4 anos de blog





Não, não vai ter sorteio nem brindes, mas apenas a lembrança de que hoje este blog completa 4 anos de vida. 

O que me deixa feliz e me impede de parar é saber que, de alguma forma, este espaço já ajudou, de alguma forma, algumas pessoas mas, principalmente, a mim.

Obrigada pela sua visita.

Feliz Aniversário, Davi, o Amado!

Reflexões sobre uma mensagem perdida



"Outro dia, ao faxinar a caixa de mensagens, encontrei um e-mail da época em que trabalhava no Recreio, há mais de 10 anos.  Um lugar em que, teoricamente, deveria ser de luz, mas era de trevas, das mais pesadas.  A mensagem, também denominada de “famoso e-mail”, me fez retornar àquele momento tão medonho da minha vida, em que testemunhava e sofria com alguns abusos e absurdos impensáveis para onde aconteciam.  A mensagem não é minha, mas sou citada no seu contexto, porém, ela foi o estopim de acontecimentos que, ao final, se transformaram em libertação, para mim e para seu autor.


Me lembrei de antigos amigos, pessoas que comigo passaram por aquelas situações, em que o mais difícil era ficar calado assistindo a tantos malfeitos, pois qualquer tentativa de denunciá-los seria interpretada como rebeldia, no mínimo, além do que seríamos tratados como mentirosos.  Mas é aquele negócio meio clichê: a verdade, por mais que tarde, se revela, pois é infinitamente mais forte que a mentira.  E quando, enfim, tudo veio à luz, eu já respirava o ar da liberdade.

A mensagem é o instantâneo de um momento em que eu perdi a minha inocência, mas também serve para me mostrar o quanto Deus tem sido misericordioso comigo desde então e sempre, o quanto de livramento eu tive em Suas Mãos, o quanto Ele vem me abençoando maravilhosamente, com bênçãos celestiais (porque o bem material eu alcanço com trabalho), dentre elas, a chegada do Davi na minha vida.

Quero guardar essa mensagem por quanto tempo puder, não para relembrar os momentos de trevas, mas para ver como Deus teve (e ainda tem) misericórdia de mim.  É como uma cicatriz, que apesar de não doer, serve como memória de um livramento maior.

Deus cura.  Deus salva.  Deus liberta. Nem sempre no tempo ou do modo  que a gente quer ou acha que precisa.  Mas Ele age, no momento Dele.  Ele me conhece o coração e sabe até onde vai o meu limite e eu, por tão limitada que sou, só sei o quanto suporto depois que saio da tormenta.  A sombra da Cruz me resguarda.

Não preciso de “oração forte”, nem de correntes ou palavras proféticas ou de declarações de vitória, a Graça de Deus já me basta, é dela que eu vivo, sem eu merecer absolutamente nada. O amor Dele me constrange e me faz ver o tamanho da minha insignificância.  Ainda assim, Ele me chama pelo meu nome.

Isso não é mais uma mensagem de autoajuda gospel, é apenas uma mera reflexão. Espero que sirva para alguma coisa."

Esta mensagem foi adaptada e postada primeiramente em minha página no Facebook.

Memorabília

Não me lembro de gostar de bonecas, mas descobri que Papai Noel não existia quando flagrei minha mãe colocando esse brinquedo na janela de alguma casa onde eu morava.

Eu fiz meu primeiro bolo com 13 anos e os ingredientes foram comprados no mercado Disco.

Eu me lembro que comia biscoitos de polvilho doce que se vendiam a granel nas Casas da Banha.

Por muito tempo, ouvi o programa Patrulha da Cidade, com Samuca e Nelio Bilate.  Mas eu sempre achei a Zora Yonara estranha, a começar pelo nome.

A primeira geladeira (que a gente compra) a gente nunca esquece.  Paguei uma Prosdócimo caramelo (a cor do momento) em 10 prestações de R$ 49,00, nas Lojas Arapuã.  Foi o primeiro milagre de São Plano Real na minha vida.

A primeira TV (que a gente compra) a gente nunca esquece. Era uma Semp Toshiba MAX COLOR, UHF-VHF de 20'. Colorida.  Mas eu tive que colocar o clássico pedaço de bombril na ponta da antena, porque o sinal era péssimo.

Só existia uma lanchonete onde se comia frango olé: era a Gordon.

Assisti, parcamente, à Guerra Irã x Iraque.

Eu me lembro da Guerra das Malvinas.

Assisti, numa manhã chuvosa, ao casamento da Princesa Diana com o Príncipe Charles. Eu e o mundo inteiro, né.

Numa igualmente manhã chuvosa, fui para a Praia de São Conrado ver o Papa João Paulo II passar no papamóvel em direção ao Vidigal.  Ele passou tão rápido que pareceu uma bolinha rosa voando.  Ele era bem rosinha.

Assisti, também, ao videoclipe do Michael Jackson, o Billie Jean, no Fantástico.  Eu, e todas as meninas ficamos chocadas e encantadas com o permanente afro que ele tinha feito.

Por muito tempo eu decorei todos os sambas-enredo de todas as escolas de samba do grupo A, porque não existia Grupo Especial.

Eu fiquei muito triste com a eliminação da Seleção Brasileira na Copa da Espanha. Eu tinha uma bola de golfe da cor laranja e com ela fiz um chaveiro, e coloquei um pedacinho de feltro verde no topo, para ele se parecer com uma laranja.  E o mascote da Copa era o Naranjito.  E quando a Seleção foi eliminada na Copa do México, eu achei que iria morrer e nunca veria o Brasil ser campeão mundial de futebol.

Eu quase chorei com  o painel humano que mostrava o Misha, o mascote, com lágrimas, na despedida das Olimpíadas de Moscou.

No verão de 1985, o Rock in Rio foi realizado no Recreio dos Bandeirantes, que era tão longe que fazia fronteira com a Patagônia.  Eu não fui porque não tinha idade nem dinheiro.  E tinha a Nina Hagen muito doida e B-52's comportadinhos.  A noite romântica foi com James Taylor e George Benson, mas no dia do heavy metal todo mundo foi vestido de preto, com correntes, tatuagens e caveiras, e todos os artistas metaleiros haviam feito pacto de sangue e vendido a alma para o diabo.   O White Snake também tinha feito pacto e vendido a alma mas um dia eles gravaram uma música romântica chamada Is this love?, e aí eu não entendi mais nada.  Quase ninguém dava bola para o rock brasileiro.  Só para o Paralamas do Sucesso.

E quando o grupo Kiss esteve por aqui, disseram que eles pisavam em pintinhos no palco com aquelas botas enormes que eles usavam. O vocalista gostava muito de "causar" com a sua língua enorme e todos eles também haviam feito pacto de sangue e vendido a alma para o diabo.  Mas quando começavam a tocar I wanna rock'n roll all night, ninguém ficava parado.  Hoje, aqueles roqueiros endiabrados são pais e avós respeitáveis e estão podres de ricos.

Acho que eu era a única criança no planeta que curtia o Renaissance, um grupo inglês de rock progressivo. Rock progressivo.  P-r-o-g-r-e-s-s-i-v-o.

Eu fiquei chocada com a morte da Elis.  Eu e o país inteiro, né.

Até hoje eu não entendi porque a Tetê Espíndola foi a vencedora do Festival dos Festivais.  Eu e o país inteiro, né.

Eu forcei uma barra imensa para gostar do Oswaldo Montenegro, mas a barra era pesada demais.

No verão de 1985, eu li uma coleção quase completa de revistas Sabrina.  E depois nunca mais.

Eu chorei com a história A Ira dos Anjos, de Sidney Sheldon.  E depois eu li uns outros 3 livros do Sidney Sheldon.  E depois, nunca mais.

Eu nunca li Ágatha Christie, sempre a achei muito chata com aquelas histórias rocambolescas.

Quando eu tinha uns 10 anos, eu tinha um amigo jornaleiro e lia gibis di grátis.  Nessa época, fiquei obcecada em revistinhas de terror.  Eu lia Drácula, Lobisomen, Spektro, Terror e Conde Dinho, apesar de essa última não ser apropriada para a minha idade.  Depois fiquei viciada na revista MAD, que também não era apropriada para a minha idade, mas eu morria de rir.

Minha primeira foto para a Carteira de Trabalho - preta e branca - foi tirada numa pracinha, no famoso lambe-lambe.  

Eu atravessei várias noites ouvindo o programa Good Times 98 e aguardava ansiosa pela hora da tradução da noite, que começava à 1h00 da madrugada. Na manhã seguinte eu acordava no bagaço. Eu ouvia muito a Rádio Cidade FM e Antena 1 mas era ignorante o suficiente para não ouvir a Rádio Fluminense - a Maldita, porque só tocava rock e música de surfista.  Mas eu também cheguei a ouvir a Rádio Mundial AM.

Eu experimentei comer batata frita com catchup na Confeitaria Bonis, que também vendia a torta de chocolate mais gostosa do mundo.

Eu até fiquei preocupada com o Cometa Halley se chocar com a Terra e acabar com a raça humana, assim como aconteceu com os dinossauros. Mas ele passou tão longe que, a olho nu, poderia ser confundido com uma estrelinha, e na hora eu também deveria estar dormindo e  mais uma vez o planeta foi salvo.

Na mesma época em que aconteceu o acidente nuclear de Shernobyl, eu ganhei uma capa de chuva amarela neon e o bullying foi inevitável, porque os colegas do colégio me perguntavam se eu tinha saído da tal usina e voltado a pé para cá.

Também aguardei um pouco apreensiva o Bug do Milênio em que todos os sistemas iriam zerar e seria o caos mundial.  Mas não aconteceu nada e eu assisti a transmissão do Revéillon de Copacabana pela TV comendo bolinhos de bacalhau com rabanadas.

Eu fiz curso de datilografia numa máquina mecânica Olivetti 98, e por isso hoje em consigo digitar com os 10 dedinhos.

Eu também fiz o curso de programação Basic e Cobol, mas não aprendi nada.

Um dos meus sonhos de consumo era ter um Fiat 147.  E depois, um LADA Riva.  Tentei várias vezes gostar de fusca, mas não consegui.

Eu gostava muito do programa Armação Ilimitada e não perdia nenhum episódio do TV Pirata.

Eu usei scarpin branco.  E muita ombreira.  E, sim, calças de cós alto, as chamadas "santropeito", porque elas batiam acima da boca do estômago.  Quem, como eu, já tinha uma pança, ficava mais barriguda ainda.  E aí que outro dia, alguém que odeia muito as mulheres teve a maligna ideia de trazer essa calça lá das profundezas das trevas e lançá-la como moda novamente.

Eu tive um Kichute e tenho quase certeza de que tive também um Bamba, mas não cheguei a usar Konga.

Eu não assistia aos programas da Xuxa, mas eu não perdia os primeiros programas do Gugu Liberato que passavam aos sábados à noite e onde s-e-m-p-r-e tinha a dança do Meu Pintinho Amarelinho.

Quando eu concluí a 8ª série, ganhei um estojo com todas as pulseiras coloridas do relógio Champion. E aí eu montava o relógio com uma pulseira diferente em cada lado.

Fui várias vezes ao mercado Pegue-e-Pague.  E o material escolar era comprado na papelaria Casa Mattos.  Gostava de comprar balas a granel nas Lojas Brasileiras, mas a Mesbla e a Sloper ficavam muito longe do meu poder aquisitivo.

Esses são só alguns fragmentos da minha parca memória.

Excelente domingo!



Um amor iluminado

O amor tem feito coisas
Que até mesmo Deus duvida
Já curou desenganados
Já fechou tanta ferida

O amor junta os pedaços
Quando um coração se quebra
Mesmo que seja de aço
Mesmo que seja de pedra

Fica tão cicatrizado
Que ninguém diz que é colado
Foi assim que fez em mim
Foi assim que fez em nós
Esse amor iluminado
(Iluminados, Ivan Lins - 1987)

Aproveitando a Blogagem Coletiva da Elaine Gaspareto, hoje vou falar de uma pessoa muito especial em minha vida.  Ele quase nunca aparece por aqui, e quando isso acontece, é em citações ou me ajudando em alguma craftice.  Porém, sem ele a minha vida não teria tomado o sentido que tomou com a chegada do Davi.  Estou falando do meu marido, Paulo Sergio.

Em quase 9 anos de convivência, já passamos por situações que, nos dias de hoje, levariam muitos casais à separação.  Nada de traições, mas algumas dificuldades que a vida nos presenteia pelo caminho podem ser o suficiente para que muitos relacionamentos cheguem ao fim. 

O que sei é que, sem muito esperar, esse homem adentrou a minha vida e com ele eu tive confiança suficiente para querer formar uma família.  E esse é o bem mais precioso que tenho.

Éramos duas pessoas meio que perdidas no mundo, sem um rumo certo, sem um porto seguro, um norte, uma motivação maior que nos fizesse insistirem continuar.  Havíamos passado por relacionamentos que, por vários motivos, não tinham dado certo.  Até que o amor colou os pedaços dos nossos corações, e colou um coração no outro.  Hoje, somos um.  Sim, isso é clichê, mas o amor não é assim, cheio de clichês?

Paulo é uma pessoa extremamente generosa, até demais.  É do bem, da paz, está sempre disposto a ajudar e é aquele tipo que faz amizade com todo mundo, até com os cachorros da rua.  É meio cabeçudo em alguns aspectos, mas seu caráter é de um homem bom.  Enquanto eu vejo sempre o lado realista - e muitas vezes pessimista - ele sempre vê o lado bom, em que se a situação está ruim, vai melhorar.  Em todos, absolutamente todos os momentos de dificuldades, Paulo esteve ao meu lado, sempre me apoiando, me ajudando, me incentivando a continuar. 

Aprendemos que amar não é um sentimento e sim, uma escolha e escolhemos um ao outro para dividir tudo o que temos, do  dinheiro até o filho.  Não conseguimos, sequer, pensar em vivermos longe um do outro.  Somos diferentes - ainda bem - porém, tão ligados que qualquer distância é suficiente para nos doer a alma.  

Paulo ainda me traz flores, sem nenhuma data importante a não ser o dia que Deus nos permite viver.  Ainda namoramos, ainda trocamos mensagens de "eu te amo", ainda fazemos surpresas um para o outro.  Cada conquista é festejada, de ambas as partes, porque o que faz um feliz, faz o outro também, e quando conquistamos juntos, aí é que a felicidade é completa.

Hoje posso dizer que minha vida ficaria bem complicada sem a presença dele.  Como já falei, não conseguimos viver muito tempo longe um do outro, temos um filho para educar a criar, uma vida para viver. Parafraseando a letra acima, o amor fez e ainda faz coisas que nem Deus duvida, até porque Ele é a fonte.



Paulo, meu amor, meu amigo, meu cúmplice, meu companheiro, pai do meu filho.  Apenas te amo.  Nosso amor é, sim, iluminado. Obrigada por ser parte da minha vida.






Divitae