi ficou no de chocolate mesmo.



Não, eu não vou falar mal de gente que vai para a Feira de São Cristóvão tomar sorvete de morango, de passas ao rum, de sonho de valsa ou de qualquer outro sabor que se encontra fácil em qualquer supermercado.



Mas eu também não como buchada de bode, nem sarapatel, nem chouriço, nem galinha ao molho pardo, mas gosto muito da carne de sol, escondidinho, aipim, arroz de carreteiro, feijão tropeiro, enfim, alguns desses pratos que são vendidos nos diversos restaurantes que lá existem.  Aliás, na Feira de São Cristóvão existe do restaurante mais arrumadinho, com ar condicionado e tudo, até a birosca bem simples, sempre oferecendo comidinhas nordestinas, claro.  Aliás novamente, é um excelente lugar para se comprar carnes frescas.




Mas as lojas em que eu torraria uma boa parte da minha fortuna são as que vendem artesanato, principalmente as "pretinhas", essas bonecas de argila dos mais variados tipos e tamanhos.  Pinto-no-lixo me define dentro de um lugar desses, porém, com o dragão da inflação soltando labaredas incendiárias, o preço dessas bonequinhas - e dos demais objetos em geral - foi para o espaço sideral.  Eu fiquei assustada, porque até há pouco tempo elas tinham um preço bem legal, mas agora é fácil encontrar algumas custando até R$ 150,00 - as grandes -!




Numa das vezes em que fomos na Feira de São Cristóvão, Davi ainda era bem pequeno e nem andava e eu comprei uma sandália de couro dessas para ele. Desta vez não foi diferente, só que eu tive uma certa dificuldade em encontrar modelos e tamanho para meninos. Ele gostou tanto da sandália que não quer tirá-la mais dos pés.  Claro, é o fator "novidade", mas ele gostou tanto que só quer ir com elas para a escola.




A diferença entre uma e outra.... a pequena vai ficar guardadinha de lembrança...coisa de mãe, né.



Um detalhe: houve um tempo em que as sandálias infantis eram assim: simples, sem muitas firulas, luzinhas, pisca-pisca, cores berrantes ou personagens de desenhos.  Um toque de simplicidade nunca é demais, já que vivemos num mundo onde o clamor do consumismo está cada vez mais alto.  Aproveitei e comprei um par de chinelos de couro para mim também que ficou tão maravilhoso que nem dá vontade de tirar do pé (meu pé é feio, não mostro nem morrendo).

Mas antes o pai havia comprado uma blusa do Ben 10, e aí que o menino ficou com a blusa o dia inteiro, o dia seguinte inteiro e de noite eu consegui lavá-la, para que ele pudesse ir com ela para a escola no dia seguinte. Ah, esse brinquedinho aí durou apenas 2 dias, foi para a escola - "a novidade" - e voltou quebrado, claro.



Visitamos também esta loja que vende bebidas alcóolicas, como cachaças, vinhos e licores.  Havia algumas cachaças feitas com caju, com feijoada, com caranguejo e com... cobra!  Se tu é macho...




Este é o carro que vende literatura de cordel, de que eu não sou muito chegada.  O meu negócio é um "bate-coxa" e um repente.  Eu, que sou super matinê, sou capaz de atravessar uma madrugada inteirinha dançando forró, além de admirar a capacidade de raciocínio rápido dos repentistas. 


Aproveitamos também para tirar uma "foto de família": Seu Lampião, Dona Lamparina e Toco de Vela.


Se você é do Rio não deixe de conhecer a Feira de São Cristóvão, afinal, é o ÚNICO lugar da cidade onde se concentram artesanatos regionais - mesmo que só do Norte e Nordeste - o que já é bastante coisa, porque bem que poderiam haver outros espaços assim que contemplassem as demais regiões, já que não falta neste país é cultura regional, não é?



Ah, sim, novamente, este post NÃO É um publieditorial, é que eu góxtio desse lugar arretado mesmo.

Foco

"O que você quer ser quando crescer?" é uma frase muito comum na infância. As mais variadas respostas vão de "astronauta" ou "manicure" até a algum super herói e entre outras bastante hilárias.  O interessante é a certeza absoluta em definir, desde muito cedo, o que se quer para a vida.

Eu não me lembro muito de ter algum objetivo claro, bem específico quando criança.  Na verdade, a minha infância foi tão tumultuada que eu não me lembro de boa parte dela.  Alguns resquícios aqui, outros flashes ali, mas nada linear, sequencial. Da memória dos primeiros 5, 6 anos de vida sobraram apenas fragmentos muitos nebulosos.

Mas um dia eu quis ser bailarina.  Talvez movida pela oportunidade de ter ganhado uma bolsa de estudos numa academia de balé, meu "sonho" naquele período da vida era ser bailarina clássica.  Eu já tinha quase 10 anos e por volta dessa idade as coisas começam a ficar mais fáceis porque esse é um momento em que a criança está muito influenciável e às vezes traça um objetivo de vida que está de acordo com o que lhe é interessante naquele momento.  

Era o que acontecia comigo.  Eu queria ser bailarina porque, naquele momento, eu fazia balé.  Mas ser bailarina, negra, num Brasil de mais de 30 anos atrás era praticamente impossível. Na verdade, n-a-d-a era fácil naquela época, principalmente para quem era pobre como eu.  Quem viveu a época sabe que tudo era muito caro e difícil e os vários direitos que temos hoje não existiam - direito do consumidor, direito do idoso, direito da mulher, direito do adolescente, direito dos animais, direito das plantinhas, - nem de longe se pensava nisso.  Vivíamos meio que à mercê da vida-como-ela-deu-para-ser e a mobilidade social era quase inexistente.  Quem nascia pobre vivia ou estava condenado a morrer pobre.  Se fosse da classe média, assim também seria.  Só os ricos é que ficavam cada vez mais ricos.  Talvez a tábua de salvação era a educação escolar, mas a escola pública já caminhava para a decadência.  Me lembro que quando entrei no antigo Ginásio havia 4 turmas de 5ª série. Ao final, havia apenas 1 turma da 8ª série.

Um dia eu quis fazer Escola Técnica, aprender alguma coisa relacionada a eletricidade, eletrotécnica. Eu queria ser "técnica" em alguma coisa. Achava o máximo os alunos do CEFET com aqueles jalecos estudando nas salas-oficinas.  Tranquei o primeiro ano do 2º Grau e fiz um cursinho preparatório.  Saía de casa às 5h30 da manhã e ia até à Tijuca, pois as aulas começavam às 7h00.  Chegava em casa quase 14h00 da tarde, caindo de sono.  Fiz as provas e, claro, nem de longe passei, afinal, como lidar com a "Diabólica Trindade" formada pela Matemática, a Física e a Química? Perdi o ano no colégio, o cursinho e a vontade de ser técnica-em-alguma-coisa.  Não tinha - e ainda não tenho - a menor vocação para cálculos. 

Ao final do 2º Grau, mais um dilema:  que faculdade cursar? Engenharia, Arquitetura? Não. Ciências Exatas, nem pensar!  Direto? Administração? Hum... deve ter algum cálculo escondido no meio desses cursos. Biologia?  Como, se os cursos eram durante o dia e eu já trabalhava em tempo integral?  Medicina?  Ah, sem a menor chance, né. Como sempre tive facilidade com a Língua Portuguesa e Inglesa, então, por que não cursar Letras? Bingo! Foi o que fiz.  Assim foi a minha escolha, e  me formei não 1 mas duas vezes, porém, apesar de ter gostado muito do curso, eu não tinha muito claro se era aquilo mesmo que eu queria para a minha vida. O que eu sabia era que se eu parasse no Ensino Médio seria pouco provável que eu fosse ter vontade ou força para voltar um dia, já que trabalhar e estudar é uma tarefa bem cansativa e desgastante.

Mas de todas as coisas, o que mais me angustiava era ter que morar na favela.  Nunca gostei, não me adaptei e trabalhei duro para, primeiro, construir uma casa de alvenaria e, depois, vendê-la e me mudar. Não sei se era um objetivo, um foco efetivamente que eu tinha.  Um alvo.  O que eu queria era morar em outro lugar, fora dali. Depois de todos aqueles anos de tristezas, sofrimentos, agruras, inseguranças, dificuldades, enfim, foi quando eu comecei a sentir que estava vivendo o melhor momento da minha vida.  Me sentia livre, feliz, realizada.  Me sentia gente.

Mas depois, qual era o foco, para onde eu poderia direcionar minha atenção?  Voltar a estudar?  Seria ótimo, poderia ter feito uma pós-graduação, algo assim. Mas como eu já havia estudado tanto e por tanto tempo, eu estava cansada e... não tinha um foco muito esclarecido.  E então vivi uma vidinha simples, de trabalhar e curtir os momentos.  Só.

E outro dia, conversando com uma colega de trabalho, ela me pergunta pelo Davi e eu, mãe coruja no úrtimo, falo e falo e falo do moleque.  "Mas, Luciana, antes dele, qual era o teu foco?"  Uma pergunta simples, direta e... objetiva. Levei alguns segundos para responder, porque fiz uma retrospectiva rapidíssima na minha mente e descobri que, na verdade, eu nunca tive um foco.  Talvez por ter vivido tão ansiosa pelas coisas da vida, por ter trabalhado tanto para morar um pouco melhor ou... para sobreviver, apenas, eu não contemplava um alvo a ser alcançado num futuro médio.

E daí que eu concluí que foi a chegada do Davi na minha vida que me trouxe um foco, uma visão mais clara, mais objetiva e direta do que eu quero para a minha própria vida.  Ele é o meu foco, é por ele e para ele que eu me levanto todas as manhãs, que enfrento os desafios da vida e o principal deles: ser mãe.

Davi chegou para eu me descobrir - não me re-descobrir, porque a projeção de mim mesma era muito desfocada.  Ele tornou as coisas da minha vida mais claras.  Ele teve a capacidade de avivar a minha autoestima, além, claro, de alegrar meus dias, que eram nublados, turvos.

Davi não é meu objetivo momentâneo e sim, permanente e apesar da grande tentação comum à maioiria dos pais, eu me esforço em não colocar minhas expectativas nele.  Não quero que ele realize os meus sonhos, ou que alcance os objetivos que eu não alcancei.  Mas quero que ele tenha o foco que eu não tive.  Se ele vai ser astronauta, técnico-em-alguma-coisa ou um super-herói, eu não sei, porque essas coisas fazem parte do "risco" de se ter filhos, que é não poder prever absolutamente nada. 

Claro que eu espero que ele cresça e apareça, que se torne um ser humano bom, admirável, amado, aceitado, respeitado, porque não consigo acreditar que haja pai ou mãe que queira algo diferente disso para seus filhos.  Pode até existir gente assim, mas aí, não há como serem considerados pais, não é?

Hoje eu faço 44 anos de idade.  Não aparento tanto, pelo contrário, o tempo tem sido bem generoso comigo.  Mas estou me aproximando de meio século de vida (frase dramalhão-ultra-piegas).  Mas foi quando esse tal de Davi invadiu a minha vida, foi aí que ela, efetivamente, começou.  Foi aí que eu passei a ter um foco: ser a melhor mãe que eu puder ser.


Bienal do Livro 2013

A primeira - e a última - vez em que fui à Bienal do Livro deve ter sido há uns 10 anos.  Junto com minha amiga Denise, resolvemos participar do evento que, à época, não era tão badalado assim.  Em 1 década, porém, muita coisa muda, como a gente sabe, e aquilo que antes era pequeno ou até passava meio despercebido pode se transformar em um evento de proporções apocalípticas.



Este ano bati o pé para levar Davi à Bienal, a fim de que o moleque já se habitue ao universo da leitura.  Quer dizer, não é necessário levá-lo a uma feira de livros que acontece a cada 2 anos, já que eu leio para ele todas as noites antes de ele ir dormir, obedecendo àquela clássica rotina "conta outra vez" ou "de novo" a cada final da história.  E, como a grande maioria das crianças, Davi cisma com uma história a tal ponto de eu contá-la por meses a fio, até eu quase cair de sono.

Em se tratando do penúltimo dia, achei que não haveria tanta gente no local do evento.  Engano dos grandes.  O Riocentro estava abarrotado de gente, de todas as formas e tamanhos, nos mais diversos tipos de estandes.  Como diria o Luciano Huck, "loucura, loucura, loucura".

Transporte
Havia 2 linhas de ônibus que passavam pertinho de casa, porém, eles já vinham bem cheios.  Ir de carro não era o mais recomendável, já que temos uma obra no meio do caminho e o estacionamento custava R$ 18,00, um absurdo.  Tivemos muita sorte tanto na ida quanto na volta.  Na ida, estávamos num ônibus master cheio até que emparelhou outro, vazio, com ar condicionado.  Pulamos para esse e fomos confortavelmente.  Na volta, tivemos que pegar o outro ônibus "na unha" porque "bagunça" foi o outro nome para transporte para a Bienal.

Ingressos
A entrada inteira custou R$ 14,00, sendo que a meia entrada se encaixava em vários requisitos, entre eles, a criança ter menos de 1 metro de altura, por exemplo.  Como Davi tem mais que 1 metro de altura, compramos a meia entrada para ele, porém, na hora.... ele não precisou pagar porque.... não sei. Compramos com antecedência, durante a semana, pois eu soube que as filas das bilheterias estavam imensas. Só tivemos a ideia de termos podido vender a entrada do Davi... depois que entramos.  Agradeceria imensamente se, na próxima vez, as informações fossem bem mais claras.  Mas, tudo bem.

Preço dos Livros
Como entramos já no pavilhão onde só havia literatura infantil, achei os preços muito bons.  É aquele negócio: diante de tanta oferta, a gente fica meio tonta, com vontade de sair comprando geral.  Aí, é hora de respirar fundo e primeiro ver o que a criança quer para depois começar a analisar o que realmente vale a pena comprar.




No caso do Davi, que não é lá muito chegado em multidões e já estava com sono, pegamos um livrão com desenhos de dinossauros para colorir e aí ele não quis mais nada.  Como eu conheço a peça, não dei muita confiança e fomos adiante.



Havia livros a partir de R$ 3,00 e outros com o valor de livraria comum.  Comprei esses livrinhos que são bem básicos e que emitem o som do animal da história e que custaram R$ 5,00 cada.  Achei que foi um bom investimento e pretendo usá-los em doses homeopáticas porque, como disse, não adianta ler vários livros porque o Davi vai cismar com apenas uma história até se interessar por outra.



Comprei também esse, que é uma espécie de almanaque, com várias atividades  que vão desde ligar os pontos a encontrar os erros.  São 365 atividades, 1 para cada dia do ano, para variadas idades, então, achei também válida essa aquisição, porque creio que ele vá durar um bom tempo.



Este livro foi o próprio Davi quem escolheu, não pela história em si mas pelo binóculo que vem junto e que faz parte das histórias. A felicidade estampada no seu sorriso espontâneo para tirar fotos é realmente  contagiante - só que não.





Como o homenageado da Bienal deste ano era o Ziraldo, havia, óbvio, uma fila monstro para autógrafos, que durava em torno de ums 3 horas.  Bem que eu gostaria de ter também o seu autógrafo, porém, não quis submeter Davi a uma demora tão longa e depois... os livros dele estavam bem caros!  E aí eu pergunto: se os livros do homenageado - e é uma montanha de títulos - serão vendidos feito água no deserto exatamente por causa do interesse em se posar ao lado do autor e receber um autógrafo, por que continuaram tão caros?  Fui consultar o preço de um livrinho de umas 25 páginas, R$ 35,00! Oi?

Planeta Ziraldo
O espetáculo Ziraldo - Histórias ao Vento é formado pelas adaptações de dois textos consagrados do autor: FLICTS e O BICHINHO DA MAÇÃ. As histórias são apresentadas por um personagem importante da literatura do autor mineiro: O MENINO MALUQUINHO. O roteiro mescla trechos dos livros entremeados por canções originais compostas especialmente para o espetáculo. A música é tocada e cantada ao vivo.
 
Não, não consegui levar Davi para assistir, pois alguém anunciava num autofalante quase inaudível a distribuição de senhas (!!!!!!) com 1 hora de antecedência.  Pense num lugar entupido de gente e você com uma criança pequena tentando pegar uma senha para assistir a uma peça onde haverá um mar de crianças, num mar de outras pessoas...

Personagens
Não encontrei os personagens da Turma da Mônica, que tinha um estande festejando seus 50 aninhos de vida.  Não encontrei porque também não procurei muito por causa da multidão - nem sei se eles realmente estavam lá.  Mas a Galinha Pintadinha, que já virou arroz de festa, estava lá toda pomposa e elegante como sempre.


Havia também, entre Ben 10 e Homem Aranha, esse boneco aí, em tamanho natural, que é personagem do Assassin's Creed, um jogo eletrônico, ("analfa" digital chama game de "jogo eletrônico", licença, tá, e, claro, eu não faço a mínima ideia do que seja o jogo).  Não foi muito fácil fotografá-lo, pois havia um monte de gente (marmanja, diga-se) querendo fazer o mesmo (imagino que sejam as pessoas que jogam o... game).  Com algum custo eu o fotografei porque ele foi muito bem feito. Mas eu fiquei com medinho dele.  Vai que... né, o cara estava armado com um arco e flecha.



Alimentação e Carrinhos para Crianças
Nem cheguei perto da praça de alimentação, porque eu já sabia e já tinha ouvido falar que os preços estavam abusivos.  Como sempre faço, compro uns biscoitos, batatinhas, suquinhos de caixa e alguns chocolates para levar aos passeios do Davi e dessa vez não foi diferente.  Soube que um cachorro-quente, daqueles bem sem graça do tipo pão-com-salsicha-e-nada-mais estava custando R$ 8,00.  E o aluguel dos carrinhos para crianças? Veja a tabela.  É por hora!  O tempo de atravessar de um pavilhão para o outro.




Enfim, eu queria mesmo era ir na tarde de autógrafos do novo livro do Laurentino Gomes, 1889 (cuja fila deveria estar dando voltas no bairro), não somente para comprá-lo como também para autografar os 2 primeiros que eu já tenho: 1808 e 1822.  Mas... não, eu não teria disposição para enfrentar horas e horas e horas de fila, só se eu estivesse sozinha, o que não foi o caso.

Conclusão
1. Um evento do porte da Bienal do Livro jamais poderia se dar apenas no Rio de Janeiro ou em São Paulo.  É aquele mistério que eu não consigo desvendar: qual o problema com os demais Estados da Federação?  Porque o que não vai faltar, com toda a certeza, é público, e quando uma coisa dessas acontece em apenas 2 lugares, não há como evitar uma aglomeração absurda de pessoas.

2. Achei alguns livros com descontos muito bons, porém, não se iluda, algumas boas (e más) literaturas continuaram com o preço praticado em qualquer livraria.  Mais uma vez eu não entendo: é certo que a venda de livros e outras literaturas será grande numa Bienal, então, por que não colocam um preço mais popular?  Portanto, como reclamar que as pessoas não gostam de ler?  Pelo contrário: muitas pessoas gostam de ler, mas o preço dos livros às vezes funciona como um repelente e a leitura, no geral, acaba ficando restrita a quem tem recursos para pagar R$ 40,00 ou R$ 50,00 num livro, por pior que seja.

3. Como SEMPRE o transporte foi o grande vilão da história, principalmente quando se trata de algum evento que de grande porte.  Levamos 2 horas para ir e 1 hora para voltar para casa e olha que tivemos sorte em pegar ônibus vazios.  Agora, imagina na Copa?

4. Não sei se vale realmente a pena levar crianças para a Bienal, pelo menos crianças até 4 anos de idade.  Vi muitas crianças no colo e em carrinhos, muitos bebês mesmo, várias dormindo.  Acho até interessante, mas como se trata de um lugar muito cheio, acho que as crianças, no geral, ficam entediadas, assustadas e bastante cansadas se forem muito pequenas.  Não existe a mínima possibilidade de, estando com uma criança, tentar assistir a alguma palestra de autores diversos.  "Como lhe dar"?

5. Ah, se eu comprei alguma coisa para mim?  Não, vou comprar o 1889 em qualquer outra livraria, pois o preço na Bienal estava o mesmo que o da livraria mais próxima, com a diferença de que eu não terei uma montoeira de gente se estapeando no mesmo lugar.



A Dupla Zepan & Zolan
Meu domingo foi praticamente todo jogado fora.  Com um barulho insuportável na minha "vizinha" comunidade, no sábado à noite, tomei 2 calmantes para dormir.  Só que acabei dormindo o domingo i-n-t-e-i-r-o, me levantei já eram 7 da noite e nem curti meu filhote e marido.  Existe um apartamento no 2º andar, onde a barulheira chega muito pouco e estamos estudando com muito amor ($) e carinho ($) as possibilidades de fazermos uma troca porque eu não acho bom viver como tenho vivido.  De uns tempos para cá até que o barulho não tem sido tão infernal, mas como eu estou traumatizada, aí, só me dopando para atravessar a noite e não é isso que eu quero para a minha vida, até porque não foi para isso que trabalhamos tanto para conseguirmos um lugar para morar.

Amor-a
O momento cuti-cuti e que salvou o domingo foram as lindas amoras colhidas pelo maridón, este homem quase santo, que me tolera com amor e carinho.  Ele e o filho, o tal do Davi, foram lá no pomar e cataram amoras bem pretinhas e deliciosas, e delas fiz uma geléia bem gostosa e que será devorada rapidamente.




Ficou parecida com açaí, mas está uma delícia.  A jabuticabeira este ano não mostrou seu poder e glória.  Uma pena...as jabuticabas estavam pequenas e foram poucas.