Quando muitas de nós ainda sonhavam em ter um filho, alguém virava e dizia: "aproveita enquanto você não tem criança em casa, porque depois....". Até que um belo dia descobrimos a gravidez, ou através dos clássicos sinais de tontura, enjôo e vômitos ou com a ausência das "regras", ou a confirmação de um exame de ultrassonografia. Nessa fase, muitas já não estão dormindo direito ou porque os sintomas se encarregam de nos empurrar para o vaso sanitário a qualquer hora da madrugada, ou porque já começamos a vislumbrar e a sonhar e a delirar com nosso futuro bebê.
Quando a barriga já está bem grande e a coluna começa a gritar, e os pés e as pernas começam a ficar mais roliços e pesados, e não encontramos mais uma posição na cama para deitar, alguém vira e diz: "aproveita enquanto é tempo, porque depois que a criança nascer....", como se o tamanho da barriga, os gritos enlouquecidos da coluna e o peso das pernas não fossem suficientes para atormentar o nosso cotidiano.
Quando, enfim, levamos aquela trouxinha recheada de criança para casa, não conseguimos dormir direito, porque o relógio biológico dela ainda está desregulado e temos que estar a postos para toda e qualquer necessidade: troca de fraldas, arroto, mamadas, banho. Depois de um tempo, quando as coisas começam a se ajustar e a gente começa realmente a curtir a maternidade e o bebê, alguém vira e diz: "aproveita enquanto é tempo, porque depois que começar a andar...".
E quando a criança começa a engatinhar e a andar e mexer em tudo, a gente começa a enlouquecer, não somente com isso, mas também com o período de febres, resfriados, postos médicos, remédios, machucados, alguém vira e diz: "aproveita enquanto é tempo, porque depois que ela crescer...". Como assim, crescer? E ela não vem crescendo desde que foi gerada? Mas, tudo bem, sublimamos....
Um dia, após arrumar o armário da nossa criança, nos deparamos com algumas pilhas de roupas e calçados que não cabem mais nela. Nos damos conta de que aquela muda de roupa que até outro dia ficava enorme no corpinho dela já entrou na rotina do uso há um tempão. Os sapatinhos de crochê estão guardados há outro tempão, e muitas roupas e utensílios já foram passados adiante sem que percebêssemos. Talvez seja essa a hora para dizer a nós mesmas: "aproveita enquanto é tempo, porque depois...."
Depois que sair da infância. Depois que entrar na adolescência. Depois que sair da adolescência. Depois que fizer sua própria turma. Depois que se formar. Depois que começar a trabalhar. Depois, depois, depois...
Há memórias que se perdem, e eu não sei se é por conta do tempo que é apressado ou se eu é que não aproveitei o momento. Por exemplo, não consigo me lembrar direito dos 5 primeiros meses do Davi, e esse "fenômeno" não é privilégio meu, não. Em conversa com algumas outras mães, elas também não conseguem se lembrar de muita coisa dos primeiros meses de vida de sua criança. Não fossem as fotos e os vídeos, a memória dessa época seria quase inexistente.
A questão é: será que não aproveitamos o suficiente? Será que tudo passa muito rápido mesmo, ou somos nós que, atoladas de compromissos profissionais e/ou domésticos, não conseguimos aproveitar-enquanto-é-tempo?
Eu reconheço que não é muito fácil acompanhar cada tantinho de coisas que o Davi faz, cada traço numa régua imaginária que marca um momento daquela vidinha, e isso é muito frustrante. Por outro lado, eu sei perfeitamente que, por mais que eu queira, é imposível parar o tempo ou, pelo menos, reduzir sua velocidade. Mas eu tento, sempre, aproveitar-enquanto-é-tempo.
Até porque essa frase dá um friozinho na barriga.... Não dá?
Quando, enfim, levamos aquela trouxinha recheada de criança para casa, não conseguimos dormir direito, porque o relógio biológico dela ainda está desregulado e temos que estar a postos para toda e qualquer necessidade: troca de fraldas, arroto, mamadas, banho. Depois de um tempo, quando as coisas começam a se ajustar e a gente começa realmente a curtir a maternidade e o bebê, alguém vira e diz: "aproveita enquanto é tempo, porque depois que começar a andar...".
E quando a criança começa a engatinhar e a andar e mexer em tudo, a gente começa a enlouquecer, não somente com isso, mas também com o período de febres, resfriados, postos médicos, remédios, machucados, alguém vira e diz: "aproveita enquanto é tempo, porque depois que ela crescer...". Como assim, crescer? E ela não vem crescendo desde que foi gerada? Mas, tudo bem, sublimamos....
Um dia, após arrumar o armário da nossa criança, nos deparamos com algumas pilhas de roupas e calçados que não cabem mais nela. Nos damos conta de que aquela muda de roupa que até outro dia ficava enorme no corpinho dela já entrou na rotina do uso há um tempão. Os sapatinhos de crochê estão guardados há outro tempão, e muitas roupas e utensílios já foram passados adiante sem que percebêssemos. Talvez seja essa a hora para dizer a nós mesmas: "aproveita enquanto é tempo, porque depois...."
Depois que sair da infância. Depois que entrar na adolescência. Depois que sair da adolescência. Depois que fizer sua própria turma. Depois que se formar. Depois que começar a trabalhar. Depois, depois, depois...
Há memórias que se perdem, e eu não sei se é por conta do tempo que é apressado ou se eu é que não aproveitei o momento. Por exemplo, não consigo me lembrar direito dos 5 primeiros meses do Davi, e esse "fenômeno" não é privilégio meu, não. Em conversa com algumas outras mães, elas também não conseguem se lembrar de muita coisa dos primeiros meses de vida de sua criança. Não fossem as fotos e os vídeos, a memória dessa época seria quase inexistente.
A questão é: será que não aproveitamos o suficiente? Será que tudo passa muito rápido mesmo, ou somos nós que, atoladas de compromissos profissionais e/ou domésticos, não conseguimos aproveitar-enquanto-é-tempo?
Eu reconheço que não é muito fácil acompanhar cada tantinho de coisas que o Davi faz, cada traço numa régua imaginária que marca um momento daquela vidinha, e isso é muito frustrante. Por outro lado, eu sei perfeitamente que, por mais que eu queira, é imposível parar o tempo ou, pelo menos, reduzir sua velocidade. Mas eu tento, sempre, aproveitar-enquanto-é-tempo.
Até porque essa frase dá um friozinho na barriga.... Não dá?