Nascido em 22 de Dezembro


Os nascidos em 22 de dezembro atendem pelo signo de capricórnio.  Entre algumas características de temperamento, estão: responsabilidade, dever, trabalho, organização, prudência, seriedade, repreensão, isolamento, praticidade e realização.  Só coisa boa, não?  Apesar de não acreditar em horóscopos, previsões e outras coisas assim, confesso que muitos dos adjetivos que acompanham determinados astros do zodíaco são muito próximos das características de pessoas que atendem aos respectivos signos. Por ora, não tenho como identificar, no Davi, as qualidades acima listadas, pelo óbvio de que ainda é muito cedo para saber se ele vai ser prudente ou sério.  Porém, de uma coisa eu  já tenho plena certeza: aquele neguinho é bem malcriado e genioso.  Isso, o zodíaco não previu!

Os nascidos em 22 de dezembro, assim como aqueles que nascem no fatídico período entre esta data e 1 de janeiro, padecem em receber, muitas vezes, apenas 1 presente, que serve tanto para o aniversário como para o Natal.  Além disso, quanto mais próximo dos dias 24, 25, 31 de dezembro  e 1 de janeiro, mais esses sofredores são, em geral, esquecidos em sua data natalícia, tendo muitas vezes suas festinhas transferidas para o mês seguinte.  Aquelas mães que se arriscam em organizar festa de aniversário nessa época, ou são completamente sem noção ou querem porque querem ganhar uma queda de braço entre a festa de sua criança e as festas de fim de ano.  Geralmente saem perdendo....

Os nascidos em 22 de dezembro, quando têm festinhas de aniversário, quase nunca convidam seus coleguinhas de escola, visto que muitos já estão de férias e outros, por conta disso, nem na cidade se encontram mais.

Os nascidos entre 22 de dezembro e 1 de janeiro têm que dividir sua decoração de festa com a decoração de Natal e com fotos do Papai Noel.  Muito provável que brigadeiros dividam a mesa com as rabanadas, avelãs e panetones e suculentas fatias de lombinho defumado.

Os nascidos em 22 de dezembro, contudo, não podem reclamar, porque, pior do que eles, são os nascidos em 31 de dezembro, que são quase que totalmente esquecidos de sua data  natalícia, visto que e esmagadora maioria de pessoas está voltada para as festividades da virada do ano. Além disso, muitos  que nasceram nessa data reclamam que poderiam estar 1 ano mais novos se tivessem simplesmente nascido no dia seguinte

Os nascidos em 22 de dezembro desfrutam das primeiras horas do baladado Verão, a estação mais quente, mais praiana, mais carnavalesca, mais cheia de gente nas ruas e bares e shoppings e cinemas, mais fashion, mais temática, mais chata, mais suada, mais irritante, mais enlouquecedora, mais consumidora de água e luz, mais aedesaegyptiana, mais bronzeada, mais água de côco, mais turística, mais abafada,  mais palmas-para-o-pôr-do-sol, mais biscoito Globo, mais mulher pelada, mais sandálias rasteirinha,  mais 47º à sombra, mais insuportável e horrível e horrenda e horrorosa do ano.

Os nascidos em 22 de dezembro podem olhar com comtemplação e empatia para os nascidos em 29 de fevereiro,  que devem ter festinhas a cada 4 anos - o que pode ocasionar uma séria crise de identidade ou mesmo existencial -, pois pior do que fazer a festinha antes ou depois da data de nascimento é fazer a festinha SEM a data de nascimento!

Eventos Ilustríssimos, Históricos e Marcantes em 22 de Dezembro:
  •   401 - É eleito o Papa Inocêncio I, 40º papa, que sucedeu o Papa Anastácio I
  • 1758 - Fundação dos condados de Schley, White e Wilcox
  • 1846 -José Travassos Valdez é feito prisioneiro na batalha de Torres Vedras
  • 2009 - Nascimento de Sir Davi Rodrigues Cardoso
Nascimentos Ilustríssimos, Históricos e Marcantes em 22 de Dezembro:
  • 1095 - Rogério II da Sicília, 1º Rei da Sicília
  • 1178 - Antoku, 81º imperador do Japão
  • 1858 - Giacomo Puccini, compositor de ópera italiano
  • 1961 - Yuri Malenchenko, astronauta ucraniano
  • 2009- - Sir Davi Rodrigues Cardoso, primogênito do clã Rodrigues-Cardoso

Falecimentos Ilustríssimos, Históricos e Marcantes em 22 de Dezembro:
  •     69 - Vitélio, Imperador Romano
  • 1419 - Antipapa João XXIII 
  • 1979 - Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda, jurista, filósofo, diplomata e escritor brasileiro
  • 2006 - Galina Ustvolskaya, compositora russa

 Feriados Ilustríssimos, Históricos e Marcantes de 22 Dezembro:

  • Dia da independência das Ilhas Marshall
  • Aniversário da cidade de Flor da Serra do Sul (Paraná)

R.S.V.P.

A vida social e cultural das crianças de hoje é, em muitos casos, bem mais agitada, concorrida e sofisticada que a de seus pais. E entre casamentos, homenagens, shows, teatros e cinemas, um dos eventos que ainda ocupam um grande espaço na grade infantil são os aniversários.
Houve um tempo em que a festa de aniversário geralmente acontecia dentro ou nos arredores da casa, e envolvia muitas pessoas da família, como mãe, tias, avós e até as vizinhas.  Era tudo bem artesanal,  bastante cansativo e um pouco enlouquecedor. O planejamento da festa podia levar, às vezes, 1 ano,  e todos os envolvidos torciam  para que não chovesse ou não fizesse muito calor no dia tão especial.

O pior, era, quase sempre, o apocalíptico Day After, em que restos de salgadinhos, doces, copos, papéis, bolas, bolo - e até pessoas - pairavam por sobre a mobília e o chão, emporcalhando toda a casa. A cozinha, de tão virada, era um convite ao suicídio. Os cachorros adoravam!

Com o advento das casas de festas, "organizar" uma festa de aniversário se tornou mais uma questão de contratação de serviços do que de trabalho braçal e manual.  Sem a necessidade de virar noites enrolando brigadeiros ou enchendo balões, o tempo de sobra proporciona,  principalmente às mães, uma longa e confortável visita ao salão de beleza e ao shopping.  Além disso, a casa fica limpinha e o cachorro sossegado. Com orçamentos que cabem em muitos bolsos, tudo se tornou muito rápido, fácil e prático. Enfim, é a glória!

As casas de festas, na sua maioria, se parecem com um pequeno parque de diversões. Dependendo do nível de qualidade - que reflete diretamente no preço -, há brinquedos como trenzinhos e rodas gigantes, balanços, naves espaciais, paredes para tracking, campos de futebol, máquinas de games, pula-pulas, camas elásticas, "camarins", piscinas de bolinhas.  Há também, em algumas, barracas de pipoca, algodão doce, sorvete, "fotos malucas". Com a ausência dos cachorros, as crianças se esbaldam de vez e o esmalte das mães fica impecável, além de todos ficarem sequinhos por conta do potente ar condicionado, independente da temperatura externa.

Acontece, a meu ver, que, às vezes a praticidade abre mão de algumas tradições ou comportamentos que deveriam ser mantidos. Um exemplo é o baú ou aquele grande saco para os presentes. É super prático chegar e entregar o presente à recepcionista, ou depositá-lo num baú ou no saco grande. Porém, eu fico pensando como essa praticidade acaba com o contato visual e físico entre o aniversariante e o convidado, e que leva também ao desuso do cumprimento e agradecimento mútuos. 

Imagino a criança, no dia seguinte, ao abrir seus presentes e se deparar com um pacote sem nome ou com o nome de alguém que ela definitivamente não vai saber de quem se trata.  Claro que não sou ingênua e nem burra de achar que uma criança de 1 ou 3 anos vá se lembrar da minha cara no dia seguinte, afinal, ela tem mais é que curtir sua festa em vez de perder tempo comigo. Porém, o contato na entrega do presente e, por sua vez, o uso do "muito obrigado", força uma interação, mesmo que passageira, mesmo que de má vontade.  Em alguns casos - raríssimos -, alguns dias depois da festa são os pais que enviam algum agradecimento aos convidados, e é aí que eu acho que a coisa se torna  mais esquisita porque, por mais educado e elegante que seja, o gesto não parte da criança.

Outro momento que me chama a atenção é quando a festa "acaba". Não sei se é só minha impressão ou pura implicância, mas depois que o horário contratado chega ao fim,  parece que fica um vácuo no ambiente, e aí, ao olhar para a testa dos enfadados garçons e animadores, parece que está escrito: "por favor, a festa acabou e está na hora de vocês irem embora, porque estamos cansados e entediados dessas crianças e temos que arrumar essa bagunça."  Parece também que quem convidou acaba se tornando tão convidado quanto os demais convidados. Algo assim. Sei lá.

O roteiro das festas em casa de festas geralmente é previsível: depois do lanchinho, os animadores chamam as crianças para dançar e/ou os pais para participar de alguma atividade, que pode também ser uma dança, uma imitação ou um teatrinho. Após isso, vem o filminho, mostrando fotos dos momentos da criança no ano que passou.  Por fim, todos são chamados à mesa super decorada que, em muitos casos, não tem os docinhos, muito menos o bolo -  para cantar o parabéns. E o parabéns é o da Xuxa! 

E aí, lá vem eu de novo e pergunto: o que fizeram com o  simples e  antológico Parabéns Prá Você? Está fora de moda? Foi proibido? Ninguém mais conhece? Só tem em LP de 78 rotações?  Sim, eu sei que eu sou muito, muito, muito chata, mas será que eu fiquei parada no tempo? Será que, além de ser muito chata, eu é que sou uma enjoada, antiquada, cafona, brega?

Veja bem, isso não é uma crítica aborrecida às casas de festas, até porque não vou dizer que não penso em fazer festa de aniversário assim, afinal, elas resolvem o grande problema da atualidade: o tempo, ou a falta dele. Seus serviços livram os pais de aborrecimentos que vêm junto com a organização de qualquer evento, o que é ótimo, pois sobra tempo para o shopping e o salão de beleza, além de deixar a casa limpinha, o cachorro sossegado e o esmalte impecável. Portanto, por favor, não deixe de me convidar para a sua festa, mesmo que seja numa casa de festas.  Eu prometo que vou  tentar decorar o "Parabéns da Xuxa" e cantar junto.

Só que, não sei, às vezes eu fico pensando que virar algumas noites enrolando brigadeiros e enchendo balões, mesmo que, ao final, eu pense em cortar meus pulsos ao olhar a cozinha, me faz interagir muito mais do que me sentir mais uma convidada na própria festa.

Sei lá, entende?



Síndrome de Complexo do Alemão


Esse blog nasceu num dia em que eu estava bem chateadinha só que, para não ficar choramingando aqui - afinal, ninguém tem culpa das coisas que se passam na vida de ninguém - eu resolvi fazê-lo de uma forma um pouco diferenciada do que existe pelo mundo virtual. A intenção não era tornar este espaço um muro de lamentações e insatisfações, muito menos ficar detalhando a "primeira-qualquer-coisa" feita pelo Davi.

Muitas das coisas que foram postadas se relacionavam a momentos que eu, por óbvio, não esperava que fosse passar, durante a gravidez e após o nascimento do Davi.  Ou seja, muito do que foi relatado é sobre as surpresas bem desagradáveis que tive nesses últimos 12 meses.

Os últimos dias têm sido "estranhamente" normais, ou seja, este mês Davi não foi a nenhum médico que não fosse apenas a Pediatra! Nas últimas semanas, Davi ganhou corpo, deu uma boa esticada, está indo para o 8º dente, engatinha  por toda a casa, já fica em pé.  Come bem, dorme bem, nada de febres ou tosses mais sofisticadas....tudo bom. Estranhamente bom e normal. Não tenho a menor inclinação para psicanálise, mas talvez eu esteja passando por uma espécie de "Síndrome de Complexo do Alemão".  Explico.

Como todo mundo sabe, o conjunto de favelas no Rio de Janeiro chamado Complexo do Alemão, assim como a Vila Cruzeiro, foram retomados pelas forças civis e militares na última semana.  Até então, nenhum outro governo havia ousado tal façanha e muitos "especialistas" consideravam o lugar inexpugnável.  Seus moradores, que viviam sob o jugo dos fuzis e dos abusos dos líderes do tráfico daquela região, passaram décadas de sofrimentos e humilhações que só agora poderemos conhecer. A rotina dessa gente era a violência e a violação da sua liberdade de ir e vir. O anormal era normal. 

A partir da retomada do território, os moradores da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão, assim como outras várias comunidades que eram dominadas pelo tráfico, têm uma nova realidade para enfrentar: a normalidade. Viver sem o som de tiros, sem o anúncio de drogas na porta de casa, poder sair e entrar a qualquer hora do dia ou da noite sem se deparar com homens e mulheres portando revólveres e fuzis.  Muitos, claro, vêem essa nova situação com certa desconfiança, pois já vivenciaram essa realidade em outros tempos, porém, com um fim que remetia ao começo, ou seja, o Estado, através da polícia, entrava mas não ficava, e pouco tempo depois, a situação voltava a ser como antes.

É mais ou menos assim que ando me sentido ultimamente. Veja, isso não é uma reclamação, de jeito algum. Obviamente que, da mesma forma que os moradores daquelas comunidades não querem a volta da violência e daquela rotina anormal e torcem para que dessa vez  tudo mude para melhor e de forma definitiva, eu também não quero continuar a passar pelos sustos que passei com Davi. Por outro lado, assim como eles - os moradores - fica uma certa "desconfiança" dessa normalidade, visto que nós - eu e eles - estamos acostumados a uma rotina um tanto quanto atípica.

Talvez esse momento de calmaria sirva para compensar o próximo,  em que a cirurgia de hipospadia do Davi irá consumir bastante do emocional da família. Bem provável também que eu já esteja sofrendo por antecipação, não somente por ser uma característica minha, mas talvez também por ter me acostumado a viver nesse ritmo um pouco mais acelerado que a média.

Não sou do tipo que vê o copo meio cheio ou meio vazio. Para mim, o copo - no caso, o líquido - está no meio - do copo. Simples assim. Também não sou de ficar floreando as coisas, com a cabeça nas nuvens, o que não significa que eu viva sempre achando que tudo vai dar errado. Não é bem assim também. Só que, depois de ter passado todo esse primeiro ano do Davi correndo de um lado para o outro, com diagnósticos dos mais variados, desde a presença das hérnias até uma provável espinha bífida, confesso que ainda me causa estranhamento essa brisa toda.

Não sou - ou não quero ser - pessimista. Tenho tentado viver esse período da melhor forma possível, e talvez demore um pouco para eu me acostumar a lidar com a normalidade dos probleminhas típicos de criança em desenvolvimento.
 
Mas que ainda existe a impressão de que, a qualquer momento, haverá uma enorme troca de tiros, e tudo vai voltar a ser o que foi no início, ah, existe!