Recesso



Este humilde e ilustríssimo blog entrará em recesso parlamentar por 2 semanas.

Agradeço a você que por aqui passa, por dispensar um tantinho do seu tempo lendo minhas neuras ou vendo minhas humildes craftices.  

Aproveito também para deixar um carinho muito especial para a Janice, do Pinguinho de Arte, uma grande bênção de pessoa e de amizade que tive o privilégio de receber este ano.

E para todos nós, que 2013 seja mais leve que 2012.

Um grande beijo!

Davi, 3 Anos!



Hoje, dia 22/12/12, Davi completa 3 anos de vida fechando, assim, achamada Primeira Infância.  No próximo ano estará ingressando no Maternal II.  Já sabe contar de 1 a 10, conhece algumas letras e várias cores. É muito falador e cara de pau, tem um gênio muito forte, porém, é muito carinhoso com os pais e desde que aprendeu a beijar, usa esse artifício para demonstrar carinho e também amenizar suas traquinices.  É também muito curioso e gosta de querer fazer tudo sozinho.  Nos últimos tempos adora a série LazyTown (para queimar minha língua) e, para meu total desespero, está aprendendo a dar cambalhotas.

Nesses últimos 2 anos e meio Davi já passou por 4 cirurgias para reparar sua hipospadia, todas, claro, com anestesia geral, além das 10 dilatações do canal da uretra. Seu jato de xixi continua fino, o que indica que poderá haver mais dilatações.  Porém, a cada saída do hospital parece mais forte.

Em todo esse momento eu não me preocupei em fazer o Davi uma máquina de inteligência.  Não comprei muitos brinquedos didático-pedagógicos, quebra-cabeças, joguinhos eletrônicos, nem o matriculei em aulas de língua estrangeira para menores de 2 anos. 

Eu o deixei viver a sua infância.  Plenamente.  Sem cobranças de resultados fantásticos, de desenvolvimento de fala ou de motricidade, a despeito das minhas neuras, pois ainda implico com a sua altura.

A única coisa que ainda quero fazer é colocá-lo em alguma atividade física, seja uma natação ou judô, mas ainda encontro dificuldades em transporte.  A creche ajuda muito, pois oferece aulas de educação física e capoeira (o que eu não sou muito chegada).

No momento, o que eu quero mesmo é que ele seja feliz, se sinta feliz e viva seu momento, da primeira à última infância, sem forçá-lo a ser um super-gênio da matemática ou da filosofia.  Se for, vai me dar trabalho, porque os gênios costumam dar muito trabalho.

Para mim, a base de toda a estrutura que o levará a ser um grande homem é o amor e o afeto que ele recebe em abundância.  O que vier depois é lucro.

Não sei se cumpri meu dever como mãe até aqui, mas acho que não fiz muito feio, não, porque se existe uma certeza que eu tenho é que Davi é amado, muito amado.

A Vida da Bailarina

Acredito que quase todas as meninas tiveram o sonho de um dia ser bailarinas.  Das clássicas, claro, se bem que, hoje em dia, muitas sonham mesmo é em se tornar top models ou, nos piores dos casos, mulheres-frutas.  Mas ainda há aquelas que sonham e outras que conseguem realizar essse sonho.

E como é lindo ver uma bailarina dançando, não é?  Sua leveza ao dar piruetas e saltos mais parece uma pluma de tão delicada.  E não basta apenas saber dançar, a bailarina também tem que interpretar um papel.

Vida de bailarina não é fácil e o seu nome é disciplina.  Da hora em que acorda até voltar ao seu quarto, a bailarina tem que rodopiar e suar muito sua malha.  São anos e mais anos em busca da perfeição, do gesto que será o diferencial que irá destacá-la das demais para que, ao final, ela seja a primeira bailarina do corpo de baile.  E não devemos nos esquecer da dieta alimentar, que é constante.  Muito pouca comida, muita água, quase nada de chocolates e sorvetes. Dedicação 24 horas por dia, em ensaios, aulas, repetições de passos, estudos sobre os ícones do balé, dos personagens de tais ou quais peças.

Uma das coisas que mais impressiona e chama a atenção em uma bailarina é suas sapatilhas de ponta, geralmente cor de rosa e com fitas de seda da mesma cor.  Até chegar a esse nível de desenvolvimento, a bailarina já dançou muito na sapatilha de meia ponta, porque seu sonho é ir para a sapatilha de ponta, pois esta passagem de nível significa que ela é, enfim, uma verdadeira bailarina.  E apesar de bonito, como é difícil se equilibrar na ponta dos pés. E aí vêm mais e mais anos de treinos e exercícios puxadíssimos.

Por trás de toda essa beleza escondem-se os pés da bailarina,  que geralmente são uma tragédia. Calos em todos os dedos, unhas encravadas, bolhas e joanetes que enfeiam seus pisantes.  São neles que se sente a maior dor e pressão do peso do corpo, por mais magra que ela seja.  São eles quem mais sofrem durante toda a vida da bailarina, afinal, é sobre eles que pousa toda a sua leveza e delicadeza de pluma.  Eles sofrem e levam a linda bailarina às lágrimas.  Não importa se ela é a primeira ou a última bailarina do corpo de baile, se os pés estão sangrando no meio da peça, ela tem que se manter linda e fazer sua apresentação de forma arrebatadora.  Mas os pés... um horror.

Ao final, as dores passam, os calos e as unhas encravadas ficam, mas a sensação é de realização.  A bailarina lembra de todas as privações, do suor, dos exercícios repetitivos, da fome, olha para seus pés feios e maltratados pela linda sapatilha rosa com fitas de seda mas se sente feliz.  

Esse é o preço da sua escolha.  Ter os pés feios e maltratados não é motivo de vergonha para a bailarina e sim, de orgulho, porque eles estão dizendo ao mundo o quanto ela é esforçada e dedicada e se submete à dor para realizar seu sonho.

A gente não precisa ser exatamente uma bailarina de verdade para ter os pés feios e maltratados.  Mesmo não sendo nossa escolha, às vezes a vida se encarrega de fazer isso, nos proporcionando caminhadas tão longas que chegam a sangrar nossos pés.  Mas a gente tem que continuar dançando bonito, rodopiando e saltando para continuar essa caminhada.

Esse ano foi meio assim novamente.  Mais uma longa caminhada com a hipospadia do Davi, e vejo meus pés sangrando, cansados, com bolhas e calos.  Vejo Davi cheio de vida, saudável, mas ainda faltam ajustes a fazer.  Seu jato de xixi continua fino e a cirurgia plástica não ficou como eu imaginei e agora teremos que esperar, e esperar, e esperar o tempo fazer a parte dele, que eu não sei muito bem qual é.

Eu tenho que continuar dançando, ainda que meus pés continuem sangrando, porque eu quero acreditar que vai chegar o dia em que essa caminhada vai terminar e, assim como a bailarina, vou me orgulhar dos meus pés feios e maltratados.

Mas como dói....


Craftices: Guirlanda de Natal

Eu já tinha um enfeite de Natal para a porta de entrada de casa, porém, resolvi dar uma repaginada nele.  Baseada na "técnica" utilizada neste abajour, fiz uma guirlanda que, olha, ficou muito, mas muito bonita.  E fácil, mega fácil de fazer.

Primeiro de tudo, fazer as rodelinhas com feltro - eu usei vermelho e verde, mas hoje em dia as guirladas podem ser de cores variadas.




Usei uma rosca de isopor que achei mais fácil e mais leve.




Depois, cortei tiras de feltro verde para envolver a rosca de isopor.  Acho que não há necessidade, porém, não custa nada dar algum acabamento, não é?


Com a cola quente, começa a parte mais gostosa, que é a de colar as rodelas ao redor da rosca do isopor.  Lembrando que, quanto mais rodelas e mais juntas, mais bonito vai ficar.


Aí eu não fotografei a fase, mas depois disso, dilui um pouco de cola (a cascorez, do rótulo azul) com um pouco de água e com um pincel fui aplicando e colocando gliter.  Deixei secar e depois coloquei verniz em spray, que é para segurar o gliter.   Depois, colei algumas bolinhas vermelhas e douradas com cola quente, e como eu não sei fazer um laço decente, comprei esse aí mesmo e colei também.


A foto ficou muito ruim mas "pessoalmente" a guirlanda ficou muito bonita, e se eu digo que ficou bonita é porque ficou bonita mérmo, porque eu sou chata prá caramba, principalmente quando sou eu quem faz alguma coisa.


Agora a porta tem um enfeite novo, artesanal e original. Como existe outra porta ao lado dessa, estou pensando em fazer um outro enfeite, não uma guirlanda, porque seria demais, mas outra coisa.  Com o meu eterno problema de falta de tempo, o máximo que pretendo fazer é outro enfeite para colocar nessa porta, que dá acesso à cozinha, mas que fica eternamente fechada.


Terceirização, Maternidade, Culpa e Rótulos

O que é terceirização?  Para que serve?  De acordo com a wiki, terceirização é 'Prática que permite a empresa abrir mão da execução de um processo e transferir para um terceiro, portador de uma base de conhecimento mais especializada, com o objetivo de agregar maior valor ao produto final.' [Leonardo Leocadio].   

O objetivo principal da terceirização é a busca de redução de custos sem afetar a qualidade do serviço e no nosso país a terceirização tem tomado lugar cada vez maior em vários setores de prestação de serviços: desde encarregados de serviços gerais até médicos podemos encontrar profissionais que atuam como terceirizados. 

E outro dia, entre um comentário e outro neste post  do blog minha casa, meu mundo (muito fofo, diga-se de passagem), alguém colocou alguma coisa desse tipo: a terceirização da maternidade. O tema central do post - que se referia a outro post de outro blog - era a rotulação a mães que trabalham fora.  E eu, como trabalho fora, me identifiquei com o debate boca.


Nesses tempos bicudos, muitos casais escolhem ter apenas 1 filho e uma dessas razões é a questão financeira, pois muitos querem dar uma boa escola, um curso de línguas, uma atividade extracurricular, uma boa alimentação às suas crianças.  Nos casos em que algum ou os dois cônjuges já têm filhos de relações anteriores, aí é que parece que essa opção é quase certeira, uma vez que os gastos ficam maiores.  E para ajudar nas finanças domésticas, muitas mães trabalham fora tanto quanto seus maridos.  Ou são mulheres que já eram independentes antes de se casar/juntar/engravidar, ou que decidiram voltar ao mercado de trabalho, dentro ou fora de casa.  Ou seja, as razões são variadas, mas o que se não pode fazer é tacar pedras na mulher que, por falta de opção tem que trabalhar fora, já que seus rendimentos são responsáveis por boa parte do orçamento doméstico.

Uma vez que não dá para se dedicar integralmente, essas mulheres acabam por colocar sua criança nas mãos de alguma empregada doméstica ou babá ou na creche.  E aí eu pergunto: isso é terceirizar a maternidade?  Porque um dos pontos da discussão era esse e um dos argumentos para embasá-lo era: a mulher decidiu ter filhos para outra pessoa criar?

Além de ser fraco, esse argumento é bem descabido porque, como já citei, às vezes não é questão de apenas querer continuar sendo independente, mas de falta de opção.  Porque ter coragem de abrir mão de um salário robusto somente para ficar em casa cuidando dos filhos é para poucas pessoas.   E ainda assim há aquelas que simplesmente gostam de trabalhar e de ganhar seu próprio dinheiro.  Eu sou filha de mãe que trabalhou fora também, gosto de trabalhar e trabalho desde os meus 15 anos, mas, numa boa, se meu marido me depositasse o equivalente ao meu salário todo o mês, eu ficaria em casa, com certeza.

Essa história de que colocar filho na creche ou nas mãos de uma babá é terceirização é boa só para quem não passa o sufoco de muitas mulheres que querem dar um mínimo de conforto ao seu lar e família.  Lamento infelizmente não poder acompanhar o crescimento dia a dia do Davi, de deixar passar detalhes, descobertas e tudo o mais.  Porém, fazer o que?  Ficar me culpando o tempo todo? Me deixar rotular?  Não.  Até porque, repito, não trabalho só porque gosto, mas porque preciso, e muito.  Diferente seria se eu tivesse oportunidade de ficar em casa o dia inteirinho e delegasse totalmente a outra pessoa o cuidado e educação do Davi.  Aí, sim, acho que é terceirização, já que seria  "...abrir mão da execução de um processo e transferir para um terceiro, portador de uma base de conhecimento mais especializada, com o objetivo de agregar maior valor ao produto final."   

Apesar da lenha que é ter que trabalhar e ter casa e família para cuidar, não tenho a menor intenção em abrir mão da execução do processo de educar e cuidar do meu filho, muito menos transferir essa responsabilidade para quem pode até ser mais competente como mãe do que eu.


Por outro lado, quantas não são as mães que ficam em casa o dia inteiro e não dão 1 minuto de atenção para sua criança?  Portanto, o pulo do gato não é a quantidade e sim a qualidade que se dá ao tempo que se tem.  Tem dias em que eu chego morta de cansada e só gostaria de tomar um banho e ir me deitar.  Mas não posso porque tenho um pequeno para dar atenção, carinho, para ler alguma história, dentro de um tempo curtíssimo, até porque ele também fica o dia inteiro sem mãe nem pai e carece dessa atenção.

Como também sou dona de casa, reconheço o valor de quem se dedica aos filhos e à casa em tempo integral, porque trabalho de casa não aparece nem termina nunca, e por essa razão não rotulo ninguém que realmente PODE ficar em casa (porque há casos em que a pessoa se dá ao luxo de ser dona de casa sem poder, né).  

De vez em quando a culpa bate na minha cara? Com certeza, até porque culpa e maternidade são praticamente irmãs, não é?  De vez em quando eu fico frustrada por constatar que Davi já sabe de coisas  que foram aprendidas na creche e não comigo?  Com certeza, porém, a responsabilidade maior de orientá-lo e educá-lo eu não transferi para ninguém, porque ela é minha e de mais ninguém, trabalhando fora ou não.

Então, o negócio é respirar fundo, tocar a bola para frente e torcer para que um dia eu possa ter condições de ainda pegar um restinho de sua infância e poder curtí-la o quanto puder.  Poder levá-lo e trazê-lo da escola, por exemplo, é um dos meus grandes desejos, porém, por enquanto assim vivemos, porque a vida moderna assim é.  O certo é que não me torno uma mãe menor por trabalhar fora, porque faço  isso com a consciência tranquila de que não é uma opção, é uma falta de opção e é para o bem dele e de todos, afinal. Mas posar de mãe integral e ficar com a corda no pescoço não é comigo, porque para mim não adianta nada só aparecer, tem que PODER SER.


Acabou, mas ainda Tem!

Então que eu pensei que havia acabado.  Eu sabia que esse processo de hipospadia iria levar tempo, mas não sabia que seria tanto tempo assim.

Depois de 8 horas de jejum e quase 1 hora de cirurgia, a retirada do excesso de pele foi boa, porém, não resolveu totalmente o curvamento e a orientação foi a de que teremos que esperar ele completar 7 anos para ver como as coisas vão ficar, pois nesse período muita coisa pode acontecer.  Ou seja, nada disso do que foi dito significa grandes coisas. O negócio é, mais uma vez, esperar e esperar.  Assim também, parece que teremos que continuar com as dilatações, já que a natureza insiste em recuperar o que era seu, no caso, o canal da uretra fechado.

No geral, eu daria uns 90% de caminho andado.  Não ficou como eu imaginei, talvez porque eu tenha imaginado demais, pois se há um "conserto" a ser feito é pouco provável que o resultado final fique 100%.  Não fica, pelo menos no caso da hipospadia do Davi, que é das brabas.  Não sei se é porque o piu-piu do Davi continua um pouco inchado ou porque o curvamento não foi completamente resolvido, mas o fato é que ainda há um longo caminho para trilhar.

Davi continua lá, cheio de pontos e de energia e disposição para fazer malcriações e bagunça.  É um menino forte, saudável, inteligente e a cada dia nos surpreende com uma nova tirada.  Nos últimos dias vive reclamando de que está com o pilú dodói.  Aí, a gente pergunta quem foi que machucou o pilú dele e ele responde: foi o "Matinelis."

O nome correto do médico é ClodOaldo.


Não se iluda.  Essa cara de santinho é capaz de tocar fogo na casa!


Obs.: Peço desculpas por não indicar que o post anterior era programado.